COMISSÕES

CPI ouve sobrevivente do incêndio na Pousada Garoa

  • Oitiva de Testemunhas.
    Reunião ocorreu em uma das salas de comissões, devido à falta de energia elétrica (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)
  • Oitiva de Testemunhas.
    Emerson Casagrande (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

Na manhã desta segunda-feira (7/4), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o caso da Pousada Garoa ouviu o depoimento de Emerson Casagrande, sobrevivente do incêndio no local. A reunião ocorreu em uma das salas de comissões, devido à falta de energia elétrica na Câmara, e foi conduzida pelo presidente da CPI, vereador Pedro Ruas (PSOL).

Casagrande disse ter morado por cerca de um ano e meio na Pousada Garoa, em uma vaga custeada pela assistência social da Prefeitura de Porto Alegre. Ele contou ter acordado com barulhos na noite do incêndio. Disse que então desceu de seu quarto, que ficava no 2º piso do prédio, para o térreo, e tentou sair pela porta principal.

Ele afirmou que a porta do prédio estava trancada, e que ele e outro morador não conseguiram arrombá-la. Disse não ter visto ou ouvido o porteiro, em meio à fumaça e aos gritos dos moradores. Por isso, voltou a subir para o 2º andar. Posteriormente, com a escada tomada pelo fogo, ele saiu do prédio por uma janela e caiu do 2º piso para a rua, quebrando sua perna. 

Casagrande disse que precisou colocar seis pinos na perna por conta da fratura. Informou que, como ele, outros moradores também tiveram quedas, com ferimentos graves. Relatou que não havia saídas de emergência ou qualquer estrutura de proteção contra incêndios, como extintores, na pousada. Disse ainda que não havia fiscalização no local, apenas a presença eventual de assistentes sociais.

Ele contou que ouviu comentários de que o caso teria sido um “ato terrorista”, com o incêndio sendo provocado de forma proposital, mas relatou não conhecer ninguém que viu o suposto criminoso. Também disse não saber a causa do incêndio, especulando que poderia ter ocorrido por conta de uma vela acesa.

Casagrande afirmou que a porta de seu quarto tinha apenas um cadeado, que ele trancava quando deixava o local. A testemunha disse que um porteiro chaveava a porta principal, que ficava fechada durante a madrugada.

Ele afirmou não ter sido contatado por nenhum órgão público após o incêndio. Disse que a assistência social do município lhe prometeu uma visita, que nunca foi realizada. Afirmou que, atualmente, mora em uma pensão na Vila dos Papeleiros e está sem renda fixa, vivendo da venda do jornal Boca de Rua.

Questionado, disse que havia brigas no local, e casos de pessoas que utilizavam os quartos para prostituição. Relatou, ainda, que havia consumo de drogas no interior da pousada, como cigarro, maconha e cachimbos de crack.

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)