COMISSÕES

Cuthab aborda falta de água no Morro da Cruz

  • 6ª Reunião Ordinária discutiu sobre a falta de água no Morro da Cruz e quais são as medidas adotadas pela Prefeitura para enfrentar o desabastecimento
    Reunião foi proposta pelo presidente da Cuthab, vereador Giovani Culau e Coletivo (Foto: Paulo Ronaldo Costa/CMPA)
  • 6ª Reunião Ordinária discutiu sobre a falta de água no Morro da Cruz e quais são as medidas adotadas pela Prefeitura para enfrentar o desabastecimento
    Comissão ouviu Ângela Comunal, presidente da Uampa, e Marco Faccin, diretor do Dmae (Foto: Paulo Ronaldo Costa/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre debateu na manhã desta terça-feira (19/3) os problemas de desabastecimento de água no Morro da Cruz, na zona Leste da Capital. A pauta da reunião foi proposta pelo presidente da Cuthab, vereador Giovani Culau e Coletivo (PCdoB).

Culau destacou que “o problema não é recente" na região e se trata de uma questão "estrutural”. Ele afirmou que o desabastecimento atinge também unidades de saúde e escolas do Morro da Cruz. Em fevereiro, a população ficou uma semana sem água nas torneiras, ressaltou o vereador, que também elogiou a mobilização da comunidade: “A luta pelo direito à água é talvez a luta mais legítima que possa existir”.

Ângela Comunal, presidente da União das Associações de Moradores de Porto Alegre (Uampa) e moradora da região, relembrou que “há dois anos, algumas casas do Morro da Cruz chegaram a ficar 60 dias sem água”. De acordo com ela, “pouca coisa mudou” desde então. À época, o prefeito Sebastião Melo visitou a comunidade e elaborou um decreto para resolver o desabastecimento na zona Leste. Segundo Ângela, foi um “encaminhamento paliativo da situação”.

A Prefeitura disponibilizou caixas d’água, mas, de acordo com Ângela, isso não resolveu a situação, pois a água continuava a não chegar. Ela ressaltou que há dificuldade de acesso dos caminhões pipa em algumas ruas do morro. Foram realizadas obras em parte da região, mas, segundo a presidente da Uampa, ainda “há falta de água em todas as semanas, e a situação às vezes se prolonga por dias”, e o problema demanda soluções estruturais. “Não temos muitas respostas” do poder público sobre a situação de desabastecimento, afirmou Ângela.

Marco Faccin, diretor de desenvolvimento do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), afirmou que a água chega no Morro da Cruz a partir de um sistema de distribuição longo, que começa na estação de Belém Novo. Ele destacou que, com o crescimento da população do Extremo-Sul, foi detectada a necessidade de ampliação da capacidade de abastecimento, e por conta disso a Prefeitura está implementando um novo sistema, com a construção de uma nova estação na Ponta do Arado, próxima à de Belém Novo.

Essa obra irá dobrar a capacidade da estação atual, o que vai melhorar o abastecimento no Morro da Cruz, informou Faccin. “O sistema está sempre no limite e sempre em risco de desabastecimento”, por conta de possíveis problemas como a falta de energia elétrica, ressaltou.

O diretor destacou que a ETA Estação de Tratamento de Água (ETA) Menino Deus, que é a maior da Capital, também atende a região. Ele descreveu o caminho de distribuição da água até chegar no Morro da Cruz e afirmou que se trata de “um sistema muito complexo, com diversos bombeamentos”. Faccin afirmou que uma obra recente melhorou as condições de abastecimento na região e destacou que, também recentemente, o Dmae formalizou a ligação de 300 residências no Morro da Cruz.

Faccin informou que o Dmae está trocando equipamentos em estruturas da região e implementando um sistema de duas bombas, o que deve melhorar o abastecimento. “São ações que a gente consegue fazer em um tempo menor”, ressaltou. “Nossa área operacional tem sido muito proativa em identificar pequenas intervenções e soluções que podem melhorar a situação” da falta de água na região, disse o diretor. Ele afirmou que vai buscar investigar por que áreas que, conforme a medição de pressão da água feita pelo Dmae, deveriam estar sendo abastecidas, não estão recebendo água.

“Só a gente que mora no Morro da Cruz sabe o sofrimento que estamos passando”, afirmou Barbara Santos, da Associação de Mulheres Maria da Glória. Ela descreveu os problemas cotidianos causados pela falta de água e disse: “Não sabemos o que fazer e de quem cobrar. Precisamos de respostas que não estão vindo”.

“Queremos soluções. Caminhão pipa não adianta para nós”, afirmou Lurde Pereira, da mesma entidade. Ela também questionou: “De que adianta uma caixa d’água sem água?” Any Moraes, moradora do Morro da Cruz, falou em “descaso e falta de prioridade” do Executivo municipal em relação ao problema de falta de água.

Encaminhamentos

O vereador Pablo Melo (MDB) se disponibilizou a intermediar a entrega de um ofício da Uampa solicitando esclarecimentos formais da Prefeitura sobre os problemas da região. Giovani Culau disse compreender a falta de paciência dos moradores e propôs uma série de encaminhamentos. Ele sugeriu que a Cuthab envie dois pedidos de informação para a Prefeitura, solicitando um balanço sobre as ações tomadas pela atual gestão, como a distribuição de caixas d'água, e que o Executivo informe a situação financeira do Dmae, esclarecendo quanto dinheiro o departamento tem disponível em caixa.

O presidente da comissão também sugeriu um pedido de providências para garantir o abastecimento na Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz; uma visita da comissão ao Dmae com representações da comunidade para apurar a situação de moradores que não foram contemplados com as obras já realizadas na região; e que o Dmae informe quais seriam as obras definitivas no sistema do Menino Deus que seriam necessárias para normalizar o abastecimento no Morro da Cruz.

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)