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Cuthab debate situação atual da Carris

  • Reunião para debater sobre a situação da Empresa Carris.
    Ana Pellini apresentou estudo sobre a Carris e explicou as possíveis formas de desestatização da empresa (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Reunião para debater sobre a situação da Empresa Carris.
    Sandro Abbade afirmou que privatizar a Carris não resolve os problemas do transporte público na Capital (Foto: Martha Izabel/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre se reuniu nesta terça-feira (3/8) para dar continuidade à pauta sobre a situação da empresa Carris no transporte público da Capital. A reunião foi conduzida pelo vereador Cassiá Carpes (PP), que preside a comissão. A secretária municipal de Parcerias, Ana Pellini, apresentou um estudo sobre a Companhia, destacando os custos e suas consequências para a empresa, a realidade funcional e as formas de desestatização. Segundo os dados apresentados de 2019, a Carris teve um gasto anual de R$ 177,4 milhões e arrecadou R$154,3 milhões. "O poder público tem que aportar dinheiro dos impostos para cobrir esse prejuízo. Como tem um custo mais alto, eleva a média, e o preço da passagem fica mais alto. Serão necessários R$ 60 milhões para 2021 de aporte para cobrir as despesas",  comentou.

 

Gastos com combustível e com pessoal são, de acordo com os dados, os maiores. A secretária terminou a explanação destacando o papel do poder público nesta questão e que, se uma empresa privada pode fazer este serviço com qualidade melhor e custo inferior, este fator deve ser levado em consideração. "Temos que utilizar aquilo que se arrecada nas prioridades, como saúde, educação e infraestrutura. Temos que fazer escolhas, e não há como ampliar a base tributária."

 

Mauricio Gomes da Cunha, presidente da Carris, parabenizou o trabalho da secretária e destacou que estão trabalhando pelo melhor da Companhia. "É importante enxergamos como está a empresa em relação ao setor privado - que também passa por uma crise grande. Na Carris não é diferente, mas um pouco pior. O passivo trabalhista, a folha mensal muito grande e o alto absenteísmo são alguns dos principais problemas", comentou. Disse ainda que hoje está solucionando um aporte ao prefeito para pagar o salário do mês de julho. "Nosso trabalho do portão para dentro é buscar atingirmos um balanço, no final do ano, que permita dizer ao prefeito que solicitamos menos aportes", acrescentou.

 

"Eu acredito que é preciso manter a Carris pública", afirmou o vereador Roberto Robaina (PSOL). Ele destacou que a fala da secretária Ana Pellini foi baseada em custos, mas que também é preciso discutir a qualidade e a viabilidade da Carris. "Reforçando a ideia da privatização, ela abstrai a realidade. A discussão precisa ser mais profunda e mais rica. A qualidade do atendimento faz ter um custo maior. Se o sistema privado não tivesse necessitando de subsídios, eu concordaria", completou.

 

A vereadora Karen Santos (PSOL) salientou: "Para nós, hoje, debater a privatização não se sustenta". Ela afirmou que há um banco de dados com reclamações dos usuários, que está sendo acompanhado pelo Ministério Público, para mostrar que o baixo padrão de qualidade que as empresas privadas oferecem para a população está sendo oneroso. "Para a população, infelizmente, não faz diferença. Nosso papel é sermos balizadores da qualidade para o usuário e também para os trabalhadores. Porque uma empresa de 149 anos passou a dar prejuizo nos últimos dez anos? Por que deixou de ser competitiva? Se der lucro, melhor. Se não der, é um direito constitucional", falou a vereadora.

 

"Como trabalhador há 24 anos na Carris, conheço um pouco e entendo também o transporte público. Sou contra a privatização e tenho certeza que privatizar não resolve o problema do transporte público. Sei das dificuldades, mas entendo que há detalhes que precisamos destacar. Gasto com pneu e combustível, por exemplo, são muito altos", salientou o presidente do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (STETPOA), Sandro Abbade.

 

O representante dos trabalhadores da Carris, Marcelo Weber, disse que estão trabalhando para ter uma redução significativa nas questões de faltas e afastamentos para a Carris se sustentar. "Tem um consumo maior de diesel pela qualidade da frota, que tem 90% com ar condicionado, e também tem linhas transversais, que é mais longa e o consumo mais alto. Além disso, nosso salário é baseado no dissídio coletivo de Porto Alegre", informou.

 

Os vereadores Hamilton Sossmeier, Pablo Melo (MDB) e Bruna Rodrigues (PCdoB) também estavam presentes no encontro, além de outrtos representantes dos funcionários da Carris.

Texto

Grazielle Araujo (reg.prof. 12855)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:transporte coletivoônibusprivatizaçãodesestatizaçãoCarris