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Cuthab debate viabilidade de nova linha do aeromóvel

Ribeiro, do Executivo, disse que não há prazo para implantação do metrô Foto: Leonardo Contursi
Ribeiro, do Executivo, disse que não há prazo para implantação do metrô Foto: Leonardo Contursi (Foto: Leonardo Contursi)
A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab), da Câmara Municipal de Porto Alegre, promoveu, nesta terça-feira (8/12), um debate sobre a viabilidade de uma segunda linha do aeromóvel na Capital, com a presença de dois convidados: o engenheiro Luiz Cláudio Ribeiro, coordenador técnico de Projetos da EPTC e integrante do MetrôPoA, e o engenheiro Sidemar Francisco da Silva, gerente do Centro de Desenvolvimento Operacional Aplicado-Tecnologia Aeromóvel da Trensurb. Ribeiro disse que o Município tem estudos para a implantação de novos modais de transporte coletivo, mas assinalou que o metrô, no eixo da Avenida Assis Brasil, tem prioridade sobre o aeromóvel. Mesmo assim, como atestou, o Executivo ainda não pode prever quando a cidade terá seu metrô.

O presidente da Cuthab, vereador Engenheiro Comassetto (PT), lembrou que um estudo sobre a implantação de veículos leves sobre trilho em Porto Alegre foi elaborado pela Trensurb e entregue ao Município por meio de convênio entre a prefeitura e a empresa do governo federal. “Foi um estudo que nasceu do trabalho da Frente Parlamentar de Mobilidade Urbana da Câmara Municipal”, garantiu. Segundo o vereador, a Frente promoveu diversos encontros com entidades e órgãos, resultando na assinatura de um termo de cooperação entre o Executivo e a Trensurb. Agora, na sua opinião, mesmo que não seja prioridade do Executivo, o tema precisa ser discutido, por se tratar de um modal não-poluente e de fácil integração com os demais.

Zona Sul

Luiz Cláudio Ribeiro exibiu em tela o Estudo de Demanda do Aeromóvel para Porto Alegre, pelo qual uma eventual futura linha desse tipo de trem seria em direção à Zona Sul, saindo do Centro, passando pela orla, pela Avenida Padre Cacique e pelo Cristal até a Avenida Juca Batista. “Há viabilidade para outro eixo em potencial, que seria a derivação dessa linha para a Avenida Ipiranga até a Azenha”, acrescentou, demonstrando que propostas de traçado existem.

Segundo Ribeiro, na questão do aeromóvel, são avaliados itens como: a concorrência de demanda em relação a outros modais; a interferência sobre a rede elétrica e a vegetação; o impacto urbanístico; a compatibilização com os projetos Cais do Porto e Orla; e o aproveitamento de trecho existente. Porém, a origem dos recursos de implantação e manutenção é o item mais problemático. “Mas podemos avançar na fase de discussão dos projetos, para depois ver essas questões”, afirmou. De acordo com ele, haveria alta demanda de passageiros para a Zona Sul, e a tarifa do aeromóvel equivaleria à de uma lotação. Somente de ônibus passam pelo eixo da Padre Cacique cerca de 6 mil passageiros por hora nos momentos de pico, ou 75 mil pessoas por dia. “Fora quem anda de carro, de bicicleta e a pé”, acrescentou. 

Metrô da Capital

Sobre o metrô, Ribeiro lembrou que, recentemente, o prefeito José Fortunati informou que não seria possível precisar uma data para começar a tirar o projeto do papel, devido a dificuldades de obter todos recursos e a fatores como a atual crise econômica e a priorização de conclusão de outras obras. Como frisou o engenheiro da EPTC, o custo estimado para o metrô seria de R$ 3,5 bilhões, oriundos da União, do Estado, do Município e a fundo perdido. Estaria faltando a parcela do Estado, correspondente a cerca de 30% do total.

Linha do Aeroporto

Sidemar Francisco da Silva, da Trensurb, contou que a Linha Aeroporto do Aeromóvel, com 1.014 metros de extensão, está funcionando muito bem, com consumo de energia baixo - de apenas R$ 0,10 por passageiro, contra R$ 0,55 per capita no metrô. A linha tem capacidade de 300 passageiros por viagem, que dura até dois minutos, e, devido à tecnologia empregada, não polui e tem custos de operação mais reduzidos em relação aos outros modais. 

Segundo ele, o custo de investimento na linha foi de R$ 38 milhões. Como atestou, o aeromóvel é um tipo de transporte que se insere muito bem em locais onde não se pode instalar trens maiores. “A linha demonstrou que o conceito do modal funciona e está totalmente aprovado”, afirmou. Sidemar também disse que Canoas terá sua linha de aeromóvel, com recursos do PAC Médias Cidades, ao custo de R$ 400 milhões. “Canoas já contratou e vai implantar”, enfatizou. Na sua opinião, Porto Alegre tem que torcer para que outras linhas do aeromóvel deem certo.

Captação de recursos      

Como encaminhamentos, o vereador Comassetto sugeriu que o tema seja levado à discussão na temática de Mobilidade Urbana, do Fórum Social Mundial, que ocorrerá de 19 a 26 de janeiro em Porto Alegre. Nesse período, como propôs, poderia ser realizada uma visita à Linha Aeroporto do aeromóvel. Também sugeriu que seja criado um colegiado para captar recursos visando à viabilização do aeromóvel na Capital. 

Também participaram da reunião a vereadora Séfora Gomes Mota (PRB), vice-presidente da Cuthab, e o vereador Delegado Cleiton (PDT), além do vereador suplente Antonio Matos (PT).


Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)