Democracia está em risco, diz presidente Krischke
Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos alerta para sociedade estar atenta
Uma plateia atenta, composta por lideranças políticas, sindicais, associativos e de movimentos sociais ouviu com atenção a palestra sobre a Legalidade, proferida pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, na sessão solene realizada na Câmara Municipal de Porto Alegre, na tarde desta terça-feira (22/08/2023). Proposta pelo vereador Pedro Ruas, líder do Psol naquela Casa Legislativa, a sessão solene prestou homenagem à Legalidade, movimento cívico liderado por Leonel Brizola para garantir a Carta Constitucional em 1961.
Pedro Ruas abriu os trabalhos destacando que Porto Alegre a capital desse que foi o maior movimento cívico brasileiro, em favor da democracia, não tenha uma referência, uma homenagem à altura do feito. “Nomeamos, através de projeto de lei aprovado por esta Câmara, a Avenida da Legalidade e da Democracia, visto que o nome daquela avenida, Castelo Branco, não passou pelo Legislativo. Mas lamentavelmente o Judiciário aceitou uma demanda entendendo que os moradores da avenida não foram ouvidos para a mudança de nome. Ora, não existem moradores naquela via de acesso à Capital. Não havia a quem perguntar, a quem ouvir sobre o projeto”, concluiu.
O vereador também lembrou que desde 2022 lei de sua autoria determina a realização de sessão solene em homenagem ao Movimento, sempre na segunda quinzena de agosto. Na sequência Ruas passou a palavra ao palestrante enfatizando as ações do mesmo. “Jair Krischke, esse grande lutador que está entre nós, foi perseguido mas nunca deixou de apoiar uma demanda em favor da vida de alguém. Mais de duas mil pessoas foram salvas por ele, algumas conheço pessoalmente”, disse. Ruas enfatizou, ainda, que “Jair é um símbolo estadual, nacional e internacional, que luta pelos direitos humanos”. Informou que “Esse guerreiro foi convidado a ir à Italia prestar um depoimento sobre a ditadura militar no Brasil”.
Jair Krischke contou que tinha 22 anos quando a Legalidade aconteceu. “Veja Ruas, tu tinhas 5 anos e eu 22. E estamos aqui em sintonia debatendo esse que sem dúvida foi um dos mais significativos movimentos em favor da democracia no Brasil. Democracia essa que está em risco”. Em seguida o ativista social pediu licença aos presentes para homenagear a filha Cristina, já falecida, mas que completaria 62 anos no dia 22. “Essa filha querida nos ajudou a salvar muitas pessoas na fronteira com a Argentina, morava em São Borja”, contou emocionado, sendo aplaudido pela plateia. Em seguida o líder começou sua fala, afirmando que a trama que culminou com a Legalidade em 1961 e, depois, com o Golpe Militar de 1964, foi urdida desde julho de 1953, quando Getúlio Vargas nomeou João Goulart para o Ministério do Trabalho. “Jango não conhecia nada do mundo do trabalho, mas era um ser humano obstinado, que buscava saber mais. Chamou todos os sindicatos e ouviu todas as queixas, os problemas. Sua primeira medida foi preparar um aumento de 100% no valor do salário mínimo. Nesse momento começou a urdidura, contra o governo e Jango, que foi tolhida pela Legalidade, mas que venceu em 1964”. Na avaliação do ativista pelos direitos humanos, é necessário muita atenção, pois os eventos que ocorreram no Brasil, recentemente, mostram que ainda existem muitos riscos à democracia brasileira. “Não esqueçamos que o ato de 8 de janeiro, foi mais uma demonstração de que o Exército não queria a posse de Lula. Precisamos estar muito atentos”, disse
Entre as representações que prestigiaram a sessão solene figuram os jornalistas Batista Filho, Glei Soares e Paulo Eduardo, da Associação Riograndense de Imprensa (ARI); Felipe Tavares, do Movimento Negro Unificado; Sérgio Bittencourt, da Associação dos Presos e Perseguidos Políticos do RS; o ex-prefeito de Porto Alegre e ex-deputado federal, José Fortunati entre outras lideranças. Veja a sessão no endereço abaixo.
https://www.youtube.com/watch?v=Cz12O9ImhLA&list=TLPQMjMwODIwMjOrkniVIeT_rw&index=3