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Diabetes: ICD aponta necessidade de qualificar liberação de insumos para crianças

Atendimento do Instituto foi discutido nesta terça-feira na Cosmam

Reunião esclarece atendimento realizado pelo Instituto da Criança com Diabetes. Ao microfone, a médica endocrinologista do ICD, Adriana Fornari.
Adriana Fornari, do ICD, falou na reunião sobre o atendimento prestado pelo instituto (Foto: Martha Izabel/CMPA)

A recorrente falta de insumos na rede básica de atendimento em saúde, como seringas, glicosímetros, tiras reagentes e insulinas NPH Humana (100 UI/mL) e Regular Humana (100 UI/mL), foi o principal problema levantado pela médica endocrinologista Adriana Fornari sobre o trabalho realizado pelo Instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul (ICD/RS). De acordo com ela, nestes casos a instituição busca dar o suporte necessário aos portadores da doença para que o tratamento não sofra perda de continuidade. A situação foi discutida na manhã desta terça-feira (10/3) em reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Muncipal de Porto Alegre, por sugestão da vereadora Cláudia Araújo (PSD).

No encontro, presidido pelo vereador José Freitas (Republicanos), a médica ainda reclamou que as seringas encaminhadas pelo poder público não são as mais adequadas. “As agulhas são grandes demais, machucam as crianças, e reduzem a aceitação ao tratamento”, explicou. Adriana também ressaltou que o aporte de insumos feito pelo ICD se dá por curto espaço de tempo, até que seja reestabelecida distribuição pela rede básica aos pacientes.

Diagnósticos

Dos casos atendidos pelo ICD, como explicou a médica, 51% são do sexo masculino e 49% do feminino; sendo que 90% são do Tipo 2, menos agressivo, “de difícil diagnóstico por serem, em geral, silenciosos e assintomáticos”, e 10% do Tipo 1, a maior preocupação do ICD. “Ele, normalmente, surge de forma abrupta, já com aparecimento de sintomas como o cansaço e o aumento da frequência urinária".

Adriana Fornari lembrou que ao longo do trabalho realizado pelo ICD houve uma redução de 93,5% dos casos de internação, o que, conforme salientou, é uma ação que permite reduzir em muito os gastos em saúde, pois evita a internação. “O diagnóstico precoce e o tratamento ainda na fase inicial garantem uma vida normal e evita os danos causados pelo agravamento da doença, no Tipo 1, que podem levar à cegueira, falência dos rins e a amputação de membros, principalmente inferiores”.

Presente à reunião, Lívia Mastela, gerente da Atenção Especializada da Secretaria Municipal da Saúde, afirmou que a rede básica tem condições de realizar o atendimento e o encaminhamento dos casos mais graves para os hospitais referências em um prazo médio de 15 dias, a partir do diagnóstico. Ela contudo, reconheceu que não há insumos nas quantidades ideais, mas disse que esse problema vem sendo reduzido gradualmente por meio da informatização do sistema, que também já atende a regulação de consultas, desde o clínico, passando pelo endócrino, farmacêutico e nutricionista. Lívia lembrou ainda que tem à disposição cerca de 10 encaminhamentos/mês para o ICD, que são utilizados em casos mais urgentes, mas que eles, em geral, sobram.

Corrida

Em 2019 o ICD realizou em sua sede, localizada junto ao Hospital Conceição na Zona Norte da Capital, 19.097 mil consultas ambulatoriais, 2.973 consultas no hospital dia e 1.001 atendimentos por telefone no sistema HotLine - uma linha criada para dar orientações sobre procedimentos que podem evitar o risco de baixa hospitalar para aqueles pacientes que já estão em tratamento. O ICD tem como faixa etária para pacientes entre zero a 20 anos e 11 meses. “Mas não temos limite para porta de saída, com doentes que seguem em acompanhamento em idades mais avançadas”, ressaltou Adriana Fornari, que ainda lembrou que o atendimento é feito 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para se manter o ICD, que foi fundado em agosto de 1998, realiza eventos como a já tradicional Corrida Para Vencer o Diabetes, que está terá a sua 22 edição no próximo dia 24 de maio. Também promove bazar, recebe trabalho voluntário, verbas parlamentares e participa de editais públicos e privados. O Hospital foi construído entre os anos 2000 e 2004, em parceria com o grupo GHC, que doou o terreno, assim como o seu funcionamento segue nessa linha, com o Conceição responsável pelos recursos humanos e a entidade pela manutenção da sede e o aporte de recursos para insumos não disponíveis no SUS.

Para conhecer mais sobre o trabalho do ICD basta acessar o site https://www.icdrs.org.br/ ou procurar a entidade nas redes sociais (Facebook, Instagram e YouTube).

Leis      

Participaram do encontro os vereadores Aldacir Olibini (PT) e Paulo Brum (PTB), assim como a promotora pública Denise Casanova Vilella que destacou a existência de leis, como a 13.257, que estabelece princípios e diretrizes para a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância, e a 8.069, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente e contemplam garantias no atendimento em saúde desse segmento.

Texto

Milton Gerson (reg.prof. 6539)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)