Cosmam

Diagnóstico precoce e informação são premissas contra câncer de mama

  • Reunião sobre o Outubro Rosa. Na foto, psicóloga Zélia Bedin
    Para Zeila Bedin, que teve câncer de mama, "melhor terapia é aceitação, amor e acolhimento incondicional" (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Reunião sobre o Outubro Rosa. Na foto, Samsara Nyaya, do Imama
    Samsara Nyaya destacou que Imama faz trabalho de acolhimento às mulheres com câncer de mama há 48 anos (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, nesta quinta-feira (7/10) à tarde, reunião para tratar sobre políticas, assistência e conscientização no Outubro Rosa. Ao longo da reunião, pacientes que tiveram câncer de mama compartilharam experiências de vida, momentos marcantes desde o diagnóstico até a cura e destacaram a importância da informação para a conscientização e a necessidade do diagnóstico precoce. O presidente da Cosmam, vereador Jessé Sangalli (Cidadania), comentou que sugerirá uma audiência pública para que os vereadores e a sociedade tenham acesso e conhecimento aos projetos que as entidades e instituições da área da saúde têm para que possam buscar recursos via emendas impositivas. A Cosmam fará uma solicitação para que o Executivo crie um centro de referência em mastologia.

 

Uma das vereadoras proponentes do tema, vereadora Psicóloga Tanise Sabino (PTB), deu início ao encontro destacando que a campanha do Outubro Rosa tem como propósito compartilhar informações e também conscientizar sobre o câncer de mama. "Nos últimos anos, ficamos focados na pandemia, mas é importante olharmos para outras doenças. Sabemos que o câncer de mama pode estar relacionado com diferentes fatores, mas chama a atenção que 13% dos casos no Brasil poderiam ser evitados pela redução de fatores de risco relacionados ao estilo de vida". Alimentação adequada e atividade física são os principais fatores de proteção. Outra reflexão trazida pela parlamentar foi sobre a autoestima e a saúde mental das mulheres submetidas à cirurgia de mastectomia. No fechamento do encontro, agradeceu todos que estão empenhados na mesma causa e da importância da saúde primária.

 

A vereadora Cláudia Araújo (PSD), também proponente da pauta, lembrou que o cuidado deve prevalecer em todos os meses do ano, citando dados sobre o tema. "Conforme o painel de oncologia do Ministério da Saúde, o número de casos diagnosticados caiu 59% no RS, comparando ao ano passado, e o de mamografias reduziu mais de 40%. Sabemos o que representa, que está represado e precisamos trabalhar isso", contou. Acrescentou ainda que fez uma indicação para que todas as mulheres que tenham consulta médica agendada saiam com agendamento para a mamografia. "Você observa suas mamas? Marcou seus exames anuais? Conhece os seus riscos? São perguntas que devemos todas fazer", disse a vereadora. Ao final do encontro, falou ainda sobre a campanha que estão fazendo com adesivos "Ei, garota, se toca!", relembrando que as mulheres precisam se tocar.

 

A psicóloga Zeila Bedin salientou que, quando falam dos outros, tratam do ser humano de forma integral. "São nos momentos dos diagnósticos que as pessoas se perguntam: 'Por que eu?' Quando as pessoas nos procuram, descobrimos que o primeiro sentimento é muito solitário, em que a pessoa se volta para dentro de si e tem dificuldade de encarar os fatos. A descoberta e o enfrentamento são os dois primeiros e piores momentos." Ela destacou que é preciso cuidado sobre como cada pessoa vai se comportar diante da situação. "Pode ser como coadjuvante ou protagonista, tu é o dono da situação! Quem sou, onde estou e para onde vou? São perguntas que devem ser respondidas por cada uma. A melhor terapia é a aceitação, o amor e o acolhimento incondicional", completou. Finalizou sua fala contando que foi protagonista da sua história, que teve câncer de mama e hoje está curada e bem consigo mesma.

 

A professora e voluntária da ONG Camaleão, Aline Geneves, falou da importância da política social para a conscientização. "Para ex-pacientes oncológicos como eu, falar sobre o Outubro Rosa e sobre o câncer de mama é um acolhimento. É uma cura dia a dia. A ONG trabalha a autoestima com todos os pacientes oncológicos onde descobrimos juntas, com outras mulheres, que sempre há esperança. Quero reforçar o quanto o amparo é importante", confessou.

 

A mastologista do Hospital Moinhos de Vento, Michela Marczyk, destacou o diagnóstico precoce e o quanto é importante para o tratamento e a cura. "Vale ressaltar que precisamos investir em disponibilizar biópsias, análises de qualidade e estudos". A médica informou ainda que o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) está recebendo doações de perucas, mechas de cabelo e alimentos não-perecíveis durante todo o mês de outubro na sede do Simers (Rua Coronel Corte Real, 975), na sede da Amrigs (Avenida Ipiranga, 5311), no gabinete da vereadora Fernanda Barth e no gabinete da primeira-dama de Porto Alegre.

 

A médica Andrea Damin, que atua no Hospital de Clínicas, falou que a instituição atende uma média de 250 pacientes por ano. "No SUS, em Porto Alegre, 42% das pacientes têm menos de 50 anos e devem ser incluídas em exames de rastreamento". Ressaltou ainda a dificuldade de exames de ecografia mamária, que complementam o diagnóstico e, com a falta, atrasam o diagnóstico em até dois anos.

 

A gestora do Imama, Samsara Nyaya, disse que o trabalho de acolhimento às pacientes é feito há 48 anos. "Nosso ano é inteiro rosa, dedicado ao câncer de mama. E vemos aumentar a incidência de casos e diminuir cada vez mais a idade. Precisamos partir para a ação para resolver a barreira maior de muitas mulheres, que é o acesso ao exame", observou.

 

Executivo

 

Representando a direção da Atenção Primária em Saúde e o Departamento da Saúde da Mulher da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Rosa Vilarino disse concordar com todas as colocações feitas na reunião e explicou como a rede funciona internamente. "Entendemos que temos problemas de acesso, por vezes da usuária para conseguir chegar na unidade de saúde. Hoje temos sobra de exames de mamografias e também aqueles agendados e que a paciente não comparece. Sabemos que são pontos difíceis de superar e, por isso, é importante a ajuda de todos nesse processo de informação", explicou.

 

Sobre a dificuldade pontuada pelos participantes quanto ao acesso à ecografia mamária, disse que já estão trabalhando para uma oferta maior do exame para que possam vencer a fila de espera. "As mamografias que têm resultado alterado já são logo encaminhadas às agendas dentro dos grandes hospitais. A agenda Oncomama não tem fila de espera, e as consultas conseguem ser marcadas para a semana seguinte. Também compartilhou que, a partir da próxima semana, um projeto piloto oportunizará agendamento da mamografia de rastreamento pelo whatsapp, como mais uma forma de oportunizar o acesso.

 

A vereadora Cláudia Araújo contestou a informação, afirmando que há dificuldade de encaminhamento para consultas com ginecologistas, além de sugerir a criação de um centro de referência em mastologia. "Não tem fila porque não tem encaminhamento de forma rápida como deveria ser", enfatizou.

 

A orientação do Executivo, de acordo com Rosa, é de que as pacientes não precisam passar por consulta com ginecologistas para o início deste processo. "Como há rastreamento em forma de protocolos, uma consulta com a enfermagem é suficiente. Talvez a gente precise saber, pontualmente, quais as unidades estão agindo desta forma para identificarmos o que está emperrando", esclareceu.

 

O diretor do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas, Cincinato Fernandes Neto, informou que estão sendo comprados novos equipamentos para contribuir com o andamento dos exames de diagnóstico. "Com a aquisição de um mamógrafo digital, damos seguimento às ações da Secretaria." O médico informou que há um acordo com o Hospital de Clínicas sobre atendimentos para reconstrução de mamas.

Texto

Grazielle Araujo (reg. prof. 12855)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:Imamamastectomiamatologiacâncer de mamaprecocediagnóstico