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Em três anos, câncer será a principal causa de mortes em Porto Alegre

Alerta partiu do secretário municipal da Saúde durante audiência pública na Câmara Municipal

Audiência Pública para apresentação do Relatório de Gestão da Saúde do 2º Quadrimestre de 2018. Na foto, o secretário municipal da Saúde, Erno Harzheim, ao microfone.
Erno Harzheim (e) mostrou dados da saúde na Capital (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

O câncer será a doença que mais irá matar em Porto Alegre dentro de no máximo três anos. A afirmação é do secretário da Saúde Municipal, Erno Harzheim, em audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), nesta terça-feira (25/9). Segundo ele, como as enfermidades cardiovasculares, campeãs de óbitos na cidade, estão em decréscimo por conta do avanço da medicina nesta área, em 36 meses os tumores malignos ocuparão a ponta da estatística. Questões ambientais e de estilo de vida também poderão influenciar o crescimento dos casos.

 “Porto Alegre não produz notificação de incidência de câncer. Temos de nos preparar para enfrentar o problema. Santa Catarina aqui do lado é único estado brasileiro que notifica os novos casos de câncer. Talvez tenhamos de conversar com eles”, adiantou Harzheim.

Na audiência, o chefe da pasta da Saúde também prestou contas de sua gestão no primeiro quadrimestre de 2018. Participaram da reunião, o presidente da Cosmam, vereador Cassio Trogildo (PTB), o vereador José Freitas (PRB) e a presidente da Comissão de Saúde da OAB/RS, Gabriela Freitas.

Foram gastos, nos quatro primeiros meses, R$ 484 milhões com a saúde do cidadão de Porto Alegre. Desse valor, R$ 480 milhões entraram pelos repasses via SUS. O Executivo aportou R$ 4 milhões para completar a despesa. Até o final do ano, o orçamento da Secretaria Municipal da Saúde deverá responder por despesas na casa de R$ 1,7 bilhão.

De acordo com o secretário, no máximo em três anos a simplificação do organograma da pasta terá surtido o efeito almejado. Ele destacou que a reestruturação vem ocorrendo com 100% do pessoal do quadro estatutário, sem produção de despesas extras com recursos humanos. Comentou a implantação da residência em medicina de família e comunidade.  Disse que o status de regulação de leitos atingiu padrão de excelência e continuará sendo aperfeiçoado. Garantiu que Porto Alegre não tem mais déficit de leitos em conformidade com os padrões da Organização Mundial da Saúde. 

Plantões

O atendimento em UBS até 22h alcançou três unidades, a São Carlos, zona leste, a do Centro de Saúde Modelo, da João Pessoa, e mais recentemente, na zona sul, com a remodelagem do posto de saúde da Tristeza. Para o secretário, em três meses será anunciado o mesmo sistema de atendimento na zona norte até que se atinja a meta de oito postos de horário estendido, o que deverá ocorrer até o final da sua gestão.

Estão ainda em implantação quatro CAPS para tratamento de dependentes químicos. O estoque de medicamentos nos postos está em 100% e totalmente informatizado. “A falta de medicamentos nos postos de entrega já não é mais um problema”, garantiu Harzheim. 

Gargalos

No entendimento do secretário da Saúde, existem ainda diversos problemas sem solução, alguns minimizados. Melhorar as consultas especializadas é um desafio. Em ortopedia, por exemplo, houve um aumento de 600 consultas para mil por mês. Entretanto, 20 mil estão na fila por uma consulta traumatológica. A atenção primária precisaria de mais dez médicos, uma vez que das 262 equipes, 252 mantêm um profissional da área. 

A ampliação do número de UPAs depende de parcerias público-privadas. Na avaliação de Harzheim, a rede de prédios é antiga e ultrapassada, porém os recursos disponíveis permitem melhorias, como vem ocorrendo na unidade da Maria da Conceição e na Lomba do Pinheiro, essa última em fase de acabamento.

Com relação aos exames, são 45 mil ofertados para uma demanda de 90 mil e o município terá de resolver a equação, reconheceu. Por último, o Samu está atendendo com 71 equipes porque faltam motoristas para completar as 100 equipes. Neste caso, uma solução jurídica já foi anunciada e as 29 unidades paradas voltarão a operar nos próximos meses com 13 ambulâncias novas. 

Considerações finais

Coube ao presidente da Cosmam encerrar a audiência. Trogildo elogiou a metodologia de gestão do atual secretário que, apesar da crise econômica, conseguiu promover melhoras significativas nos indicadores do atendimento em saúde pública no município. Conforme o vereador, em quatro meses o secretário promoveu inúmeras melhorias desde a gestão até aponta do atendimento à população, “o que merece o nosso elogio pelo esforço e dedicação dele e da sua equipe”, completou Trogildo.

Texto: Fernando Cibelli de Castro (reg. prof. 6881)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)