IMPEACHMENT

Empresária do setor de turismo conclui depoimento

Marta Rossi respondeu questionamentos sobre a atuação de Porto Alegre no turismo de negócios e eventos

  • Depoimento da sra. Marta Rossi, testemunha do Prefeito Nelson Marchezan Júnior. Ao microfone, Marta Rossi.
    Marta Rossi falou sobre turismo de negócios (Foto: Martha Izabel/CMPA)
  • Depoimento da sra. Marta Rossi, testemunha do Prefeito Nelson Marchezan Júnior. Na foto,  advogado do prefeito, Dr. Roger Fischer e vereadores Alvoni Medina, Hamilton Sossmeier e Ramiro Rosário.
    Comissão processante ouviu empresária nesta quinta de forma presencial (Foto: Martha Izabel/CMPA)

A comissão processante que analisa o pedido de impeachment do prefeito Nelson Marchezan Júnior concluiu nesta quinta-feira (15/10) a oitiva da empresária Marta Rossi, arrolada como testemunha de defesa no processo. O depoimento havia iniciado no último dia 13, mas foi suspenso por falhas na conexão de internet e transferido para hoje, de forma presencial. A reunião foi coordenada pelo presidente da comissão, vereador Hamilton Sossmeier (PTB).

Questionada pelo vereador Alvoni Medina (Republicanos), relator do processo, a empresária do ramo de organização de eventos respondeu às perguntas já realizadas na oitiva suspensa e outras mais sobre a importância do turismo de negócios e eventos e a participação da Capital neste mercado. Indagada acerca do aumento na ocupação de hotéis em Porto Alegre após a licitação da PPP da iluminação pública, no segundo semestre de 2019, Marta Rossi disse que a cidade “estava com um dos melhores índices de ocupação de todos os tempos em 2019” e que é certificada como Cidade Nível A pelo Ministério do Turismo em virtude do fluxo turístico e capacidade de atendimento.
 

Respondendo a outro questionamento do relator, afirmou que Porto Alegre pode ser considerada uma cidade fim para congressos, eventos e convenções de abrangência nacional e internacional, muito pela proximidade com os países vizinhos. “Só não compete com São Paulo porque ainda não tem a mesma estrutura, precisaria urgente de um centro de convenções”, acrescentou. Sobre a ocorrência de grandes eventos na cidade entre janeiro de 2019 até março de 2020, citou o 70º Congresso Brasileiro de Cardiologia e o Encontro Brasil-Alemanha, organizado pela Fiergs. Com relação às estruturas existentes na cidade que possibilitam a realização dessas atividades, citou a prórpia Fiergs e os espaços da rede hoteleira.

Citando notícia veiculada no Jornal do Comércio dia 1º de setembro de 2020, onde o presidente da Associação Comercial de Porto Alegre teria informado que a prefeitura perdeu R$ 60 milhões ofertados pelo governo federal para a construção de um centro de eventos para a cidade, Medina perguntou se a depoente acreditava que este fato tenha representado grande perda para a cidade. Marta Rossi disse acreditar que não, tendo em vista que o valor não seria o suficiente para a construção de um grande centro de eventos, mas que a ausência de um espaço como esse dificulta a atração de congressos, feiras e outros eventos na cidade.

O relator ainda questionou se o aumento nos acessos ao site da prefeitura pode ser considerado turismo de negócios, ao que a empresária respondeu afirmativamente. “Hoje todas as formas de comunicação são fundamentais para a formação de opinião do mercado”, afirmou.

Resgatando as alegações apresentadas no pedido que deu origem ao processo de impeachment, o advogado de defesa do prefeito, Roger Fischer, pediu que a depoente opinasse sobre a limitação da publicidade de turismo para o município. Marta destacou que a publicidade é “essencial em todos os sentidos para vender um destino, seja turismo médico, empresarial ou outro”. Ela também concordou que a publicidade veiculada pela prefeitura pode ser considerada como incentivo ao turismo de negócios.

Fischer ainda questionou se a construção de novos empreendimentos hoteleiros também é consequência das publicidades sobre as reformas para melhorar o ambiente de negócios, ao que a empresária respondeu positivamente. sobre os impactos do turismo de negócios em renda, aumento de receita e emprego, ela disse não saber precisar os números, mas que um em cada dez empregos no mundo advém do turismo e que Porto Alegre recebeu quase 6 milhões de visitantes em 2019.

O advogado também indagou se a empresária concorda com a expressão “visão míope” para os que entendem que a prefeitura não deve fazer publicidade de turismo de negócios fora dos seus limites. “Não usaria essa expressão, mas diria: nós temos que pensar grande, temos que pensar empresarialmente o turismo”, afirmou Marta. Com relação à publicidade para promoção do turismo realizada por outros municípios, ela disse que costumam ser veiculadas peças publicitárias dentro e fora das cidades.

O vereador Ramiro Rosário (PSDB), membro da comissão, questionou se o Rio de Janeiro tem enfrentado dificuldade no turismo devido às notícias de desordem administrativa e de violência e se Porto Alegre melhorou sua imagem no setor após a ruptura com manchetes negativas referentes a casos de corrupção em órgãos municipais. A empresária disse que o Rio enfrenta grandes problemas hoje no turismo, inclusive com comprometimento para o Brasil. Sobre Porto Alegre, disse que a imagem que a cidade vende não é de corrupção. “A imagem negativa que se tinha antes era de violência, mas Porto Alegre saiu das páginas policiais”, falou, explicando que parece haver um deslocamento da violência para o interior. 

A próxima oitiva da comissão processante será a do deputado federal Eduardo Luiz Barros Barbosa, realizada via internet, com transmissão pela TV Câmara, às 17h30 de sexta-feira (16/10). Os parlamentares têm o prazo de 90 dias para o encerramento do processo, aberto em 11 de agosto, com a notificação de Marchezan.

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)