COMISSÕES

Entidades cobram ações para descentralizar a cultura

Recursos para a Semana do Hip Hop e oficinas na periferia, além da sugestão de criar uma Virada Cultural, pautaram as discussões

Reunião sobre a Descentralização da Cultura. Na foto, o representante da ONG Sociedade União da Vila dos Eucaliptos (Suve), Ilson Renato Marques, o representante da Secretaria Municipal da Cultura (SMC), Breno Ketzer Saul, e os vereadores Alvoni Medina, Tarcíso Flecha Negra e Reginaldo Pujol.
Representantes do Executivo e de entidades de bairros foram ouvidos pelos vereadores da Cece (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Vereadores, entidades e moradores da periferia cobraram, nesta terça-feira (28/8), em reunião da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Juventude (Cece) da Câmara Municipal de Porto Alegre, ações mais efetivas da Prefeitura para descentralizar as atividades culturais. Recursos para a Semana Municipal do Hip Hop, oficinas culturais em bairros como Rubem Berta e Mario Quintana e a realização de um evento similar à Virada Cultural de São Paulo pautaram as discussões. 

Adriano Rodrigues, do Fórum do Hip Hop e morador do Mario Quintana, cobrou respeito à periferia e seus artistas. “Hoje, Porto Alegre é uma cidade elitista. As ações estão muito aquém do que a gente precisa. A Semana Municipal do Hip Hop é feita sem apoio da Prefeitura há anos. Não adianta a gente pensar numa atividade dessas se não há recursos. Será que, desta vez, efetivamente, vamos ter alguma coisa?”, questionou. 

Leandro Tiry, ex-presidente do Fórum do Hip Hop, cobrou da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) a realização de oficinas culturais no Rubem Berta, bairro que nunca teria sido contemplado com a ação. “Fomentar a cultura de periferia é muito importante, e os instrumentos que a gente tinha na SMC acabam sendo usados para o circo do projeto Prefeitura no Bairro. Temos o direito de ter recursos revertidos para a cultura de periferia.” 

Ao apresentar um pré-projeto inspirado na Virada Cultural de São Paulo, Ilson Renato Marques, da direção da ONG Sociedade União da Vila dos Eucaliptos (Suve), afirmou que está complicado fazer cultura e mudar a realidade das periferias. “Precisamos mais do que uma parceria, precisamos do esforço do Legislativo e da Prefeitura. Precisamos investir na juventude para prevenir a violência, principalmente no bairro Mario Quintana”, cobrou. 

Falta de recursos

Breno Ketzer Saul, da Coordenação de Descentralização da Cultura da SMC, disse que o órgão está consciente da importância das atividades culturais realizadas na periferia e que esforços estão sendo feitos para abrir equipamentos na Restinga e na Lomba do Pinheiro. Ao garantir que a SMC irá manter as oficinas culturais, reconheceu, porém, que há dificuldades financeiras para realizar ações mais abrangentes. “Estamos sofrendo uma dificuldade financeira, mas há, por parte da SMC, o entendimento da necessidade de valorizar as culturas da periferia em todas as suas manifestações. Cultura é o grande transformador da sociedade e quem viu as oficinas ocorrerem sabe disso. Precisamos ter mais condições e estamos lutando por isso. A SMC precisa de investimento para trabalhar e tem tentado fazer da melhor maneira possível com o que tem”, destacou. 

Vereadores

O vereador Reginaldo Pujol (DEM) disse que houve cortes intensos na área cultural. “O prefeito, quando fez um remanejo da sua administração, manteve a Cultura e deu uma expectativa que fosse dar à Secretaria um status correspondente. A Cultura teve um grande momento quando vinculada ao esporte e à educação. Agora, já aprendemos que não adianta colocarmos as coisas no Orçamento, porque só utilizam quando querem.” 

O vereador Cassiá Carpes (PP) afirmou que falta, por parte da Prefeitura, mais iniciativa para pôr ações em prática e sugeriu a realização de parcerias entre as próprias secretarias e também com a iniciativa privada para alavancar projetos culturais nas periferias. 

O presidente da Cece, vereador Tarciso Flecha Negra (PSD), disse que se sente constrangido "porque dá a impressão de que o Legislativo não está fazendo nada", mas que os projetos culturais dependem do Executivo. “O sonho é possível. Mas realmente está faltando iniciativa. É necessário ter um olhar mais atencioso para as periferias. Não tem dinheiro, mas há alternativas e parcerias que podem ser feitas.” Disse ainda que vai avaliar a possibilidade de transformar a sugestão apresentada da Virada Cultural de Porto Alegre em projeto de lei e não descartou a apresentação de uma emenda da Comissão, ao Orçamento 2019, para a realização do evento. 

Também estiveram presentes os vereadores Alvoni Medina (PRB) e Sofia Cavedon (PT).

Texto: Cibele Carneiro (reg. prof. 11.977)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)

 

 

Tópicos:Cece