Obituário

Ex-vereador Lauro Hagemann morre em Porto Alegre

Em 2012, na Rádio Câmara, o Repórter Esso voltou a informar a morte de Getúlio Foto: Leonardo Contursi
Em 2012, na Rádio Câmara, o Repórter Esso voltou a informar a morte de Getúlio Foto: Leonardo Contursi (Foto: Leonardo Contursi)
O ex-vereador de Porto Alegre por cinco mandatos, ex-deputado e radialista Lauro Hagemann morreu na noite desta segunda-feira (11/5), aos 84 anos, no Hospital Mãe de Deus, onde estava internado havia 15 dias. Hagemann ficou conhecido ao tornar-se locutor do Repórter Esso, na Rádio Farroupilha, e da Campanha da Legalidade (na Rádio Guaíba), movimento liderado pelo ex-governador Leonel Brizola, em 1961, para tentar garantir a posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros. O radialista está sendo velado na Assembleia Legislativa e será cremado no Crematório Metropolitano, às 19 horas.

Nascido em Santa Cruz do Sul em 23 de julho de 1930, Hagemann ficou na suplência para vereador de Porto Alegre em 1963, pela Aliança Republicana Socialista (coligação PSB/PR), e assumiu a titularidade em maio de 1964, sendo cassado no mesmo ano. Em 1966, elegeu-se deputado estadual pelo MDB e, em 1969, voltou a ser cassado pela ditadura. Já em 1982, conquistou uma cadeira de vereador de Porto Alegre, pelo PMDB, trocando para o PCB e após para o PPS, legenda pela qual atuou na Câmara até o ano 2000.

Dez anos depois, o ex-vereador recebeu o Título de Cidadão de Porto Alegre. Em 2011, foi painelista no seminário no Legislativo da Capital sobre os 50 anos da Legalidade e, no ano seguinte, no ciclo de palestras Getúlio Vargas 130 anos, utilizando o microfone da Rádio Câmara, Hagemann reproduziu a narração da notícia do suicídio do ex-presidente, feita por ele em 1954, quando apresentava o Repórter Esso.

Atuação na Câmara

Como vereador, nos mandatos de 1983 a 2000, Hagemann teve destacada atuação na área do urbanismo, dando grande contribuição ao aperfeiçoamento do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, como Relator Sistematizador do PDDUA de 1999. Inseriu, na legislação municipal, importantes instrumentos urbanísticos, dos quais se destacam o Banco da Terra, o Solo Criado, o IPTU Progressivo e a Concessão do Direito Real de Uso. Mais tarde, quando foi instituído o Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257, em 2001, alguns desses instrumentos foram aproveitados em nível nacional, demonstrando a importância e a primazia da legislação de Porto Alegre no cenário nacional.

Hagemann sempre foi uma referência ética para os políticos de esquerda e para os radialistas e os jornalistas do Rio Grande do Sul. Em seus 84 anos, foi ainda presidente da União Estadual dos Estudantes/RS, fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Radialistas do RS, presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, fundador da CUT e membro da sua primeira executiva. Segundo a exposição de motivos do projeto de lei que lhe concedeu o Título de Cidadão de Porto Alegre, "ele viveu intensamente, com plenitude, profissionalismo e doação às suas convicções".

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
          Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

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