Exposição de artes homenageia Bertha Lutz
Aberta no saguão térreo da Câmara de Porto Alegre, a mostra reúne pinturas de 10 artistas plásticos
A Câmara Municipal de Porto Alegre receberá, nesta quinta-feira (8/3), Dia Internacional da Mulher, uma exposição de artes promovida pelo GT Mulher Solidariedade e a Associação Divas’s de Mulheres do Bairro Rubem Berta. A mostra, que terá abertura às 18 horas, no saguão térreo da Casa, presta homenagem a bióloga paulistana Bertha Lutz (1894-1976). Ela foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, lutando pela igualdade de direitos políticos entre homens e mulheres na primeira metade do século XX.
A exposição reunirá trabalhos abstratos e figurativos de 10 artistas, que evocam as lutas e conquistas das mulheres ao longo da história, especialmente de Bertha Lutz, que também foi deputada federal nos anos de 1930 e fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Participam da mostra no Legislativo da Capital as artistas Beatriz Frasca, Ivone Rabelo, Luh Bortolini, Lucia Guaspari, Marcia Ribas, Raquel Hirtz, Rejane Trein, Rusy Scliar, Simone Sartori e Tanira Dornelles com idealização de San Lopez.
Com apoio do gabinete do vereador Clàudio Janta (SD), a exposição terá visitação até o dia 16 de março, de segundas a sextas-feiras, das 8 às 18 horas, com entrada gratuita. A Câmara Municipal de Porto Alegre fica na Avenida Loureiro da Silva, 255. Informações na Seção de Memorial: (51) 3220-4318 ou com San Lopez, pelo celular (51) 9810-85631.
Luta pelo voto feminino
Bertha Lutz foi responsável direta pela articulação política que resultou nas leis que deram direito de voto às mulheres. Filha do médico sanitarista Adolfo Lutz, Bertha foi educada na Europa e voltou ao Brasil em 1918, formada em Ciências Naturais pela Sorbonne, para então trabalhar no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Foi a segunda mulher a ingressar no serviço público brasileiro, onde começou sua militância.
Nas primeiras décadas do século XX, Bertha conheceu os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos e foi responsável pela organização do movimento sufragista no Brasil. Com sua militância científica e política, lançou as bases do feminismo no país. Criou, em 1919, a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o embrião da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (1922). Representou o Brasil na assembleia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos EUA, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana.
Após a Revolução de 1930, o movimento sufragista conseguiu a grande vitória, por meio do Decreto nº 21.076, de 24 de fevereiro de 1932, do presidente Getúlio Vargas, que garantiu o voto feminino no país. As mulheres brasileiras conseguiram o direito ao voto antes das francesas. Dois anos depois, Bertha participou do comitê elaborador da Constituição (1934) e garantiu às mulheres a igualdade de direitos políticos.
A partir daí, Bertha elegeu-se primeira suplente de deputado federal pela Liga Eleitoral Independente. Assumiu a cadeira na Câmara Federal em 1936, após a morte do deputado Cândido Pereira. Defendeu mudanças na legislação referentes ao trabalho da mulher e do menor, a isenção do serviço militar, a licença de três meses para a gestante e a redução da jornada de trabalho, então de 13 horas.
A carreira política de Bertha encerrou-se em 1937, quando Vargas decretou o Estado Novo, mas a líder feminista continuou no serviço público até se aposentar, em 1964, como chefe de Botânica do Museu Nacional. No Ano Internacional da Mulher, em 1975, ela foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país no 1º Congresso Internacional da Mulher, realizado na capital do México. Foi seu último ato público em defesa da causa feminina e da igualdade de gênero. Ela morreu no Rio de Janeiro, em 1976, com 82 anos. (Fonte do currículo: Portal Brasil)
Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)