Genética e desenvolvimento cerebral são pauta na Frente do Autismo
Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos do Autista é presidida pelo vereador Claudio Janta (Solidariedade).
A Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos do Autista, presidida pelo vereador Claudio Janta (Solidariedade) na Câmara Municipal de Porto Alegre, promoveu mais uma palestra dedicada a aprofundar as particularidades do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Lucas Sena, mestre e doutorando Genética e Biologia Molecular pela UFRGS, apresentou os aspectos genéticos e neurofisiológicos do autismo em reunião realizada nesta terça-feira (10), com transmissão simultânea no Facebook.
Trazendo uma síntese dos estudos atualizados e evidências científicas sobre o tema, o especialista reforçou que a incidência do TEA é maior entre os meninos (75%, contra 25% de meninas) e discorreu sobre a prevalência do autismo no mundo, cujos estudos apontam para a incidência em 1% da população mundial. Segundo ele, o dado é controverso, uma vez que o conhecimento e os esforços para o diagnóstico do autismo apresentem diferenças ao redor do globo.
"Nos Estados Unidos, a estimativa é que uma a cada 59 pessoas seja autista, mas em vários países há pouco acompanhamento ou menos esclarecimento sobre o tema", reforçou.
Do ponto de vista genético, o especialista explicou que ocorrem mutações que podem levar a "perder pedacinhos do DNA" e confirmou que os mesmos genes que causam o autismo estão relacionados ao aumento da inteligência. "É bem comum observarmos indivíduos com autismo com talentos extraordinários muito fora da curva. É como se essas variantes genéticas que elevam a inteligência do indivíduo fossem se combinando de uma forma que desencadeia um processo cerebral distinto", explicou.
Diferenças no ritmo do desenvolvimento cerebral
Apresentando imagens relacionadas à formação do cérebro da criança, do início da vida até os cinco anos, ele explica que o volume cerebral das crianças com autismo, em média, é maior. Como tudo que envolve o autismo, a característica não é "regra", mas constatou-se que mais crianças dentro do espectro possuem massa cerebral maior que as demais crianças nesta fase da vida.
"É uma curva de desenvolvimento e regulado por componentes genéticos, que diziam para o cérebro desenvolver-se de maneira acelerada nos primeiros anos e, depois, esses componentes dizem para desacelerar e esta curve se inverte. Quando isso acontece, os pais normalmente acham que a mudança no desenvolvimento foi repentina e buscam associar a algum episódio ou evento, quando na verdade se trata de uma programação genética", esclareceu.
Reforçando que o transtorno do espectro autista envolve um processo diferente do desenvolvimento cerebral, o geneticista também enfatizou o importância do diagnóstico precoce e dos estímulos. Segundo ele, as mutações apresentadas por estes indivíduos acontecem em áreas do cérebro associadas ao comportamento social e aspectos como a fala e o reconhecimento da voz. Pontuando que "os primeiros anos são fundamentais" para garantir o desenvolvimento de algumas estruturas, ele confirmou que o cérebro pode se beneficiar de "reforços", como as atividades trabalhadas nas terapias.
Para assistir à palestra na íntegra, acesse aqui.