DIREITOS HUMANOS

Golpe Militar de 64: Lideranças promovem ato na Câmara

Ato objetiva manter a memória viva sobre as atrocidades cometidas no período ditatorial e vai marcar a data em que o povo brasileiro perdeu seus direitos políticos. Solenidade será no plenário Otávio Rocha.

Lideranças direitos humanos com Pedro Ruas, foto Jimmy Azevedo
Lideranças direitos humanos com Pedro Ruas, foto Jimmy Azevedo

Um ato público para marcar os 60 anos do golpe militar de 1964, será realizado na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no dia 27 de fevereiro, às 19h.  O vereador Pedro Ruas está à frente desse e de outros atos que serão promovidos, juntamente com a Associação dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos (AEPPP) e Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), cujos presidentes Sérgio Bittencourt e Jair Krishke estiveram em reunião com o vereador, acompanhados pelo jornalista Lino Brum, irmão do militante Cilon Brum,  um dos desaparecidos políticos. 

            As lideranças de movimentos sociais e de Direitos Humanos preparam uma série de atividades para marcar a data, como forma de manter a sociedade alerta, em especial após os atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023. No ato do dia dia 27, na Câmara de Vereadores, será feito um protesto pelos 50 anos de desaparecimento do militante político gaúcho Cilon Brum, natural de São Sepé, que foi preso pelo Governo da Ditadura Militar e cujo corpo jamais foi localizado. A história do militante figura no livro/relatório da SubComissão de Memória, Verdade e Justiça, promovida pelo então deputado Pedro Ruas, em 2016, na Assembleia Legislativa. Uma lápide foi construída pela família, no cemitério de São Sepé, aguardando o corpo.

Lápide a espera do corpo
Lápide a espera do corpo

Será também encaminhado ao Presidente Lula, pedindo que restabeleça a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da ditadura, que havia sido criada em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso e que foi extinta em dezembro de 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Conforme Krischke, havia uma comissão que atuou durante parte do Governo Bolsonaro, agora paralisada, mas que poderá retomar através de um decreto presidencial.

O grupo pretende, ainda, apoiar a instalação de um monumento em bronze do ex-presidente João Goulart - único presidente brasileiro que morreu no exílio - nas imediações da Usina do Gasômetro ou num ponto junto à avenida que leva o nome do ex-presidente. João Goulart governou o Brasil entre 1961 até 1964, quando foi deposto. Faleceu em 1976 na sua Estância na Argentina e o corpo, já em caixão fechado, foi levado à São Borja, onde ocorreu o sepultamento, sem ao menos ser autorizada autópsia, o que deu margem a hipótese de envenenamento que perdura ainda nos dias atuais.

Ruas vai levar o tema ao prefeito Sebastião Melo para obter o aval da prefeitura e definir o local à instalação do monumento. Se tiver autorização do município, três datas são cogitadas pelos movimentos sociais e dos direitos humanos: 1º de abril (data que a esquerda considera como a verdadeira do golpe militar, e não 31 de março), 4 de abril, quando Jango teve que deixar o Brasil ou 6 de dezembro, data do seu falecimento.

O monumento foi concebido pelo artista plástico Otto Dumovich, o mesmo autor da estátua de Leonel Brizola (localizada entre a Catedral Metropolitana e o Palácio Piratini) O artista atendeu encomenda da Fundação Caminho da Soberania, presidida pelo procurador e ex-deputado Vieira da Cunha e teve um custo de R$ 100 mil. Desde dezembro de 2019, a diretoria da Fundação Caminho da Cidadania vem buscando uma posição do município em relação a colocação da Estátua.

Texto

Jurema Josefa/ Imprensa Gabinete Pedro Ruas

Edição

Jurema Josefa (MTB 3.882/RS)