Consciência Negra

Homenageados recebem Troféus Antônio Carlos Côrtes e Onira Pereira Santos

Côrtes (c) palestrou sobre tradição dos griôs Foto: Divulgação
Côrtes (c) palestrou sobre tradição dos griôs Foto: Divulgação
Dezoito pessoas foram homenageadas nesta quinta-feira (19/11) à noite, no Auditório Ana Terra, da Câmara Municipal de Porto Alegre, e receberam os Troféus Antônio Carlos Côrtes e Onira Pereira Santos, como reconhecimento pelas suas destacadas trajetórias na valorização da cultura negra. A cerimônia fez parte da programação da 31ª Semana da Consciência Negra e Ação Antirracismo (Secon), da Câmara Municipal, e foi promovida pela Associação dos Jurados do Carnaval e Eventos Populares do RS (Ajuceprgs) e pela Comissão da Consciência Negra da Câmara.

Foram homenageados com o Troféu Antônio Carlos Cortes: Tânia Terezinha da Silva, prefeita de Dois Irmãos (RS); João Candido de Oliveira Neto; vereador Reginaldo Pujol (DEM); Edilia da Silva; Rio Grandense A. C.;  Nadia Cecilia Oliveira Martimiano; Shyrlei Machado; Luiz Armando Vaz, repórter fotográfico; Claudio Izaias; Fernanda Carvalho; Vera Cardoso; e Maria Faustina dos Santos (Mãe Maria do Oxum).

O Troféu Onira Pereira Santos foi entregue aos seguintes homenageados: Carlos Alberto Saribão; Maria Antonia Brasil; Tania Nara Silveira Silva; Rosangela Neves Teixeira; Luiz Alberto Porto Olex (Porto Alex); e Rosane da Silva Ribeiro.

Cultura dos griôs

Coordenado pelo mestre de cerimônias Adelmo Morais, o ato teve início com a palestra do advogado Antonio Carlos Côrtes sobre o tema A Cultura dos Griôs. Ele destacou a importância do projeto do vereador Delegado Cleiton (PDT), aprovado pela Câmara, que institui o feriado municipal de 20 de novembro em Porto Alegre, data que marca a morte do líder negro Zumbi do Palmares, em 1695. "A data serve como reflexão sobre a importância da cultura negra e a contribuição dos negros a este país."

Os griôs (da palavra francesa griot) são contadores de narrativas da África e de afro-descendentes, ou seja, mestres populares que, por meio da história oral, preservam os costumes e as crenças de suas comunidades. Segundo Côrtes, os griôs exerciam uma função "semelhante à dos jornalistas atualmente", coletando e difundindo as informações na comunidade. "O termo griô deu origem à palavra criado. Eram também os cantadores e os protetores da cultura e da família. A busca das informações acontecia pela oralidade, possibilitando que os fundamentos da sua cultura passassem de pais para filhos." Côrtes lembrou ainda que os griôs eram responsáveis por manter a árvore genealógica das famílias (ancestralidade). "Os nossos homenageados são os griôs de hoje", disse ele, ao referir-se aos ganhadores dos troféus.

Além de Côrtes e Onira, que dão os nomes aos troféus, também compuseram a mesa dos trabalhos o vereador Delegado Cleiton, o presidente da Ajuceprgs, Anderson Chagas, Maria Antonia Brasil, Silvio de Aquino (Ajuceprgs), o coronel Élvio José Pires e o presidente do Conselho Regional de Odontologia, José Maria Holderbaum.

Trajetórias

O advogado Antonio Carlos Côrtes foi um dos iniciadores do Grupo Palmares, juntamente com Ilmo da Silva, o poeta Oliveira Silveira e Vilmar Nunes. Formado em 1971, em Porto Alegre, o Palmares começou a luta que deu origem ao reconhecimento da data de 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, como alternativa para as comemorações à Lei Áurea, no dia 13 de maio. Côrtes foi funcionário do Banrisul por 26 anos. Advogado militante, com atuação nas áreas de direito civil e criminalista, foi também secretário-geral da Junta Comercial do Rio Grande do Sul (Jucergs), bem como foi assessor superior da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Além disso, é comunicador em programas de rádio e TV e tem atuação como participante e jurado do Carnaval de Porto Alegre. 

Nascida em Osorio (RS), Onira Pereira Santos foi a primeira Boneca Café do Rio Grande do Sul, evento promovido pelo Centro Cultural Joaquim Messias da Silva, em Porto Alegre. Iniciou a desfilar no Bambas da Orgia, em 1973, chegando a porta estandarte da escola. Também foi porta-estandarte das escolas de samba cariocas Vila Isabel, Grande Rio e Estácio de Sá, além da Floresta Aurora (Porto Alegre). Em 1984, ainda desfilou como porta-estandarte do Bambas da Orgia, no Carnaval de Porto Alegre, ano em que resolveu abandonar os desfiles. Durante os nove anos em que participou dos desfiles em Porto Alegre, Onira foi vencedora em sete deles. Em 1996, foi convidada a desfilar na Vila Isabel, em homenagem que a escola carioca fez ao Rio Grande do Sul, com o tema A Heroica Cavalgada de um Povo. Ela permanece atuando no carnaval, sempre de forma voluntária, ajudando nos bastidores, na montagem de alas e organização de grupos-shows e eventos.


Texto: Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)
Edição: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)