Homenagem da Câmara lembra o arquiteto Demétrio Ribeiro

A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou na tarde desta terça-feira (04/10) a Sessão Solene em homenagem in memoriam ao arquiteto Demétrio Ribeiro. Proponente da homenagem e presidente da sessão, a vereadora Jussara Cony (PCdoB) destacou as qualidades do homenageado. Segundo Jussara, o professor Demétrio Ribeiro marcou a sua vida através do trabalho universitário, deixando um grande legado para as futuras gerações.

"O nosso querido professor Demétrio tratava a arquitetura como uma forma de buscar algo maior, usando o seu conhecimento para melhorar a vida das pessoas", disse Jussara. A vereadora também lembrou do envolvimento político de Demétrio Ribeiro, tendo sido um militante ativo do PCdoB. "O professor Demétrio foi duramente perseguido durante a sua vida pelo fato de ter sido filiado ao PCdoB. Neste momento, devemos honrar o legado, a amizade, o conhecimento e o caráter deste grande homem."

O arquiteto Rafael Passos, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS), fez uma reflexão sobre o legado de Demétrio Ribeiro aos dias atuais. "A homenagem prestada hoje aqui na Câmara é um agradecimento e um registro ao trabalho arquitetônico, tendo como grande referência  o projeto do colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, e urbanístico, ao fazer o planejamento de cidades como Alegrete e Uruguaiana", destacou Rafael. Segundo o representante do IAB, "é importante resgatar o trabalho de Demétrio Ribeiro para discutir o que é possível fazer em termos de arquitetura e urbanismo para melhorar o cenário atual no país, onde muitas pessoas não têm onde morar e muitas outras lutam por espaços, melhores condições de vida e de transporte".

O homenageado

Nascido em Porto Alegre e criado em Alegrete, onde ficou até os cinco anos de idade, Demétrio aos sete foi para a Europa, voltando à capital gaúcha aos 18 anos, no ano de 1935, quando se comemorava o centenário da Revolução Farroupilha. Estudou na Escola de Arquitetura de Montevidéu, na época em que ainda não existia o curso aqui e, em 1943, precisou revalidar o diploma no Rio de Janeiro para poder trabalhar no país, ocasião em que conheceu Oscar Niemeyer. No ano seguinte, começou a trabalhar em Porto Alegre, nas Obras Públicas do Estado, quando José Lutzenberger, que projetou a Igreja São José, dava aulas no curso de Belas Artes.

Foi um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura da Ufrgs, em 1946, onde lecionou durante muitos anos. Militante comunista, foi cassado em 1964, sobrevivendo do planejamento de pequenas e médias cidades, sem poder assinar seus trabalhos. Uruguaiana, Itá e Panambi são alguns dos municípios que levaram a assinatura do urbanista, que foi reintegrado com a Anistia. Sua obra era baseada na "arquitetura moderna no sentido autêntico, que dá prioridade ao conforto, ao bem-estar e à estética, obtidos com o mínimo de recursos".

Texto: Jonathan Colla (Reg. Prof. 18352)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)