COMISSÕES

Inatividade do Salgado Filho impacta turismo de eventos em Porto Alegre

  • Reunião Pública para debater sobre o retorno das operações do Aeroporto Salgado Filho e a retomada da economia do turismo e eventos de Porto Alegre.
    Encontro levantou as necessidades das empresas e os prejuízos causados pelo fechamento do terminal (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Reunião Pública para debater sobre o retorno das operações do Aeroporto Salgado Filho e a retomada da economia do turismo e eventos de Porto Alegre.
    Representantes de segmentos econômicos atingidos relataram as dificuldades que enfrentam (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou uma reunião pública na tarde desta terça-feira (25/6) para debater o retorno das operações do Aeroporto Salgado Filho e a retomada do turismo de eventos em Porto Alegre. O encontro ocorreu no Plenário Otávio Rocha e foi conduzido pelo presidente do Legislativo, vereador Mauro Pinheiro (PP).

Representando o governo estadual, o secretário de Turismo, Luis Fernando Rodriguez Jr, afirmou que o aeroporto Salgado Filho permanecer fechado impacta toda a economia de turismo e eventos do Rio Grande do Sul, que representa 15,3% da movimentação econômica de Porto Alegre. Haverá cerca de R$1 bilhão de prejuízo para a Fraport, empresa responsável pelo aeroporto, e R$ 3,2 bilhões se ele for reaberto apenas no mês de dezembro, a atual previsão. Além disso, haverá prejuízos de companhias aéreas, hotéis, locadoras e estacionamentos, pontos cruciais do turismo da capital gaúcha. O secretário também destacou que conversou com a presidente do Conselho Regional de Engenharia e a mesma colocou à disposição centenas de profissionais para ajudar o aeroporto. “Hoje, com o aeroporto fechado, ele representa R$ 15 milhões de prejuízo para todo o ecossistema que vive desse aeroporto. Temos que adotar todos os mecanismos necessários para sua pronta reabertura. Tenho a firme convicção que qualquer instituição da República vai fazer o máximo possível para que esse aeroporto seja aberto no menor prazo aceitável. Qualquer prazo que passe do mês de setembro neste momento, não é aceitável para a economia de turismo e eventos do Rio Grande do Sul.”

O presidente do RS Nasce, um movimento de empresas, profissionais, entidades e parceiros da economia de turismo e eventos gaúchos, Vinicius Garcia, cobrou da Fraport mais informações a respeito da atual situação, caracterizando as atuais explicações do envolvimento do governo federal como inconclusivas. O instituto solicitou ajuda dos parlamentares para pressionar a União e a concessionária a explicarem como estão atuando em parceria com o Salgado Filho. “Sem a gente entender que esse equilíbrio econômico vai acontecer, e estamos atentos à mídia, não temos segurança de voltar a trabalhar. Nós estamos sem a Fiergs, que é o principal equipamento de eventos dessa cidade. Não é possível um estado ter um aeroporto internacional e não é possível uma capital ter apenas um centro de eventos.”. 

Dificuldades

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), Cacá Lima, a indústria está passando dificuldades por conta do fechamento do aeroporto, que não atinge apenas o turismo de quem vem visitar a cidade, mas também os eventos locais, que contavam com o terminal de cargas do aeroporto Salgado Filho. “Como que fazemos um casamento sem as flores lindas que a gente vê nas fotos mas que chegam pelo terminal de cargas? Como se resolve isso sem o aeroporto? Concordo que os outros aeroportos seriam a solução, mas, quais aeroportos? Não temos outros aeroportos funcionais dentro do nosso Estado. Eles não nos atendem de forma adequada”

Complementando a fala de Cacá, o vice-presidente da Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, Marcelo Bento, mostrou preocupação com todo o ecossistema do turismo de eventos. “Todo o aparato que vem para fazer um evento, a produção de um show, a produção de um congresso, os próprios palestrantes e congressistas. Vamos dizer para eles virem para Torres, depois irem para Passo Fundo e depois enfrentar três horas de estrada para ir para Porto Alegre?” Conforme Bento, a maioria dos funcionários que montam os eventos foram atingidos pelas cheias, logo, estão impossibilitados de trabalhar. “Não dá mais para esperar vir recurso de seja lá onde for. A mão-de-obra está precarizada porque colaborador não pode ajudar na empresa, pois ele tem que tirar o lodo da sua casa e a gente não tem aeroporto.”

O presidente da Comissão Especial de Direito Aeronáutico e Aeroespacial (CEDAEA) da OAB/RS, Eduardo Teixeira Farah, se colocou à disposição para ajudar e destacou que a Fraport não está medindo esforços para realizar a reabertura o mais cedo possível. Além disso, afirmou que não é apenas o aeroporto Salgado Filho que enfrenta problemas no Estado e expressou extrema preocupação a respeito da Rodoviária de Porto Alegre, que, ao contrário do aeroporto, não tem apoio da iniciativa privada.

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), Eduardo Estimas, afirmou que há um movimento chamado “Nós Vamos Abrir o Aeroporto”, em parceria de políticos, empresários e a indústria de turismo e eventos, que amanhã irão até o Salgado Filho protestar pela reabertura do aeroporto e convidou os parlamentares e público presente para participar do ato. “Fraport, entenda, por favor, que queremos ajudar. E governo federal, cumpra sua parte, vamos pensar no povo. O povo pensou no povo o tempo todo neste período.”

Fraport

A diretora presidente da Fraport, Andreea Pal, enviou uma nota para o presidente Mauro Pinheiro esclarecendo que não pôde comparecer ao evento por divergências de horários e detalhando a atual situação do aeroporto, afirmando que a empresa responsável está realizando esforços diários para a retomada do Salgado Filho. 

A Fraport tem intenções de transferir a operação de embarque e desembarque de passageiros do terminal temporário no Park Shopping Canoas para o terminal de passageiros do Salgado Filho, porém, enquanto permanecer a interdição estabelecida na medida publicada pela agência reguladora, os voos ocorrerão na base de Canoas. 

Mais de 50 empresas estão atuando no sítio aeroportuário, fazendo a avaliação de todos os materiais e a infraestrutura após alagamento e foi iniciado o processo de limpeza do terminal de passageiros, acessos viários e das pistas de pousos e decolagens. O fornecimento de energia ainda não foi restabelecido e o terminal de passageiros está funcionando com transformadores e geradores provisórios. As subestações de energia que redistribuem precisarão ser reconstruídas, o que a Fraport aponta como “um elemento preocupante e dificultador”. 

Foram realizadas extrações de amostras de solo e asfalto da pista de pouso e decolagem com três laboratórios diferentes para analisar a segurança operacional e aeroportuária.  Outros testes chamados de “não destrutivos" já foram realizados e o resultado está aguardado para meados de julho, a partir do qual será possível determinar os impactos sofridos e quais serão as intervenções necessárias. A diretora também destacou que este período de conclusão de testes foi reafirmado diretamente com o governo federal. Reiterou que não tem intenção de devolver a concessão e que há “total interesse na continuidade do contrato e que acredita na capacidade de recuperação do aeroporto”.

Encaminhamentos

Mauro Pinheiro demostrou apoio ao movimento “Nós Vamos Abrir o Aeroporto” e sugeriu que entidades e parlamentares participem do evento. Ele apontou que o ministro Paulo Pimenta foi convidado para a reunião, mas não compareceu. “O Rio Grande do Sul tem vários municípios que foram atingidos e o ministro não tem condições de atender a todos os vereadores, mas nós estamos falando de Porto Alegre, a Capital de todos os gaúchos, e acho que merecemos uma atenção especial, até porque os problemas que vamos enfrentar no Rio Grande do Sul passam por Porto Alegre. Todo o Rio Grande do Sul depende do Aeroporto Salgado Filho e nós temos urgência em pelo menos saber o que vai acontecer com nosso aeroporto.”

Como encaminhamento, Pinheiro exigiu uma audiência pública com caráter de urgência entre a Fraport e o governo federal. Também propôs mais políticas públicas por parte da União para os empresários atingidos. “Precisamos de um programa que diga como vamos pagar os salários dessas pessoas que estão desempregadas porque suas empresas não estão funcionando. Não funcionaram durante 30 e poucos dias porque estavam debaixo d'água, depois mais 30 porque estão retomando. É capaz de quererem cobrar impostos dos períodos em que ficamos fechados.”

Texto

Renata Rosa (estagiária de jornalismo)

Edição

Marco Aurélio Marocco (Reg. Prof. 6062)