Comunicações Temáticas

Incentivo à doação de órgãos é pauta na Câmara

  • 50ª Sessão Ordinária da 4ª Sessão Legislativa Ordinária.  Tribuna Popular, Período de comunicações e ordem do dia. TRIBUNA POPULAR Educandário São João Batista. Presidente Jandira Freire. COMUNICAÇÕES Instituto ViaVida.  Dra. Maria Lucia Elbern
    Maria Lucia, do ViaVida,destacou ações que beneficiam a doação de órgãos (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • 50ª Sessão Ordinária da 4ª Sessão Legislativa Ordinária.  Tribuna Popular, Período de comunicações e ordem do dia. TRIBUNA POPULAR Educandário São João Batista. Presidente Jandira Freire. COMUNICAÇÕES Instituto ViaVida.  Dra. Maria Lucia Elbern
    Vereadora Cláudia Araújo incentivou o debate (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

A presidente do Instituto Via Vida Doação de Órgãos, Maria Lucia Kruel Elbern, trouxe ao debate, durante o período de Comunicações Temáticas da sessão ordinária virtual desta quinta-feira (17/9), na Câmara Municipal de Porto Alegre, o tema da doação de órgãos. Agradecendo a iluminação esverdeada da Casa do Povo, em alusão à campanha Setembro Verde, em prol da doação de órgãos, a oradora afirmou que a finalidade do trabalho do instituto é “mudar a cultura no Rio Grande do Sul sobre a doação de órgãos”, informando e influenciando positivamente as pessoas.

Segundo Maria Lucia, “o grande tesouro do instituto são os voluntários”, que são cerca de 70 pessoas que ajudam o projeto a acontecer. Entre os benefícios da doação de órgãos, Maria apontou que cada doador pode salvar até nove pessoas e contribuir para a diminuição da lista de espera. Um dos intuitos da Via Vida, de acordo com sua presidente, é levar a discussão do tema aos lares, pois, pela lei nacional de doação de órgãos, quem decide é a família. “Se houver a decisão em vida, tira o ônus da família ter que tomar essa decisão”, apontou a presidente, afirmando que 90% das doações acontecem com base na manifestação anterior do falecido e “a família tende a atender o último desejo”.

Emendas

Desde 2015, o instituto faz trabalhos em escolas, a partir da contagem de histórias para crianças e estimulando debates sobre cuidados da saúde. Para Maria Lucia, “não adianta só aumentar o número de doadores, mas é preciso diminuir o número de pessoas na lista”, incentivando a prevenção, com mais engajamento nos hospitais e com aumento do número de profissionais como médicos e enfermeiros. Na área assistencial, a Via Vida hospeda pessoas que vem do interior para ter acesso aos transplantes, distribui cestas básicas para famílias de baixa renda da capital e há uma pousada que recebe doações de alimentos, roupas e materiais de limpeza, mas têm os custos de manutenção muito elevados.

A presidente relatou que, com a pandemia, “as coisas se tornaram bastante difíceis”, pois houve queda de 60% no número de transplantes no Brasil e 40% no Rio Grande do Sul, o que ocasionou o aumento do número de mortes de pessoas que estavam na lista de espera por um órgão. Maria Lucia denunciou ainda que, entre abril e a semana passada, não havia recebido depósitos do Funcriança e que o dinheiro de emendas de alguns vereadores não chegou até o seu destino. “Transplante é problema sério de saúde pública, se ele acontece temos menos pessoas sofrendo, mais pessoas voltando à sociedade”, aponta.

Para a oradora, “somente com informações corretas pode-se acabar com o preconceito sobre a doação de órgãos”. Maria Lucia alertou que em apenas cerca de 1% das mortes pode-se ter uma doação, apenas em casos de óbitos com morte encefálica. “Existe muita confusão entre coma e morte encefálica, mas morte é morte irreversível, coma é vida ainda, é reversível, vida tem sangue circulando no cérebro”, explicou. A presidente pediu apoio da Câmara, pois a instituição busca “suprir deficiências do Estado”, e deixou três reflexões para a população: “Ser solidário é ter consciência de que na hora da dor, sofrimento, doença e morte todos somos iguais”; “O que o destino nos reserva? há mais possibilidade de precisarmos de doação do que de doar”; e “Qual o papel de cada um de nós nesse processo?”.

Vereadores

Sobre a manifestação do ViaVida, vereadores e vereadoras fizeram os seguintes pronunciamentos:

ATO DE AMOR - Para laúdia Araújo (PSD) a conscientização do mês de setembro, que se refere à prevenção ao suicídio e a doação de órgãos, deveria ocorrer em todos os meses do ano. “Esse simples ato de amor, de doação, ele salva vidas”. Para a parlamentar também preocupa o fato de que muitas pessoas não dispõem de informação de como proceder em relação à doação. “Muitos acham que vão precisar dos órgãos depois que morrem. Não vamos precisar de nada disso e sim salvar vidas”. (RA) 

DOAÇÃO - Adeli Sell (PT) cumprimentou a palestrante Maria Lúcia, da Via Vida. “Sua fala, além de nos preocupar, nos coloca na obrigação de ajudar”, disse ao salientar que ficou pasmo pelas discrepâncias nos dados apresentados por ela sobre o tema. “Fiquei chocado ao saber que entre as possibilidades e as realizações dos transplantes efetivados, existe um vazio enorme”. Ele falou ainda sobre a desinformação dos familiares em como proceder em relação a doação. “Quando não há manifestação em vida, fica mais difícil” . Adeli sugeriu reuniões nas comissões da Câmara para tratar do tema.  “É nossa obrigação ajudar. Estamos aqui para colaborar”.  (RA) 

VERDE - Comandante Nádia (DEM) também cumprimetou a palestrante lembrando que o Setembro Verde serve para que as pessoas lembrem sobre a doação de órgãos. “Nosso presidente aqui da Câmara coloriu a Casa de verde para que todos nós nos voltássemos para essa questão”, enfatizou a vereadora. Ela lamentou que dados demonstram que o Rio Grande do Sul não seja referência em relação a doação de órgãos. “Aqui as pessoas ainda não são bem informadas, pois uma pessoa pode salvar outras oito com seus órgãos”. A parlamentar sugeriu que o Legislativo faça um trabalho voltado à divulgação da causa. (RA) 

CORES - Para a Lourdes Sprenger (MDB) setembro é o mês das cores. “Mês da conscientização através do amarelo que representa o suicídio, o vermelho as doenças cardiovasculares e o verde que trata da conscientização da doação de órgãos”. Falou ainda sobre a Via Vida, que segundo ela agrega pelo trabalho desenvolvido com credibilidade. “Um trabalho confiável desenvolvido por essa instituição que trata todas as causas com seriedade”. A parlamentar lamentou que tenha destinado um valor através das emendas impositivas para a instituição e que o mesmo tenha sido barrado pelo Executivo. “Só doa quem conhece o trabalho da Via Vida. São merecedores” (RA)

 

Texto

Rian Ferreira (estagiário de Jornalismo)
Regina Andrade (reg.prof. 8.423)

Edição

Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)