Jornalistas e escritores discorrem sobre Entrevistas Póstumas
Vereador Pedro Ruas recebeu convidados na Banca da CMPA, na 69ª Feira do Livro de Porto Alegre, onde o bate-papo sobre publicação da ARI ganhou um clima de sarau, no qual as memórias de escritores gaúchos foram inspiração
O bate-papo sobre o livro Entrevistas Póstumas: Eles deixaram as Respostas nós fizemos as perguntas, concebido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI) acabou se transformando num sarau animado. Logo na abertura o vereador Pedro Ruas – que esteve acompanhado pela esposa Ester Ramos - agradeceu a presença de todos e pediu autorização para homenagear o jornalista Isnar Camargo Ruas, falecido em 21 de outubro. “Se me permitem dedico esse nosso encontro ao meu pai, Isnar Ruas, colega de vocês, foi sócio e conselheiro da ARI, começou sua carreira como revisor no Correio do Povo e depois assumiu a editoria de Economia, partindo para muitas atividades sempre na área. Creio que ele está conosco, embora em outra dimensão e, quem sabe, uma hora dessas também poderá ser entrevistado. Ele deixou um grande legado como praticante do bom e saudável jornalismo.
Na sequência, Ruas avaliou que a obra produzida pela ARI é instigante, ao trazer os pensamentos, anseios dos escritores que, por vezes, são vistos como seus personagens, não eles próprios. A vice-presidente da ARI, Claudia Coutinho, que assumiu junto com Nilson Souza, a produção e edição da obra, discorreu sobre o que se pretendeu fazer. “Nós tivemos a primeira experiência com uma entrevista coletiva do escritor e jornalista Apparício Torelly, mais conhecido como o Barão de Itararé. Isso foi em 2021 e o jornal do Comércio publicou essa entrevista em três páginas. Foi um sucesso, pois o Barão que havia falecido há 50 anos, veio à Feira e se apresentou. No ano passado fizemos – nosso colega Antônio Goulart entrevistou Mario Quintana e o jornal Zero Hora publicou a entrevista. Dai decidimos logo ouvir outros e o resultado está nesse livro que foi muito bem recebido nessa maravilhosa Feira”.
A obra que contempla 12 escritores e personalidades marcantes do Rio Grande do Sul : Apparício Torelly/o Barão de Itararé (entrevista coletiva póstuma feita por 50 jornalistas); Augusto Mayer, entrevistado por Magali Schmitt; Barbosa Lessa, por Jurema Josefa; Caio Fernando Abreu, por Flávia Cunha; Carlos Nobre, pelo filho jornalista Marco Antônio Villalobos; Érico Veríssimo e Mario Quintana, entrevistados por Antônio Goulart; Josué Guimaraes, por Flávio Dutra; Lara de Lemos por Tatiana Gomes; Lya Luft por Vera Guimarães, Moacir Scliar por Thamara da Costa Pereira; Paulo Santana por Nilson Souza; Sérgio Jockymann por Antônio Czamanski e Simões Lopes Neto por Patrícia Lima. O design é de autoria do presidente do Conselho Deliberativo da ARI, Luiz Adolfo Lino de Souza, as ilustrações de Celso Schröder e o prefácio é assinado pelo professor, escritor e crítico literário Luís Augusto Fischer.
Participaram da atividade na Banca da CMPA, além do presidente e 1ª vice da ARI, José Nunes e Claudia Coutinho, o jornalista Antônio Goulart, o único entre os presentes que trabalhou ao lado dos seus dois entrevistados: Mário Quintana (Na Caldas Júnior) e Érico Veríssimo (Editora Globo); Flávia Cunha, jornalista produtora cultural, responsável pela entrevista com Caio Fernando Abreu; Tatiana Gomes, que ao buscar dados sobre Lara de Lemos, a autora do Hino da Legalidade, descobriu uma mulher adiante do seus tempo; Thamara da Costa Pereira, que lembrou de entrevistas feitas “ao vivo” com o Moacyr Scliar, um dos gaúchos eleitos para a Academia Brasileira de Letras em 1989; Flávio Dutra, surpreendido pela criatividade sempre ativa de Josué Guimarães, escritor que sempre tinha algo novo em mente; Jurema Josefa, honrada por ter entrevistado, mais uma vez, Barbosa Lessa, um gênio das comunicações, compositor e produtor cultural que mostrou na Capital paulista a cultura e o churrasco gaúcho, a ponto de na atualidade os paulistas afirmarem que “seu churrasco é melhor do que o dos gaúchos” e Claudio Britto, que além de ter participado da entrevista coletiva com o Barão de Itararé, levou fotos sobre a participação dele como estudante do Colégio das Dores, cuja banda foi chamada pelo governador Leonel Brizola para entoar o Hino da Legalidade, de Lara de Lemos e Paulo Sérgio Pereio, em 1961.
Entre os convidados, o escritor Alcy Cheiuche, patrono da 52º Feira do Livro, manifestou sua alegria em relação á obra apresentada. “O processo que cada um de vocês utilizou é aquele que nos conduz a produzir uma obra que contenha história, alma e que consegue atrair o leitor. A ARI está de parabéns”, disse o escritor. De sua parte, o presidente da ARI José Nunes enfatizou que o projeto de entrevistas deverá ser incrementado como programa oficial da entidade que em 2025 completará 90 anos de atividades. Convidou Cheuiche para firmar parceria e lançar uma oficina literária com a temática dos 90 anos, visto que o primeiro presidente da ARI foi Érico Veríssimo, a Câmara Riograndense do Livro, entre outras entidades, nasceram na ARI.
Além de Alcy Cheuiche, que foi acompanhado pela esposa, a psicóloga e escritora Ariane Severo, estiveram presentes, e participaram do bate-papo, a escritora Tânia de Fátima Dallani Mendonça; o escritor Irineu Roque Zolin e os sócios da ARI, jornalistas Eliane Souza, jornalista advogado e escritor Antônio Cortes, jornalista, escritor e produtor cinematográfico Renato Dornelles.