Cefor

Médico afirma que pesquisa e ciência devem ser referências na pandemia

Ricardo Zordan falou sobre o tema “Custo Covid” na reunião da Cefor

  • Pauta: O custo Covid. Na foto, dr. Ricardo A. Zordan.
    Para Ricardo Zordan, custos da covid-19 devem ser avaliados desde a infecção (Foto: Ederson Nunesl/CMPA)
  • Pauta: O custo Covid. Na foto, vereador Airto Ferronato
    Tema da reunião foi proposto pelo vereador Airto Ferronato (PSB) (Foto: Ederson Nunesl/CMPA)

A adoção de instituições acadêmicas e reconhecidas pelo seu trabalho em educação e pesquisa como referência para medidas governamentais de prevenção e combate à pandemia por covid-19 foi destacada pelo médico Ricardo Zordan em sua manifestação sobre o “Custo Covid”, tema do encontro da Comissão de Economia Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal de Porto Alegre na manhã desta terça-feira (8/6). A pauta da reunião, presidida pela vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), foi uma sugestão do vereador Airto Ferronato (PSB).

De acordo com Zordan, urologista e mestre em Patologia, com atuação no Hospital Moinhos de Vento e no Exército Brasileiro, governos e pessoas não devem focar no que é dito de forma individual e sem base científica, voltada à obtenção de “likes e não de resultados”. Segundo o médico, nas universidades públicas, “profissionais têm seus salários e não estão voltados ao lucro”. Disse ainda que o uso de informações precisas pode reduzir o impacto nos orçamentos públicos resultante da pandemia.

Para o médico, os custos da doença devem ser avaliados desde a infecção. “Passa pela internação até o tratamento das sequelas, especialmente de quem teve o covid-19 em sua forma mais grave.” Acrescentou que os números que vêm sendo registrados de casos, recuperações e mortes, no país, apontam uma situação não tranqüila, pois colocam o Brasil como o segundo país no mundo em mortes por um milhão de habitantes, com um total absoluto que atinge a liderança de óbitos. Até a segunda-feira (7/6), a covid já havia vitimado 473 mil pessoas no país.

Dessa forma, Zordan ratificou que a vacinação em massa, combinada com a restrição de mobilidade em regiões onde são identificados os maiores riscos de transmissão da doença, é a medida mais eficaz para reduzir o impacto negativo da pandemia. Que isso já produz resultados em países como Israel e Estados Unidos, que já começaram a promover eventos de massa.

"O país tem capacidade para vacinar toda a população em 160 dias. Temos seringas, pessoal preparado, um expertise de sucesso do SUS, só faltam doses suficientes para isso”, afirmou. O médico também se posicionou contrário ao uso de medicamentos sem eficácia comprovada.

Custos

Sobre os custos da covid, Zordan falou que eles são elevados, pois envolvem desde o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), testagem, medicamentos e tratamento ambulatorial, e chegam a outros insumos como oxigênio, compra de respiradores, capacitação profissional e, nos casos mais graves, o uso de unidade de tratamento intensivo, cujo único leito pode chegar a R$ 3 mil por dia, com um investimento inicial de instalação de cada um de aproximadamente R$ 180 mil.

O médico também tratou dos custos das vacinas. Disse que a de menor valor encontrada no Brasil é a Coronavac, cuja dose custa 3,16 dólares, correspondendo a cerca de R$ 16,00. Depois a da Astrazeneca/Oxford ao valor de R$ 1,78 euros, aproximadamente R$ 20,00. No caso do imunizante da Pfeizer, ressaltou que, na primeira tentativa de negociação com o governo, o país poderia ter comprado a dose por 10 dólares, e que a compra feita em maio passado foi a 12 dólares, valor que para a mesma vacina nos Estados Unidos e Inglaterra chega a 20 dólares.

Zordan também citou a situação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com condições de liberar mais 200 leitos para pacientes exclusivos covid, com investimento necessário só de EPIs que pode somar a 40 milhões/dia, para disponibilizar seis mil máscaras cirúrgicas de três camadas, 600 máscaras N95, cinco mil aventais TNT, mil aventais bilaminados e mil toucas. “Isso sem falar nas luvas que, em alguns casos, não é de uso obrigatório, mas em outros requer a utilização de até duas de uma só vez”, justificou.

Zordan disse insistiu que os governantes devem ter a base acadêmica, de pesquisa, como princípio norteador das ações a serem adotadas. Disse ainda que a possibilidade de uma terceira onda é real, com a chegada do inverno, período em que, no ano passado, os números de casos, internações e mortes se elevaram; explicou que, agora, com o diferencial de o patamar estar com média diária maior, isso representa risco de novo colapso do sistema, pela falta de estrutura, mas, principalmente, de profissionais. “Médicos precisam de treinamento de cinco anos para atuar em UTIs”, justificou.

Vereadores

Airto Ferronato ressaltou o papel das comissões de orçamento e a luta pela sua criação nos Legislativos país afora. Também justificou o tema sugerido à Cefor pela sua importância e repercussão sobre a vida financeira da cidade. Disse, ainda, que imaginava serem menores os valores dos custos dos testes  

Bruna Rodrigues manifestou contrariedade à distribuição do kit-covid pelo município, mesmo autorizada por lei pelo Legislativo. Lamentou as mortes que, segundo ela, poderiam ter sido evitadas, se medidas de isolamento mais rígidas tivessem sido adotadas pelo atual prefeito.

Moisés Barboza (PSDB) declarou que é preciso “olhar a floresta e não a árvore”. Lembrou que a gestão anterior foi rotulada como “algoz da empregabilidade” ao impor restrições duras à mobilidade e justificou, referindo como exemplo o centro da cidade, que “abrir o comércio movimenta uma massa de pessoas em direção a um único local, o que o governo quis evitar”. Ainda participou da atividade da Cefor o vereador Mauro Zacher (PDT).

Texto

Milton Gerson (reg. prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:custo covidcovid-19