DIREITOS HUMANOS

Moradores das vilas Farrapos e Humaitá pedem socorro

Pedro Ruas coordenou a reuniu e ouviu os relatos das lideranças sobre a má qualidade da água e a falta de recolhimento de lixo que contribuiu para o surgimento de pragas

Ruas convida moradores à apresentar suas reivindicações
Ruas convida moradores a apresentar suas reivindicações (Foto: Júlia Urias/CMPA - Uso público, resguardado o crédito obrigatório)

 Comunidades das vilas Farrapos, Humaitá e imediações enfrentam graves problemas com a falta de água, recolhimento de lixo e como consequência uma infestação de ratos e baratas. Os relatos sobre todos esses problemas foram feitos na reunião promovida pela  Comissão de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana (Cedecondh) da Câmara Municipal de Porto Alegre, na terça-feira (18/02/2025) para discutir o tema, proposta pelo vereador Pedro Ruas (PSOL). Além da falta de água, a queixa mais contundente é de que quando o fornecimento é restabelecido, a água fornecida é  de péssima qualidade: odor e gosto desagradável e na cor marrom. O encontro foi conduzido pelo vereador Erick Dênil (PCdoB), presidente da Cedecondh, na sede do CTG Vaqueanos da Tradição, no bairro Farrapos.

         Na condição de proponente Pedro Ruas optou por ouvir o máximo de informações por parte da comunidade, como forma de avaliar o que pode ser feito. “ Nós iremos demandar uma série de pedidos para atender as demandas que são justas”, disse ao final. Ficou acordado que a Cedecondh solicitará reunião com a direção do Dmae, da mesma forma que serão solicitadas providências em relação ao recolhimento regular do lixo e a possibilidade de um plano de desratização e combate aos insetos, visto que as infestações são caso de saúde pública.

As queixas Apresentadas

muitas queixas e pedidos de ajuda
muitas queixas e pedidos de ajuda (Foto: Júlia Urias/CMPA )

 Douglas Filqueiras, representanteda Associação do Voluntariado e Solidariedade, abriu os trabalhos, relatando a situação dos moradores da região, que sofrem tanto com o desabastecimento quanto com o fornecimento de água de baixa qualidade, o que tem provocado adoecimento em diversas famílias: "Depois da enchente, quem caminha por aqui percebe uma triste realidade na comunidade. Muitas pessoas têm apresentado um quadro grave de virose, o que atribuímos a péssima qualidade da água". Destacou que aquelas comunidades precisam ser ouvidas, precisam de apoio dos órgãos governamentais, pois há uma carência no atendimento dos quesitos básicos, capazes de garantir qualidade de vida. Moradora na Frederico Mentz, vila Farrapos, desde 1979, Vânia Lúcia Fabian enfatizou que apesar da região alagar, devido a chuvas fortes ou enchentes, desde que foi morar lá desde a enchente de maio passado, qualquer chuvinha alaga as ruas e provoca terror em todos. " Não adianta limpar apenas as bocas de lobo, a canalização toda está entupida e a água fica no leito da rua, nos pátios, nas casas. Carecemos de serviços", disse a moradora.

Irmão Miguel Antônio Orlandi, presidente da AVESOL e Coordenador do Centro Social Marista Ir. Antônio Bortolini, manifestou a necessidade de um olhar mais justo para com as comunidades que vivem nessa região. Segundo ele. Os problemas são muitos, porém sempre são enfrentados com firmeza e seriedade. " A Prefeitura pode contar conosco e toda a comunidade para ajudar a encontrar soluções. Não somos inimigos. Queremos soluções", disse o líder religioso e educador.

         Laiana Rodrigues, líder comunitária, falou sobre a falta de recolhimento de lixo e os problemas de qualidade de água: "A água tem gosto, tem cheiro, tem tudo o que as pessoas imaginam. Se beber a água da torneira, as pessoas vão direto para o banheiro". Também disse que há infestação de ratos e baratas, o que tem tornado a vida insustentável no local: "Se chove, não podemos sair de casa, porque colocamos o pé direto no esgoto. Alaga sempre!". Muitas manifestações informaram que até mesmo os alimentos precisam ser jogados fora, por causa das baratas e ratos.

         Maria Elise Borges da Rosa, líder da comunidade Liberdade, respondeu às pessoas que responsabilizam os moradores e os catadores de lixo do 4º Distrito pela poluição da região. "Dizem que não temos educação ambiental, mas quem está defendendo água, planta, saúde, são os recicladores. É uma vergonha falar que a água está suja sem ter respeito por cada reciclador que separa o lixo. Quem não tem respeito por nós são os de cima", disse emocionada.

Ni Vargas, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, avalia que a falta de atenção da Prefeitura para com os pedidos de ajuda se deve a intenção do município em retirar as famílias das suas moradias. A declaração foi em resposta a sugestão do representante do Dmae, Vitor Hugo, de que devem procurar a Prefeitura para mostrar os problemas. "Não se trata de apenas relatar os problemas, já que a situação é de conhecimento do órgão há muito tempo e o problema ainda não foi resolvido: "Isso é uma situação grave e de violação dos direitos humanos". Duas mães que foram com seus bebês, manifestaram o medo de banhar as crianças, pois temem o surgimento de alergias ou outros males.

Victor Hugo Madureira, gerente do Dmae, informou que há poucos protocolos de reclamação sobre falta de água e problemas de qualidade, ainda que reconheça as demandas reportadas pela comunidade. "A gente sabe que os problemas são maiores que isso, mas pedimos para que vocês façam os protocolos para a gente poder analisar". Reiterou que o órgão está respondendo a todos os pedidos que recebe e fazendo as manutenções necessárias, e que, caso seja necessário, deve aplicar mais produtos para melhorar a qualidade da água. "A gente vai nos endereços, faz a coleta. Sabemos que é um problema que está acontecendo no bairro. A princípio, a análise que temos é que, apesar do cheiro e do gosto, a água não é prejudicial à saúde".

          De sua parte, Carla Schmidt, representante da Secretaria Municipal da Inclusão e Desenvolvimento Humano, ressaltou a disponibilidade e disposição da secretaria para se empenhar na resolução dos problemas abordados pela comunidade: "Água é um tema essencial, e a secretaria está à disposição".

Bruno Mattos, secretário-geral da União das Associações de Moradores de Porto Alegre, criticou o que tratou como falta de respostas da Prefeitura durante a reunião e cobrou uma articulação entre o Dmae, Demhab, Secretaria de Saúde e comunidade para chegar a uma solução imediata para garantir o direito à água: "É sobre o direito de um trabalhador poder chegar em casa e tomar um copo de água, de tomar um banho. É uma nítida violação dos direitos humanos".

Participaram da reunião os vereadores Conselheiro Marcelo Bernardi (PSDB), Jonas Reis (PT) e Carlo Carotenuto (Republicanos)

Texto

Jurema Josefa /Imprensa Gabinete Pedro Ruas

Edição

Jurema Josefa (MTB 3.882/RS)