Autismo

"O que funciona são as terapias não medicamentosas", afirma neuropediatra na Frente do Autismo

Médico, professor e pesquisador da área, o neurologista pediátrico Dr. Rudimar Riesgo foi recebido pelo vereador Claudio Janta para palestra com recorde de público da Frente Parlamentar.

Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos do Autista recebe Dr. Rudimar Riesgo
Palestra também foi transmitida pela página do vereador Claudio Janta (dir.)

A confirmação das terapias como principal abordagem no tratamento do autismo e o combate às informações enganosas e promessas de curas milagrosas foram alguns dos temas abordados pelo neuropediatra Dr. Rudimar Riesgo, especialista convidado pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos do Autista, nesta terça-feirta (13/8). A palestra foi acompanhada por cerca de 90 pessoas que compareceram à Câmara Municipal de Porto Alegre, além da audiência virtual, que assistiu e teve a oportunidade de tirar dúvidas através da transmissão no Facebook (veja aqui).

Apresentando resultados de pesquisas recentes em relação ao espectro autista, ele reforçou a inexistência de medicamentos ou tratamentos que permitam falar em cura. "Fizemos uma série de tentativas em relação a medicamentos e posso adiantar que, do ponto de vista acadêmico, não existe remédio para tratamento de autismo. Existem pesquisas de medicação. Se alguém estiver vendendo medicação para curar autismo, denunciem, porque esta pessoa, muito provavelmente é um charlatão", alertou.

De acordo com o pesquisador, substâncias podem ser prescritas apenas para diminuir os sintomas manifestados pelo autista, que são específicos e individuais, variando de acordo com o caso. "A gente não tem algo que funcione para todo mundo em relação aos sintomas. Crianças dentro do espectro podem ter duas, seis, sete comorbidades - situações que andam juntas com o autismo, como epilepsia e/ou desatenção, e/ou agressividade", exemplificou. Em relação ao tratamento destes sintomas, o médico afirmou que eles precisam ser listados e avaliados para que possam ser atenuados com o uso de alguma medicação. 

De acordo com os dados apresentados, cerca de 30% a 40% dos pacientes podem se beneficiar com esta abordagem medicamentosa dedicada ao tratamento dos sintomas. "O que funciona melhor, sem dúvida, é a abordagem não-medicamentosa", reforçou, explicando que as terapias a partir do diagnóstico e ao longo da vida dão resultado para o desenvolvimento dentro do espectro autista. "O prognóstico vai depender da precocidade do diagnóstico, capacidade cognitiva, da participação dos familiares e da experiência dos profissionais", concluiu.

Ciência como fonte de informação confiável 

Combater as informações enganosas a respeito de terapias e medicamentos que podem colocar em risco a saúde de pessoas com transtorno do espectro autista é um dos desafios da comunidade científica. Reforçando que os artigos e publicações em periódicos científicos são fontes mais confiáveis, alertou: "livros são baseados em experiências; artigos são baseados em evidências. Não busquem nos chats, busquem informação acadêmica em local acadêmico".

Para facilitar a busca, o pesquisador sugeriu o uso de algumas ferramentas que ajudam a acessar conteúdo qualificado por pesquisadores, como a plataforma Pubmed, que busca pesquisas em artigos científicos, e o H-Index, que confirma a relevância dos estudos com base no número de citações que a tornam referência no meio acadêmico.

Próxima reunião aborda uso de canabidiol 

Anunciando a próxima reunião da Frente Parlamentar para o dia 27 de agosto, o vereador Claudio Janta confirmou a participação de Liane Pereira, mãe que recebeu autorização judicial para o tratamento da filha com óleo de canabidiol (CBD) - substância extraída da maconha, utilizada para amenizar sintomas relacionados à epilepsia. A reunião também é aberta ao público e inicia às 14 horas.

Texto

Andréia Sarmanho (reg. prof. 15.592)