Plenário

Parlamentares destacam Semana da Consciência Negra

  • Posse de vereadores suplentes. Vereadora Divina Diva da Restinga
    Vereadora Divina Diva da Restinga (SD) (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Posse de vereadores suplentes. Vereadora Sâmila Monteiro.
    Vereadora Sâmila Monteiro (Novo) (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Os vereadores Sâmila Monteiro (Novo), Baba Diba de Yemonja (PT), Alberto Terres (PT) e Divina Diva da Restinga assumiram o mandato parlamentar nesta quarta-feira (17/11) em razão do transcurso da Semana da Consciência Negra. Também Reginete Bispo (PT) e Pai Ricardo D'Oxum (PSDB), que já haviam assumido a vereança nesta legislatura, retornaram ao mandato neste período.

Sâmila Monteiro ficará no cargo até o dia 19 em substituição à vereadora Mari Pimentel (Novo) e, neste período, integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude (Cece). Em sua manifestação, a parlamentar, de 25 anos, moradora da Restinga, se descreveu como liberal e agradeceu aos seus 2251 eleitores. Descreveu avanços do atual governo para os pilares que defendeu na campanha: liberdade para morar, trabalhar e empreender. Registrou a importância da posse durante a Semana da Consciência Negra “porque serve de estímulo para a autoestima do indivíduo negro”. Ainda afirmou que o negro não é figura subalterna e que isso reveste de maior importância ver a representatividade da bancada negra no Legislativo, “guardadas as divergências políticas de pensamento”.

Baba Diba de Yemonja ocupa o lugar de Jonas Reis (PT) e, no período da licença do titular, entre 17 e 19 de novembro, integrará a Comissão de Educação, Cultura, Esportes e Juventude (Cece). Em sua fala na tribuna, Baba Diba criticou o fato de, por impedimento do Regimento Interno, não poder tomar posse com a indumentária adequada, que o identifica com o povo de matriz africana que representa. Projetou que, “em nome da democracia, isso um dia irá mudar”. Sanitarista e defensor do Sistema Único de Saúde ressaltou o seu orgulho em tomar posse em meio às comemorações do cinquentenário da instituição da data de 20 de novembro, que homenageia Zumbi dos Palmares. Segundo o parlamentar, Zumbi “inaugurou um novo processo de resistência negra a todo tipo de opressão e discriminação racial no Brasil”.

O vereador ainda referiu que faz parte de um projeto político coletivo e que defende o Estado laico, não religioso, e que deve reconhecer o direto de todas as tradições, “sem assumir e sem se confundir com a orientação religiosa de nenhuma delas”. Manifestou a luta contra a teocracia e o fundamentalismo que, segundo ele, “encontrou acolhida no fascismo brasileiro”.

Alberto Terres assume a cadeira do vereador Aldacir Oliboni (PT), também pelo período de 17 a 19 de novembro e, neste período, fará parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam). Iniciou a sua primeira manifestação como parlamentar referindo a sua condição de municipário, militante do sindicato da categoria, representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do Simpa no Conselho Municipal de Saúde. Também da importância de assumir o mandato durante as homenagens aos 50 anos do 20 de novembro. “É uma honra para todas as pretas e todos os pretos.”

Terres ressaltou a luta pela implementação de políticas públicas como Educação, Saúde, Assistência Social, especialmente para a população negra, que precisa desses serviços, mas lamentou o que definiu como “um projeto de sucateamento”, como o que pôde ser visto no Sistema Único de Saúde durante a pandemia, mas inclui a Reforma Trabalhista, que não solucionou o problema do emprego e gerou 19 milhões de desempregados e desalentados, e da Reforma da Previdência, que sob a falsa alegação de ser deficitária, da mesma forma como foi feito em Porto Alegre. E por fim criticou a PEC 95, que congelou investimentos por 20 anos no país, e a tramitação da Reforma Administrativa, que, segundo ele, “colocará uma pá de cal no serviço público” e precisa ser impedida com a mobilização dos trabalhadores.

Divina Diva da Restinga ocupará a vaga de Cláudio Janta (SD) e fará parte nesse período da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ela destacou o dia especial para a sua comunidade, a Restinga, formada por trabalhadores com sonhos e expectativas, “onde cada dia é uma batalha”. Disse que levou oito anos para chegar ao Parlamento e que irá lutar pela igualdade social e racial, e pela Educação. “Quero dar um basta, sou uma rainha com uma melanina irradiante e carrego comigo a coroa da esperança, da dignidade e respeito”, afirmou.

Divina disse representar a todos que passam por situações de preconceito racial e que o desprezo lhe deu forças. “Certa vez uma amiga pediu a minha ajuda para um projeto. Ela era anafalbeta e disse: 'Seja a minha caneta e a minha escrita, porque o resto eu farei'. É o que eu farei por um povo que chora pela desigualdade, mas que ama a vida com intensidade”, ressaltou. Destacou a riqueza da cultura e da história do povo negro, “que é linda demais para ser pisoteada”. E finalizou citando uma frase do ex-presidente Barac Obama: “Vocês não precisam provar nada a ninguém, seus atos e comportamentos dirão quem são”.

Reginete Bispo assumiu na vaga de Leonel Radde (PT), entre 17 a 21 e fará parte da Comissão de Constituição e Justiça nesse período. Como já assumiu anteriormente, quando prestou juramento e fez seu pronunciamento, a vereadora não ocupou a tribuna.

Lideranças

Durante o período destinado às comunicações de lideranças, na sessão ordinária desta quarta-feira (17/11), as vereadoras Laura Sito (PT) e Bruna Rodrigues (PCdoB) e o vereador Pai Ricardo D'Oxum (PSDB) destacaram a Semana de Consciência Negra e o Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.

Laura Sito (PT) falou do orgulho de seu partido estar, na Semana da Consciência Negra, “com uma bancada 100% negra”. Lembrando que, neste 20 de novembro, comemoram-se os 50 anos da instituição da data alusiva à morte de Zumbi dos Palmares, disse que é importante preservar nossa história, já que dentro da historia nacinal não há espaço para os heróis negros. “Tentam não reconhecer a trajetória de luta de Zumbi dos Palmares. Zumbi representa nossa luta por igualdade e liberdade”, afirmou. “Em 248 anos de Câmara Municipal esta é a primeira vez que temos uma bancada negra e temos uma mulher negra presente na mesa diretora”, citou, afirmando que isso mostra o quanto os negros ainda estão apartados dos espaços de decisão. Ela disse desejar que a presença de parlamentares negros na Câmara seja uma “abertura de portas” para que outros negros tenham voz.

Bruna Rodrigues (PCdoB) saudou os partidos que “entenderam a importância de fazer do parlamento um espaço de luta da população negra que é, sem duvida nenhuma, a mais afetada pela desigualdade e por seu histórico íntimo com a escravidão”. “É com muito orgulho que nós encaramos o desafio de fazermos dessa sociedade uma sociedade mais justa e igualitária para todos”, afirmou, destacando que uma sociedade que define o cidadão pela cor da pele é uma sociedade segregacionista, centrada em privilégios. A vereadora disse que, quando os negros não estão contemplados no Orçamento do Município, “temos ali uma forma muito cruel de reafirmar preconceitos”. Ela informou que fez várias emendas ao PPA e à LOA, entre elas uma que destina recursos para a formação antirracista da segurança pública, com o objetivo de combater o racismo estrutural.

Pai Ricardo D’Oxum (PSDB) disse ser importante assumir o mandato de vereador numa semana emblemática para o seu povo. Ele agradeceu seus eleitores e o vereador Moisés Barboza (PSDB), que possibilitou a abertura temporária do mandato, e afirmou que sua luta é para que “a luta da consciência negra seja lembrada todoso os dias”, para que que os negros sejam lembrados por sua história e sua luta. Ele defendeu maior diálogo para combater o preconceito e a desigualdade social, bem como a inserção de projetos sobre o tema nas escolas e comunidades.

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Milton Gerson (reg.prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)