Plenário

Parlamentares repudiam ameaças com viés racista e homofóbico

  • Vereadora Daiana Santos
    Vereadora Daiana Santos (PCdoB) (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Vereadora Laura Sito
    Vereadora Laura Sito (PT) (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Durante o período destinado às comunicações de lideranças, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (8/12), vereadoras e vereadores se manifestaram a respeito das ameaças com viés racista e homofóbico recebidas, no final da tarde desta segunda-feira (6/12), pelas vereadoras Karen Santos (PSOL) e Daiana Santos (PCdoB) e direcionadas aos integrantes da bancada negra da Câmara.

VIOLÊNCIA - Laura Sito (PT) cobrou a amplificação da luta contra a ameaça feita à bancada negra de Porto Alegre. Ressaltou que a agressão recebida por email, que também atinge ao conjunto da Casa, é típica da violência política crescente no país. Citou casos semelhantes que ocorreram em outros estados brasileiros, especialmente com parlamentares negros e LGBTs, mas lembrou que ameaças também se direcionaram a políticos de outros espectros ideológicos, o que demonstra uma prática nefasta e organizada de terrorismo cibernético, já comum em todo o território nacional. A parlamentar petista cobrou a identificação e penalização desses grupos e também maior segurança aos parlamentares. Afirmou que não se desejam mártires, mas a possibilidade de prosseguir na luta por um pais mais justo, democrático, soberano e livre de qualquer forma de preconceito. (MG)

ORGULHO - Daiana Santos (PCdoB) falou da ameaça sofrida. Leu trecho do email que considerou covarde e duro: “comunista, negra e sapatão; uma desgraça tripla e só por isso merece morrer”. Colocando a bandeira com as cores LGBTQIA+ na tribuna enquanto se manifestava, Daiana ressaltou que tem orgulho da sua condição, que nunca se escondeu e não se acovardará diante desse tipo de violência. Lembrou a declaração de um senador gaúcho, considerando que “negros, gays e índios eram tudo o que não prestava” e, também, do chamado “kit gay”, amplamente usado na campanha do presidente Bolsonaro. Recordou a luta da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, e outros parlamentares ameaçados, como Jean Willys, que deixou o país. Daiana lamentou que o Brasil seja hoje o país que mais mata pessoas do espectro LGBTQIA+ no mundo, com 237 vidas perdidas só no último ano. Saudou o reforço da segurança na Casa, mas disse que essa violência, ligada ao poder e que busca anular vozes que lutam pela igualdade, não pode ser naturalizada. (MG)

AUTORITARISMO – Matheus Gomes (PSOL) disse que as ameaças acontecem num contexto de aumento da violência política e do fortalecimento de ideias autoritárias sobre as instituições. Afirmou que a argumentação de ideias e a mobilização social são aceitáveis, mas o que foi escrito na mensagem ultrapassa as barreiras democráticas. Considera que a Câmara deve se articular com a Assembleia Legislativa, o governo do Estado, o poder Judiciário e a imprensa, pois não se trata de um fato isolado, com estrutura do email, mensagem e assinatura semelhantes às de outros pontos do país. Matheus Gomes observou ainda que o foco são os parlamentares da esquerda, negros e LGBTs, mas que políticos de outros partidos também foram alvo. Lembrou de já ter procurado a Polícia seis vezes, duas por ameaça de morte, e que as medidas de segurança devem ser duras, mas não impedir o ingresso democrático do público às galerias do Legislativo. (MG)

SOLIDARIEDADE – Giovani Byl (PTB) manifestou a solidariedade da bancada do PTB às vereadoras Daiana Santos (PCdoB) e Karen Santos (PSOL) e a toda bancada negra da Câmara Municipal da capital gaúcha. Considerou as ameaças inaceitáveis e afirmou que é um crime que choca, mas não surpreende, porque é fruto do incômodo causado pela representatividade desses parlamentares. Disse que por ser jovem e de periferia, com origem no Orçamento Participativo, também sente esse preconceito. Cobrou que os fatos devem ser investigados e, uma vez identificados os autores, eles devem ir para a cadeia. Falou que a evolução da tecnologia, que permite esse tipo de agressão e faz com que muitos covardes se encorajem escondidos atrás da internet, também permite o rastreio dessas pessoas. (MG)

SEGURANÇA - Laís Mandato Coletivo (PSOL) ressaltou que o racismo mata e disse que um exemplo disso é a vereadora assassinada no Rio de Janeiro Mariele Franco. "A Câmara (de Porto Alegre) precisa de mais segurança, tendo em vista essa ameaça sofrida por nossos colegas aqui na Capital." Enfatizou que a segurança do Legislativo municipal está fragilizada e declarou que somente os vereadores negros são ameaçados. "Inúmeros vereadores que não são negros também desaprovam diversas pautas desta cidade, mas quando os vereadores negros desaprovam certas pautas são ameaçados. Isso tem que acabar." (PB)

Texto

Milton Gerson (reg. prof. 6539)
Priscila Bittencourte (reg. prof. 14806)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)