Pedro Ruas: Legalidade é um exemplo de defesa à democracia

Por iniciativa do vereador Pedro Ruas a Câmara Municipal realizou nesta terça-feira (24/8) sessão solene em homenagem aos 60 anos da Legalidade, com o objetivo relembrar o movimento liderado por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, que garantiu o cumprimento da Constituição e a posse do então vice-presidente da República, João Goulart quando da renúncia de Jânio Quadros em 25 de agosto de 1961. A ideia do vereador é fazer uma sessão de homenagem à Legalidade todos os anos.

"A Legalidade é um exemplo permanente. Eu tive a honra de poder conviver com o protagonista desse episódio, o próprio Brizola. Eu era muito curioso, jovem, perguntava muito, e sei muitos fatos da Legalidade. E é fascinante, a unidade do nosso povo, milhares de pessoas na Praça da Matriz diariamente, com a Brigada Militar inteira sob o comando do Brizola. O Brasil se movimentando no ritmo que o Brizola ditava pela rádio Guaíba. Um marco, o anti golpe, o contra golpe, com o apoio da população, a mobilização da sociedade, que conseguiu impedir aquele golpe das elites", disse Ruas. "Eu e Fernanda lutamos para colocar o nome 'Legalidade e Democracia' na avenida de entrada e saída de Porto Alegre. Infelizmente, por ora voltou a ter nome de um ditador, mas essa luta não terminou".

A deputada federal do PSOL pelo Rio Grande do Sul, Fernanda Melchionna, presente na solenidade que foi realizada no plenário Ana Terra, manifestou que "Sempre que ouvia nas rádios sobre o trânsito na Avenida da Legalidade eu sentia orgulho do nosso trabalho". Enfatizou que está atenta aos movimentos e a crise pela qual a Nação está passado, mais uma vez. "Não podemos nos dar ao direito a ter medo, o Brasil precisa de coragem e pra isso precisamos da nossa história, o 7 de Setembro não pode ser palco da extrema direita”.

O jornalista, professor de Jornalismo e escritor Juremir Machado, palestrante convidado da solenidade, ressaltou informações que foram alvo de novas pesquisas sobre o episódio. Informou que o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul detém documentos desconhecidos até então, que narram o comportamento dos deputados da Assembleia Legislativa do estado. Esse material – discursos e debates plenários durante os dias que antecederam a posse de Jango – foram recuperados pelo Memorial da Assembleia Legislativa e constam de um capítulo do último livro de Juremir sobre o tema, intitulado Brizola, Vozes da Legalidade – Política e Imaginário na Era do Rádio.

 Os discursos mostram que deputados de todos os partidos, mesmo os de oposição ao governador Brizola e até os defensores do Parlamentarismo, defendiam a posse de Jango, por não quererem impor como golpe essa forma de governo.  "Mas em Brasília, nos bastidores, os deputados estavam em articulação direta e total pela aprovação daquilo que era o sonho deles. Desde o início se articulou pelo Parlamentarismo", conta. "Mas a Legalidade foi o único grande levante, uma demonstração suprapartidária, algo idealista", acentuou o escritor. Juremir dedicou sua participação na solenidade ao sargento da aeronáutica  Edio  Erig, atualmente com 90 anos, pessoa que detectou a mensagem que ordenava à Base Aérea de Canoas bombardear o Palácio Piratini. O militar levou a notícia aos seus pares que impediram o cumprimento da ordem.