Plenário

Sessão Ordinária / Lideranças

25ª Sessão Ordinária da 1ª Sessão Legislativa Ordinária. Discussão e votação de projetos.
Sessão ordinária teve formato virtual (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Na tarde desta quarta-feira (31/3), em sessão ordinária, vereadores e vereadoras da Câmara Municipal de Porto Alegre fizeram os seguintes pronunciamentos em período de Lideranças:

 

MANIFESTAÇÃO - Leonel Radde (PT) mencionou, neste dia 31 de março, "o pior período da história do nosso país", relembrando as pessoas torturadas e mortas pelo regime de exceção. “Parece que muitos gostam dessa fase em que ninguém podia falar, se manifestar ou divergir. Era assim que funcionava na ditadura militar de 1964.” Reconheceu publicamente todos que lutaram pela democracia e disse que eles são os responsáveis por estarmos aqui hoje debatendo. Sobre representação que chegou à Mesa Diretora, assinada pela vereadora Fernanda Barth (PRTB), Comandante Nádia (DEM) e Pablo Melo (MDB), comentou: “Se sentiram ofendidos porque em um vídeo, depois de registrar BO contra uma manifestante neonazista, pedi para que eles se posicionassem contra a manifestação dela.” (LMN)

 

DITADURA - Pedro Ruas (PSOL) disse que no dia de hoje, há 57 anos, registrava-se um golpe militar que trouxe 21 anos de atraso à nossa nação e uma "marca inapagável na história do Brasil" de desrespeito aos direitos humanos. “Não há como não registrar. Não entendam como qualquer provocação, não é. É necessário para que isso nunca mais aconteça e para que não se repita essa barbárie que infelicitou a nação por tanto tempo e que deixará para sempre marcas.” Disse que é importante que se resgate a memória e se busque a verdade, com justiça para todos aqueles torturados até a morte nos porões da ditadura. “Os grandes vilões de 64 criaram uma forma de não serem punidos. O 31 de março é a marca do arbítrio, da morte, da tortura, e um símbolo a ser relembrado na busca da memória.” (LMN)

 

RESPOSTA - Jessé Sangalli (Cidadania) disse que acompanhou a fala do colega Leonel Radde (PT) e que achou suas acusações "levianas" e se sentiu "profundamente injustiçado". “Ele foi desonesto ao induzir  que nós, eu e a vereadora Fernanda Barth, tínhamos qualquer relação com as palavras proferidas por uma pessoa aleatória na manifestação.” Segundo Sangalli, Radde tentou convencer seus seguidores de que eles apoiavam regimes totalitários e o ato neonazista, e que isso não tem fundamento. “Embora ele tenha sido desonesto, não me sinto à vontade de punir um vereador por falar besteira em seu facebook. Espero que ele possa refletir para que isso não venha a se repetir no futuro.” (LMN)

 

VITIMIZADO - Pablo Melo (MDB) disse que sempre respeitou muito a história e a construção de vida de cada um dos vereadores, e que se sentiu vitimizado ao receber o vídeo do vereador Leonel Radde (PT). “Tenho uma história política e meu pai foi uma das pessoas que lutou pela redemocratização do país ao lado da minha falecida mãe. Sempre fui contra qualquer regime de exceção, seja de esquerda ou de direita.” Falou que gostaria muito de uma retratação pública por parte do vereador do PT e pediu respeito pela sua história e pelos seus eleitores. “Aqui tenho certeza que todos são a favor da democracia.” (LMN)

 

1964 - Fernanda Barth (PRTB) registrou seu descontentamento com Leonel Radde (PT). “Não foi apenas uma fala (de Radde), foi uma associação a nazismo, isso até onde eu saiba é calúnia e difamação.” Afirma que Radde estava “imputando mentiras” que “disseminaram o ódio” e que “isso vai ser respondido no momento certo”. Destacou, sobre o 31 de março, “um texto maravilhoso e explicativo” de Enio Meneghetti, que alega existir “falta conhecimento geral sobre o que aconteceu em 1964”, e que “o AI-5 só veio em 1968, o fato que completou aniversário agora é a derrubada de João Goulart”. O texto cita que a imprensa apoiava a derrubada de Jango, a participação cubana e soviética no começo da década de 60, além de decretos elaborados pelo então presidente João Goulart. (RF)

 

PERSEGUIÇÃO - Daiana Santos (PCdoB) afirma que “para nós, que sofremos perseguição dessa ditadura, lembramos esta data (31 de março) para que nunca mais haja nada semelhante a isso”. Citou o efeito na vida da população negra, apontando que “acentuou de forma vertiginosa o processo de empobrecimento da população negra, a violência aos corpos negros” e que “a repressão às lideranças negras casou a morte e o desaparecimento de mais de 40 lideranças políticas”. Comunicou ter registrado Boletim de Ocorrência por ser “constante e covardemente atacada pela internet”, apontando que “fazem isso aqueles que não compreendem o processo democrático como legítimo”. Daiana sugeriu “àqueles que negam tudo isso, que conheçam a história para não ficarem reproduzindo falsas verdades”. (RF)

 

MOVIMENTO - Comandante Nádia (DEM), citando o ministro da Defesa, general Braga Netto, aponta que acontecimentos históricos “só podem ser compreendidos pelo contexto da época”. Citou a expansão de ideologias totalitárias no século XX, a derrota do nazifascismo ao fim da Segunda Guerra, e diz que após a Guerra Fria “um cenário de inseguranças, ameaças reais à paz e democracia” perduraram no Brasil. Para Nádia, os “brasileiros perceberam a emergência” do que resultou no “movimento de 31 de março de 1964”. Segundo ela, o “cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, ambientais, cibernéticos”. “Não estamos falando de algo que não aconteceu, mas com uma ótica da história verdadeira, o povo foi para a rua clamar para que a democracia estivesse presente no país.” (RF)

 

MILITARES - Matheus Gomes (PSOL) disse que “não podemos permitir apologia à ditadura, é crime”. Aponta que um dos grandes problemas do pais é “não ter extraído do passado aquilo que não queremos nunca mais”. Disse ainda que deveríamos “seguir o caminho de países da América Latina, como Uruguai e Argentina, onde militares tiveram que responder pelos crimes que cometeram” e espera no Brasil “uma mobilização popular como ocorreu no Chile”. “Quando militares cassam mandatos, intervêm no judiciário, torturam opositores, isso se chama golpe e não se chama revolução. É uma vergonha ter mais de 11 mil militares em cargos do governo federal. Precisamos de compromisso com liberdade democrática e que esse período nefasto da nossa história não aconteça nunca mais.” (RF)

 

CONTRARREVOLUÇÃO - Mônica Leal (PP) disse que entende o 31 de março de 1964 como uma "contrarrevolução”. Segundo ela, não houve golpe, pois estaria em andamento o processo gradual da implantação de um movimento comunista internacional, de ideologia contrária aos princípios democráticos.  “Trata-se apenas de recordar um acontecimento histórico, que, com seus erros e acertos, trouxe nova face ao Brasil.” Salientou que o país saiu de uma economia atrasada para a oitava economia no mundo, restabelecendo a ordem nacional e a unidade, e que foram combatidos princípios subversivos. “É importante deixar claro que os militares sempre realizarão o que a sociedade civil quiser e precisar, o movimento contou com o apoio da sociedade e das famílias que foram para as ruas”, concluiu. (GS)

 

MARÇO - Lourdes Sprenger (MDB) salientou o Dia Internacional da Mulher (8/3) e que, como procuradora especial da Mulher, realizou série de lives sobre trajetórias femininas e que é preciso dar continuidade ao combate à violência contra as mulheres. Citou a Lei Maria da Penha e os tipos de agressões: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial. “Precisamos avançar muito mais e dar continuidade à divulgação de proteção às mulheres.” Citou o Dia Nacional dos Animais (14/3) como forma de conscientização sobre cuidados que todos devem ter com outras espécies. “Quem maltrata um animal, maltrata seus semelhantes.” Lembrou da criação do Gabinete da Causa Animal, pela prefeitura. E parabenizou os 55 anos da fundação do MDB, pela “história de lutas e oposição ao autoritarismo”. (GS)

 

Texto

Rian Ferreira (estagiário de Jornalismo)
Lara Moeller Nunes (estagiária de Jornalismo)
Glei Soares (reg. prof. 8577)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)