PLENÁRIO

Sessão ordinária / Lideranças e Comunicações

Sessão Ordinária realizada de forma virtual devido aos estragos da enchente.
Sessão ordinária foi realizada de forma virtual devido aos estragos da enchente (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Em sessão ordinária virtual realizada na tarde desta segunda-feira (20/05), vereadores e vereadoras falaram em tempo de Lideranças e Comunicações sobre as seguintes pautas:

RISCOS – Pedro Ruas (PSOL) falou sobre uma declaração do governador Eduardo Leite, em sua visão gravíssima. “Ele foi avisado das intempéries, ele foi avisado dos riscos, do nível que poderia chegar a situação climática”, declarou, e que o governador tinha outras agendas no momento. “Nenhuma agenda é mais importante do que a vida dos gaúchos e das gaúchas”, criticou. “O governador foi irresponsável, o governador foi inconsequente, ele nos representou mal", finalizou. (ABC)

MORADIA – Roberto Robaina (PSOL) trouxe sua preocupação com o tema dos abrigos. “Tem muito abrigo desassistido”, apontou e que falta transparência na gestão dos mesmos. Também demonstrou receio com relação a solução temporária do governo municipal para a moradia da população desabrigada, e que não é possível que a Câmara não debata sobre isso. “A rede hoteleira de Porto Alegre deve servir neste momento”, sugeriu. De acordo com o vereador, numa crise como esta, medidas excepcionais devem ser tomadas. “Isto só não pode ser colocado na pauta se quiserem fazer uma separação entre ricos e pobres”, frisou. (ABC)

DRAGAGEM – Jessé Sangalli (PL) apontou a necessidade de dragar o Guaíba. “Ele acaba sendo uma região de águas lentas. Os detritos que são trazidos pelas partes altas acabam se depositando”, explicou. Ele disse que foi destinado pelo governo do Estado R$ 70 milhões para fazer a dragagem do Guaíba, mas que, segundo o vereador, é pouco para executar a dragagem na região de Porto Alegre. Jessé propôs que a areia retirada através da dragagem possa servir inclusive para proteção posterior da cidade. (ABC)

DESASSOREAMENTO – Tiago Albrecht (NOVO) comentou sobre medidas emergenciais a serem adotadas e concordou com a ideia do colega Jessé Sangalli (PL) de fazer a dragagem do Guaíba. “Desassorear não pode ser uma pauta ideológica”, afirmou. Ele citou o Arroio Dilúvio como exemplo de desassoreamento que deu certo em Porto Alegre e que caso não tivesse sido feito, “a Ipiranga teria virado um riacho”. O parlamentar ainda disse que será preciso muito dinheiro vindo da União para reconstruir o Estado e o município. “Em Brasília, precisamos pedir socorro para os empreendedores”, solicitou. (ABC)

LODO – Fernanda Barth (PL) afirmou que o governo estadual precisa atuar na dragagem do Guaíba e dos rios que desaguam nele. “Isso precisa acontecer para hoje”, pois novas chuvas trariam riscos de mais inundações, de acordo com a vereadora. Ela ressaltou que a pauta da dragagem costuma travar na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). A vereadora afirmou que há um banco de areia no Guaíba causado pelo acúmulo de detritos por conta das chuvas que pode exigir uma nova batimetria. “Esse lodo que desceu provavelmente está contaminado, o que o tornaria indevido para a construção civil”, destacou, afirmando que a areia precisaria ser transportada para longe dos rios. (JFC)

RECONSTRUÇÃO Biga Pereira (PCdoB) disse que a Câmara precisa atuar como entidade fiscalizadora, compilando sugestões para a reconstrução da cidade e verificando quais indicações estão sendo aproveitadas pelo Executivo. “Estamos vivendo etapas, cada semana é um desafio diferente”, ressaltou. Em relação às moradias provisórias para desabrigados, afirmou que é preciso “ter cuidado para que as pessoas, que já foram tão machucadas, não sejam revitimizadas”. Defendeu que elas precisam ter acesso a serviços, como educação e saúde, e não podem ser segregadas, devendo ficar próximas a seus bairros de origem. (JFC)

BOMBAS Airto Ferronato (PSB) disse nunca ter sido favorável à derrubada do Muro da Mauá. Ressaltou o funcionamento, na Zona Norte, de bombas flutuantes que vieram de outros estados. Pediu que também sejam instaladas bombas na Vila Farrapos e no Humaitá, e sugeriu que arrozeiros emprestem equipamentos, caso não haja mais disponibilidade de novas bombas. “Só com a abertura das comportas, vai demorar um tempo longo demais” para a água da região escoar, disse. (JFC)

LIMPEZA Alvoni Medina (Republicanos) cobrou a limpeza dos bairros afetados pela enchente. “Queremos ver nossa cidade reconstruída e nosso povo voltando para suas casas”, ressaltou. Ele relatou que saiu de sua casa, no Bairro Humaitá, e está abrigado provisoriamente em Gravataí. Medina pediu interlocução junto à Prefeitura para dar resposta às cobranças feitas pelos cidadãos: “estamos de mãos atadas, sem comunicação de parte do nosso governo sobre quem vai auxiliar a população”. (JFC)

MURO – Cassiá Carpes (Cidadania) relembrou a construção do Muro da Mauá, em 1970. Disse que é uma obra de 54 anos e, portanto, já está defasada e precisa ser modernizada. "A obra foi feita com verbas a fundo perdido do Banco Mundial. Quem sabe não é hora de procurar novamente um empréstimo no mesmo banco para recuperar o muro?", questionou. (MAM)

FUTURO Jonas Reis (PT) disse que muitos negacionistas climáticos foram enterrados vivos com a enchente. Para ele, este é o preço que se paga pela relação de exploração do homem com a natureza. "Temos de tomar a dianteira de políticas públicas. Qual será nossa relação com o meio ambiente daqui para frente? A expansão da cidade precisa ser muito bem pensada", afirmou. (MAM)

CESTAS Cláudio Janta (Solidariedade) questionou qual o critério que a Prefeitura está utilizando para distribuir cestas básicas. Segundo ele, há filas imensas nos locais de distribuição, mas não se sabe quais são os beneficiados. Cobrou também agilidade da Equatorial, principalmente na parte baixa do Centro, que está há 17 dias sem energia elétrica. "As empresas da região estão sendo saqueadas", alertou. (MAM) 

COMUNICAÇÃO Cláudia Araújo (PSD) cobrou uma melhor comunicação da Prefeitura com os vereadores. Disse que não tem conseguido obter informações de como ajudar pessoas que a procuram para conseguir uma cesta básica ou vaga em um abrigo. "Há pessoas que não moram em Porto Alegre mas ficaram presas aqui e não têm onde se abrigar. Há autônomos que não conseguem trabalhar, perderam sua renda e precisam de uma cesta básica para se alimentar", pontuou. (MAM)

DOAÇÕES – Conselheiro Marcelo (PSDB) disse que foi muito afetado pela enchente, já que mora na Zona Norte da Capital. “Nós somos muito cobrados pela população, pelos atingidos”, desabafou. Sobre os abrigos, afirmou que as doações estão sendo direcionadas, mas que tem abrigos que estão recusando certas doações. “A gente tem que ter um olhar também para as famílias acolhedoras. Eu tenho gente que tá com 20 pessoas na sua casa”, contou. O vereador denunciou que inclusive há pessoas que vão aos abrigos pegar doações sem necessidade. (ABC)

GOVERNO – Pablo Melo (MDB) concordou que o fluxo de comunicação com a Prefeitura tem que melhorar. Conforme o vereador, não é justo somente criticar o governo e que há fake news circulando sobre a gestão municipal. “O governo Melo investiu, entre 2021 e 2022, R$ 593 milhões em drenagem e abastecimento de água”, afirmou. Ele também parabenizou os vereadores que estão se voluntariando para ajudar a população, independente de vertente ideológica. (ABC)

AUXÍLIO – Giovani Culau e Coletivo (PCdoB) contextualizou as dificuldades enfrentadas pela cidade e que até a base do governo está relatando problemas no contato e comunicação com o Executivo. O vereador falou que entrou em contato com a Fasc para saber como vai funcionar o cadastro das famílias que poderão receber o auxílio de R$ 5 mil a ser pago pelo governo federal, porém, não teve retorno. Ele reforçou que somente o trabalho voluntário não será suficiente para suprir as necessidades dos atingidos. “A necessidade é imediata da contratação de força de trabalho, seja pra limpeza da cidade, seja para o trabalho nos abrigos”, apontou. (ABC)

AÇÕES – Engenheiro Comasseto (PT) cumprimentou os voluntários, em Porto Alegre, no Estado, no Brasil e até no exterior. Comentou que ele e um grupo de engenheiros, arquitetos, geólogos e hidrólogos entregaram um documento aos governos municipal, estadual e federal com um conjunto de sugestões técnicas, e “a principal delas são estas bombas flutuantes trazidas de outros estados”. No campo da habitação, ele mencionou as ações que o governo federal vem promovendo, tais como auxílio de 5 mil reais, benefícios para financiamentos habitacionais de quem perdeu sua casa, entre outros. “Isto tudo acontece no território do município, então tem que ser uma ação integrada”, afirmou. (ABC)

ANIMAIS Lourdes Sprenger (MDB) afirmou que se estima que há mais de 10 mil animais em abrigos na Capital e na Região Metropolitana. “Não sabemos quantos tutores terão condições de levar seus animais, pois muitos ficaram sem suas residências. Esta é a realidade”, disse. A vereadora afirmou que a Prefeitura irá contratar veterinários por meio de contratos emergenciais e pediu auxílio do Ministério do Meio Ambiente para lidar com a situação dos animais. “Isso não é um mês, vai levar tempo”, alertou. (JFC)

DESMONTE Professor Alex Fraga (PSOL) afirmou que a Fasc se mostrou “completamente inoperante e incapaz de gerenciar a destinação de pessoas para abrigos e de montar abrigos de forma rápida e acelerada, como a nossa situação exigia”. Criticou o que chamou de “desmonte da estrutura pública”, a qual “deveria estar atuando como ponta-de-lança da crise gravíssima que vivemos”. Ressaltou que Porto Alegre conta com um sistema para prevenção de cheias que falhou, pois diversos bairros foram alagados. “Descaso, incompetência e irresponsabilidade. Isso não precisava ter acontecido”, disse, mencionando a falta de manutenção das estruturas. (JFC)

Texto

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)
João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)

Edição

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)