COMPARECIMENTO

Prefeito quer dividir decisões sobre o transporte público

Comparecimento do prefeito Sebastião Melo.
Prefeito Sebastião Melo (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

O prefeito Sebastião Melo participou do Período de Comparecimento da sessão ordinária desta segunda-feira (22/2). Pediu que os vereadores discutam o assunto e compartilhem com o governo as responsabilidades e decisões sobre o transporte público de passageiros na cidade. Melo fez um breve histórico da evolução do sistema e explicou que os ônibus perderam 40% de seus passageiros de 2015 a 2019 e ao mesmo tempo tiveram um aumento de 30% nas isenções o que não tem como não impactar no aumento das passagens. Explicou, ainda, que a empresa pública Carris assumiu 19 linhas que eram operadas pelo setor.  Que a retirada dos cobradores em horários sem movimento e o fim da isenção dos estudantes que ganham mais enfrenta forte resistência, mas, que é preciso discutir o tema. Em sua opinião, o sistema está colapsado e todos os remédios para o problema são extremamente amargos. Solicitou que a Câmara destaque pelo menos dois vereadores para participar da mediação que está sendo feita na Justiça com o Ministério Público, o Tribunal de Contas do Estado e a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP). Comparou os valores pagos por um trabalhador com carteira assinada, de 6% sobre o salário, um aposentado que ganhe R$ 12 mi e é isento porque tem mais de 65 anos, um estudante cujos país possam pagar R$ 8 mil para que ele estude numa universidade privada e paga só meia-passagem e um camelô, que trabalha durante o dia para levar o leite para seus filhos à noite e tem que pagar R$ 4,70 pela tarifa cheia dos ônibus. Afirmou que, para haver diálogo, não pode ter rejeição de pautas, tudo tem que ser discutido. Que há três questões que precisam ser avaliadas: o investimento de dinheiro público num sistema falido e em que se quer diminuir a operação e aumentar a passagem. Sugeriu o uso de ônibus menores, a possibilidade de as lotações aceitarem o cartão do Transporte Integrado de Porto Alegre (TRI) e a repactuação do contrato com as companhias que venceram a licitação de 2015. Informou, ainda, que amanhã vai a Brasília e, além do ministro da Saúde, deve se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro e pretende pedir a isenção total de impostos sobre o transporte urbano. O secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Zachia, lembrou de sua passagem pela Câmara, como vereador, durante 10 anos e que chegou a ser presidente da casa, em 2001. Disse que embora a tarifa esteja extremamente defasada, o aumento das passagens é algo inconcebível para os  usuários. Falou que, embora quando da última licitação para escolha de quem iriam operar o sistema, em 2015, mesmo com a inexistência de aplicativos e da pandemia, já se observava uma queda no número de passageiros nos ônibus. Mas era de cerca de 2% ano ano, de forma que ninguém podia imaginar que haveria uma queda tão rápida. Os custos eram os mesmos mas a demanda diminuiu muito nos últimos quatro anos. Zachia recordou que, à época, se entendia que, o aumento na qualidade do serviço era o caminho para se atrair os usuários. A meta era atingir a média de quatro passageiros por metro quadrado, enquanto a média nacional era de seis pessoas, e garantir ar condicionado em 100% da frota. Só que a instalação dos equipamentos aumentou em 20% o consumo de diesel pelos veículos, com impacto direto no preço das passagens. O secretário lembrou, ainda, que, em 2015, Porto Alegre tinha 1.712 ônibus, que percorriam  10 milhões de quilômetros por mês, enquanto que, em 2019, o número de ônibus caiu para 1.518, que percorriam apenas 8,6 milhões de quilômetros mensais. A frota foi menor e a circulação decresceu 13% em quatro anos.  

Texto

Joel Ferreira (Reg. Prof. 6098)

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