Tribuna Popular

Projeto Angelina Luz cobra cuidado com saúde de mães neurotípicas

  • Tribuna Popular: Projeto Social Angelina Luz aborda os direitos e desafios trazidos pelo transtorno do espectro autista
    Mães de filhos autistas participaram da sessão de hoje (Foto: Fernando Antunes/CMPA)
  • Tribuna Popular: Projeto Social Angelina Luz aborda os direitos e desafios trazidos pelo transtorno do espectro autista
    Érica Rocha coordena o projeto Angelina Luz (Foto: Cristina Beck/CMPA)

O período destinado à Tribuna Popular da Câmara Municipal de Porto Alegre desta segunda-feira (3/4) foi ocupado pelo Projeto Social Angelina Luz. A presidente da entidade, Érika Rocha, discursou sobre os direitos, saúde e educação de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e também das mães dos autistas.

 

“Poderia vir aqui hoje me repetir sobre a falta de acesso às terapias pelo SUS, poderia vir aqui repetir a respeito da educação inclusiva, que é inexistente”, criticou Érika. Apesar das reivindicações habituais, ela destacou a necessidade de cuidado e acolhimento às mães de crianças neurotípicas. A invisibilidade e a falta de intervenção terapêutica para acolher filhos e mães de autistas também foram pautadas por ela. Segundo Érika, as leis federais sobre o tema existem há dez anos, mas não são aplicadas corretamente.

 

Érika alertou que o maior índice de suicídio está entre as mães neurotípicas. “A mãe Ana Paula, que teve um infarto, ficou 12 dias morta dentro de casa com seu filho autista de seis anos comendo resto de comida, vendo a mãe em decomposição”, afirmou. Ela disse estar esperando a abertura do Centro de Acolhimento de Crianças com Autismo e questionou se o centro vai acolher jovens com mais de 12 anos. “Depois de 12 anos não são mais autistas?”, indagou.

 

A jornalista Isabel Ferrari relatou sua experiência como mãe neurotípica de um menino de 12 anos que não se expressa verbalmente. “Eu sou a voz do meu filho”, ressaltou. De acordo com ela, um a cada 36 nascidos vai estar dentro do espectro autista. E acrescentou que a solidão dessas mães é fruto da falta de atenção da sociedade para com elas, em especial nas escolas.

 

Isabel relatou a dificuldade de ter acesso à educação para crianças com TEA, tanto na rede pública quanto na privada. “A gente sabe que é lei a inclusão de crianças com autismo na sala de aula, mas, por enquanto, a lei está bem difícil de ser cumprida”, apontou a jornalista. Ressaltou também o cansaço e a dificuldade com os cuidados diários das mães de crianças com autismo e fez um apelo pedindo mais atenção à causa.

Texto

Josué Garcia (estagiário de Jornalismo)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)