Plenário

Projeto denomina José Elias Flores uma rua na Lomba do Pinheiro

Homenagem à comunidade libanesa no Brasil. Na foto: Vereador João Carlos Nedel
João Carlos Nedel (PP) (Foto: Josiele Silva/CMPA)

Está em tramitação, na Câmara Municipal de Porto Alegre, o projeto de lei que denomina Rua José Elias Flores o logradouro cadastrado e conhecido como Rua Seis Mil e Trinca e Cinco, no bairro Lomba do Pinheiro.  De autoria do vereador João Carlos Nedel (PP), o projeto pretende homenagear o empresário responsável por grandes empreendimentos inovadores, tanto na Capital quanto em outros municípios. 

José Elias Flores nasceu no dia 6 de junho de 1932, em Santa Cruz do Sul, cidade localizada no Vale do Rio Pardo, interior do Rio Grande do Sul. Após perder o pai, ele se mudou com a mãe ainda jovem e sem recursos para a cidade de Bagé. Aos 10 anos de idade, já trabalhava como engraxate, vendedor de jornais, bilhetes lotéricos e também vendia pastéis para ajudar no sustento da família, contanto sempre com a ajuda de seu irmão, Percival Flores. Começou a frequentar, gratuitamente, os estudos à noite no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora. Depois de um ano, ele conseguiu conciliar os estudos com o trabalho de carregador de malas na Estação Rodoviária de Bagé. 

Em 1945, José Elias chegou em Porto Alegre, onde passou por diversas profissões. Começou como office boy de uma farmácia, depois como estafeta – entregador de telegramas – na antiga Western Telegraph Company. Ele também atuou como carregador de caminhões, empacotador, vendedor, viajante, até se tornar corretor de imóveis, profissão que o levou a grandes conquistas. Com investimento no ramo, iniciou sua história de empreendedorismo na Capital vendendo terrenos no chamado Beco do Carvalho, localizado na Avenida Ipiranga. Com o dinheiro das comissões, comprou terrenos pouco atraentes na época, próximo à Rua Antônio de Carvalho. Naquele empreendimento, José Elias fundou o Consórcio Riograndense de Construção e Urbanização, denominado mais tarde como CORTEL S/A. A empresa atuava em projetos de urbanização, terraplenagem e na abertura de açudes. Assim surgiu o plano de construir duas mil casas populares, um projeto que atraiu a atenção do prefeito, do governador do Estado e até do presidente da República, todos interessados no empreendimento, construído com infraestrutura de alta qualidade e que havia sido o primeiro projeto aprovado pelo então Banco Nacional da Habitação (BNH).

O empresário recebeu um convite para realizar a venda de um grande lote de terras, desde que aceitasse receber participação em um novo cemitério, no ano de 1970. A área do local era no antigo campo do Esporte Clube Cruzeiro, próximo à Avenida Oscar Pereira. Ele aceitou a proposta e realizou a construção do Cemitério Ecumênico João XXIII, construído em concreto armado, pioneirismo que despertou interesse de empreendedores de outros estados e países. Também foi o primeiro cemitério vertical do país, e naquela época, o mais alto do mundo. 
Desde então, a opção por seguir atuando no ramo foi natural. José Elias construiu o Cemitério Parque São Vicente, em Canoas, o Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula, em Pelotas, o Memorial Ecumênico Cristo Rei – Cemitério Parque, em São Leopoldo, o Cemitério Parque Memorial da Colina, em Cachoeirinha e o Cemitério São José, em Porto Alegre.  Em 1997, ele inaugurou o primeiro crematório da região Sul, em São Leopoldo. Em 2003, o serviço de cremação chegava a Capital, na construção do Crematório Metropolitano São José. Dois anos depois, foi a vez do município de Viamão receber o Crematório e Cemitério Parque Saint Hilaire, estabelecido em uma área com paisagens naturais.

Mas não foram apenas empreendimentos privados que investiu José Flores. Ele também foi líder de movimentos que reuniram proprietários das zonas Leste e Norte da Capital. Através desses movimentos, conquistou grandes melhorias estruturais nos bairros daquelas regiões. Foi por meio da sua luta que foi implantado o complexo de abastecimento de água dos Bairros Alto Petrópolis e Sarandi, que beneficiou toda a região que se estende desde o Bairro Agronomia até a Vila Santa Rosa, com contribuição, por parte daquelas comunidades, de sessenta por cento do custo total das obras. O primeiro tratamento asfáltico da Avenida Antônio de Carvalho foi iniciado por José Elias, que promoveu e liderou as tratativas que resultaram na implementação de uma linha de ônibus para atender a Avenida. Também iniciou o tratamento do trecho da Avenida Protásio Alves até a Avenida Manoel Elias. 

O trabalho e pioneirismo do empresário fizeram com que ele recebesse, em 1993, o título de Cidadão de Porto Alegre. Presidente por vários anos do Conselho de Cidadãos Honorários e Eméritos da Capital, José Elias Flores faleceu em 26 de dezembro de 2012, aos 79 anos de idade. 

As placas denominativas conterão, abaixo do nome do logradouro, os seguintes dizeres: Empresário e cidadão honorário de Porto Alegre.

Texto de: Munique Freitas (estagiária de Jornalismo)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)