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Projeto Levanta Cai Cai é apresentado da Cuthab

  • Reunião para apresentação do Projeto Levanta Cai Cai
    Projeto visa a dar condições dignas de moradia às famílias vítimas do incêndio (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)
  • Reunião para apresentação do Projeto Levanta Cai Cai
    e inclui campanha de arrecadação de doações financeiras (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, nesta terça-feira (14/12), reunião para apresentação do Projeto Levanta Cai Cai. Moradores da vila Cai Cai, localizada no bairro Cavalhada, zona sul de Porto Alegre, foram afetados por um incêndio na manhã do dia 8 de janeiro de 2021. Cláudia Favaro, do gabinete do vereador Roberto Robaina - que propôs a pauta -, iniciou a reunião com um panorama geral do tema, destacando a importância da discussão e da busca de soluções. "Conseguimos o aluguel social já, mas ainda há uma série de coisas a fazer. Há uma alternativa de moradia com um projeto arquitetônico feito a várias mãos. O desafio é tirar do papel e colocar em prática, dando condições de moradia para essas famílias", explicou. Contou ainda que o projeto já foi apresentado ao Demhab.

A presidente da Associação Mães e Pais pela Democracia, Aline Kerber, disse que, no dia do incêndio, houve visita ao local e a primeira atitude foi a locação de moradias para as famílias atingidas. "Há um trabalho longevo sendo feito com essa comunidade, que está atrelada à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat) e à Escola Neusa Goulart Brizola. Temos 28 pessoas que foram atingidas, seis famílias e 12 crianças. Já foi arrecadado mais de R$ 100 mil, com apoio de mais de 300 pessoas. Queremos que seja um caso de inovação de moradia popular e, nesse sentido, foi construído um projeto com um ecossistema de entidades para atender as necessidades de cada família", contou.

O professor João Francisco Pereira Neto relembrou que estava acontecendo uma ação na comunidade para que tivessem mais dignidade de moradia ainda antes do incêndio. "A ideia é que essas pessoas tenham moradia condizente com a sua realidade, e o projeto contempla essa situação. A iniciativa é ousada, foge do que normalmente acontece quando tem esse tipo de tragédia, quando são colocadas casas temporárias e acabam sendo definitivas. Espero que a Cuthab seja a nossa voz na Câmara", explicou. Destacou a contribuição do secretário municipal da Habitação, André Machado, que tem "mostrado os caminhos e a melhor forma de seguirmos com o projeto".

Os arquitetos do escritório Mãos – Arquitetura, Terra e Território, Eduardo Cidade e Jamile Mallet, responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, apresentaram a proposta, destacando as condicionantes do terreno e a real necessidade de cada família. "Conseguimos montar uma equipe junto com o escritório modelo da PUC, e cada casa teve o seu projeto desenvolvido individualmente", completou. Além do projeto, apresentaram os quantitativos e o valor de R$ 500 mil para a construção de seis casas. O montante de R$ 100 mil arrecadado até agora não é o suficiente e estão buscando 300 apoiadores que possam doar R$ 150 por mês para viabilizar o projeto, além de apoio do poder público.

O vereador Roberto Robaina (PSOL) salientou o esforço da sociedade civil para criar um novo paradigma. "É o que sinto, de darmos o exemplo. Tivemos uma certa sorte de termos uma mobilização e também do apoio do secretário André Machado. Sou otimista no sentido de que o governo possa cooperar."

O presidente da Cuthab, vereador Cassiá Carpes (PP), falou que é possível uma aproximação com o Sinduscon para que sejam parceiros no projeto e que vai encaminhar uma reunião entre as partes envolvidas. "Muitas empresas sócias ao Sinduscon são solidárias com projetos do governo e vou tentar fazer essa ponte", afirmou.

Representando os moradores do beco Cai Cai, Tamires de Oliveira disse que precisam do apoio dos vereadores para que tenham suas casas de volta. "Peço que cada um faça parte dos doadores e que olhem com muito cuidado o projeto. Saberemos retribuir o esforço e o empenho de vocês". Cristiano Mendes, também morador, falou que todos estão prontos para contribuir com a reconstrução do beco, colocando a "mão na massa" para o que precisar. "Não temos oportunidades na sociedade para poder crescer na vida, ter condição de dar uma vida digna aos nossos filhos e poder ajudar também as pessoas. Queremos ter uma casa onde possamos dormir sem preocupação, como em dias de chuvas que antes molhavam várias casas."

O secretário adjunto de Parcerias, Jorge Murgas, disse que a pasta está aberta para, em conjunto, construir um edital para buscar doadores de materiais para a construção das moradias ainda nesta legislatura. "Pode ser uma alternativa para fazer com que esse processo avance".

A vice-diretora da Emef Neusa Goulart Brizola, Gislaine Leães, disse que foi uma das primeiras pessoas a chegar no local do incêndio. "Foi desesperador e muito sofrido. Entendemos que a escola é um dos equipamentos sociais dessa comunidade e fizemos o nosso papel no acolhimento. Fomos sempre bem atendidos, desde o primeiro momento, por todos os profissionais da prefeitura. Quero reforçar que essa comissão tem forças para contribuir e buscar soluções."

O vereador Hamilton Sossmeier (PTB) comentou que observou, na reunião, a importância da abertura deste espaço na comissão para que logo as pessoas tenham a dignidade de ter suas casas de forma organizada, para abrigar suas famílias.

Texto

Grazielle Araujo (reg. prof. 12855)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)

Tópicos:mutirãohabitação popularincêndioVila Cai Cai