Audiência pública

Projeto para restringir caminhões divide opiniões

Capellari, Fraga, Rodrigues e Carús (d) Foto: Lívia Stumpf
Capellari, Fraga, Rodrigues e Carús (d) Foto: Lívia Stumpf

 A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou, na noite desta quinta-feira (17/3), audiência pública para debater a limitação ao transporte de caminhões e veículos pesados na cidade. Está na ordem do dia do plenário da Câmara projeto de lei do vereador suplente André Carús (PMDB) que veda o trânsito de veículos pesados e caminhões nas vias urbanas de até três faixas de circulação em cada sentido nos horários de pico nos dias úteis. Compareceram à audiência representantes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), de entidades comunitárias e do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do RS (Setcergs) - que se manifestou contrário ao projeto.

Carús garantiu que sua intenção não é culpar os caminhões pelos congestionamentos, mas contribuir para a busca de alternativas que minimizem "o trânsito caótico da cidade". Lembrou que São Paulo, Diadema (SP) e Curitiba já adotaram, com sucesso, a limitação de veículos pesados no Centro. Admitiu que seu projeto é polêmico, mas defendeu a busca de soluções que tragam mais qualidade de vida. Informou que quer sua proposta votada somente depois de aprofundado o diálogo sobre o tema, tanto que sugeriu a realização de uma audiência pública. Carús ainda elogiou a medida da EPTC de adotar um sistema de horários para a circulação de caminhões no Centro Histórico.       

O presidente da EPTC, Vanderley Capellari, disse que não opinaria sobre o projeto antes da avaliação da prefeitura e do aprofundamento do debate. Contou que o sistema adotado no Centro Histórico limita a circulação de caminhões das 7 às 19 horas nos dias úteis e das 7 às 14 horas aos sábados. Capellari lembrou que a medida foi concebida somente depois de ampla negociação com as entidades dos transportadores de cargas, chegando a um consenso. Ele afirmou que o objetivo principal é preservar o Centro e evitar acidentes que tragam prejuízos e riscos para a população. "Com a vontade da categoria dos transportadores, foi possível construir essa alternativa", disse.

O projeto não tem apoio do Setcergs, segundo o representante do sindicato, Gilberto da Costa Rodrigues. Na sua opinião, a proposta "é bem intencionada", mas trará mais transtornos. De acordo com Rodrigues, não podendo circular nas vias arteriais, os caminhões vão ter de transitar e parar nas vias secundárias, causando problemas nessas ruas. Ele cobrou a apresentação de um estudo técnico que aponte os benefícios do projeto para a comunidade. De acordo com o sindicalista, ao contrário do afirmado pelo vereador, em São Paulo a limitação dos caminhões "não funciona e foi empurrada goela abaixo". Ele informou que, para poder levar as mercadorias para o centro de São Paulo, os transportadores trocaram os veículos maiores por dois menores, gerando engarrafamentos da mesma maneira.

O vereador Mário Fraga (PDT) presidiu a audiência pública, que teve ainda a participação dos vereadores Bernardino Vendruscolo (PMDB), João Carlos Nedel (PP), Sebastião Melo (PMDB) e Idenir Cecchin (PMDB).

Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)