Covid-19

Restrição ao comércio é pauta de reunião entre prefeito e vereadores

Vereadores reunem-se virtualmente com prefeito Nelson Marchezan Jr para tratar do andamento dos trabalhos virtuais e relações entre os poderes durante a pandemia
Reunião virtual durou quase duas horas (Foto: Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Os vereadores de Porto Alegre e o prefeito da capital, Nelson Marchezan Jr., estiveram reunidos por pouco mais de duas horas em reunião virtual realizada nesta segunda-feira (15/6) para discutir o novo decreto do Executivo municipal que visa restringir liberações no comércio, por conta da pandemia do Covid19. No encontro, conduzido pelo presidente do parlamento, vereador Reginaldo Pujol (DEM), Marchezan respondeu aos questionamentos das bancadas e afirmou que a visão de vida, de negócios e da própria prefeitura não podem ser a mesma de antes da pandemia.

“Inegavelmente, há reflexos que já existem e que ainda chegarão. Nossa cidade foi uma das primeiras a tomar medidas restritivas, lá no início de março, e também uma das primeiras a diminuir as restrições em relação ao Brasil e ao mundo”, afirmou - justificando que a velocidade de ocupação dos leitos nos últimos 12 dias o fez tomar a decisão de ampliação de restrições de circulação. “Temos 2.122 casos de corona confirmados e 54 óbitos na capital, sendo que neste momento estamos com 76 leitos ocupados para tratamento da doença”, ressaltou.

O prefeito lembrou ainda que a maior demanda de leitos ocorreu nos primeiros dez dias do mês de abril, e que durante quase dois meses houve uma estabilização. “No entanto, no último decreto, datado de 20 de maio, começamos a ter um aumento de demanda, que na última semana foi o maior a partir do dia 7, o que nos levou a crer que se continuássemos sem restrição, no início do mês de julho já estaríamos com a nossa capacidade exaurida”, alertou ao enfatizar que a capacidade de testagem de Porto Alegre é de 540 testes dia, e a média tem sido de 150. “Hoje, todas as pessoas que apresentem sintomas na cidade são testadas”, disse.

A retomada da economia dentro desse novo cenário, de acordo com Marchezan, deve ser gradual. “A intenção de todos no mundo inteiro é voltar e nossas restrições não são para punir investidores, mas nossa obrigação é cuidar da população. A crise econômica e social é inevitável e é mundial. Lojas âncoras em shoppings centers, por exemplo, são responsáveis por levar mais pessoas às compras, têm mais funcionários, por isso fomos mais restritivos, pois as maiores geram mais circulação e essas, consequentemente têm maior faturamento, por isso a restrição aos comércios com renda superior a R$ 4,8 milhões anuais. Evitar atividades econômicas por enquanto é o remédio que conhecemos no mundo inteiro”, lamentou, afirmando que a decisão está adequada à legislação federal.

Questionado sobre o transporte público e sua influência na disseminação do vírus, Marchezan destacou que o setor passa por dificuldades em todo o planeta pois não há receita e na maioria dos casos o município acaba por subsidiar o serviço. “Para que usuários da educação e da saúde pública tenham acesso a eles, alguém tem que pagar, e assim também é com o transporte. Vários fatores, ao longo de anos, fizeram de Porto Alegre a cidade com uma das passagens das mais caras do Brasil”, disse, informando que cada veículo tem tido uma média de sete fiscalizações, bem como a aplicação de multas para as empresas de ônibus que descumprem a norma do número máximo de passageiros nesse momento de pandemia.

A cidade teve quase 30 surtos de Covid19, o que, de acordo com o prefeito, não é produtivo para a sociedade divulgar os locais. “Quando ocorrem, essas áreas são notificadas e a vigilância toma as medidas. Nossa capital testa mais do que a média do Brasil inteiro. Por isso, reforço que a ocupação dos leitos de UTI é o indicador referência para a tomada de decisões, tendo em vista também que, historicamente, sempre há leitos ocupados por pessoas de outros municípios, em torno 50% a 60% de pessoas que não residem na capital”.

Ao final da reunião, o presidente Reginaldo Pujol salientou que desde 1972, quando ingressou pela primeira vez no parlamento, nunca presenciou um momento como o ocorreu nesta tarde. “Honestamente nunca vi um prefeito ficar mais de duas horas à disposição dos vereadores para responder às perguntas”, finalizou.

Texto

Lisie Bastos Venegas (reg.prof. 13.688)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)