Reunião da Cefor trata sobre o gerenciamento de resíduos em Porto Alegre
A Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) realizou reunião, na manhã desta terça-feira (27/06), para tratar sobre o panorama do gerenciamento de resíduos em Porto Alegre. A reunião foi conduzida pela vice-presidente da Cefor e proponente da pauta, vereadora Biga Pereira (PCdoB). “Nós já tivemos Porto Alegre como referência na questão da reciclagem. Nós nos orgulhávamos de carregar esse protagonismo. Porto Alegre foi pioneira na coleta seletiva, na década de 1990. Hoje, chega a ser constrangedora a questão do lixo na cidade e por isso a convocação para este debate”, afirmou a parlamentar.
O secretário adjunto de Serviços Urbanos, Vitorino Baseggio, reconheceu que, nos anos 1990, a Capital era muito mais ativa na coleta seletiva, e que para sanar este déficit, a pasta tem feito campanhas educativas com a população, mas há dificuldade com aqueles que fazem o que chamou de “reciclagem clandestina”. “Se tu colocares o teu lixo reciclável na rua cinco minutos antes da coleta passar, alguém vai pegar. É um desafio e temos trabalhado muito pra isso. Está previsto reajustar os valores da UTs (Unidades de Triagem)”, afirmou Baseggio. De acordo com secretário adjunto, o percentual de reciclagem em Porto Alegre já chegou a 9%, muito abaixo de países de primeiro mundo, mas hoje está menor do que isso.
Conforme o diretor do (DMLU), Arceu Rodrigues, o órgão tem revisado os contratos junto à Prefeitura e os catadores. “O DMLU tenta melhorar a qualidade do contrato com as UTs, sabendo que está muito longe da condição ideal. O licenciamento ambiental das unidades é um passo importante”, complementou. Para Rodrigues, o valor do resíduo seletivo tem que ser melhorado nos contratos com as UTs. “A reciclagem é um negócio economicamente viável, mas talvez a renda não esteja indo para quem faz a reciclagem”, pontuou.
O diretor de gestão e educação ambiental do DMLU, Marco Salinas, mencionou que a coleta seletiva completa 33 anos em Porto Alegre. Ele atualizou o dado citado pelo secretário adjunto: hoje, o índice de reciclagem é de 4,5% e o melhor índice da Capital foi 7%. “Estamos num trabalho de busca ativa em condomínios e empresas. As agendas são públicas, dos horários e dias de coletas, o que pode facilitar para os informais pegarem o resíduo antes da coleta”, ponderou. O diretor esclareceu que são recolhidas cerca de 50 toneladas por dia de coleta seletiva, mas que há um potencial de até 250 toneladas, que acabam indo pro aterro sanitário.
O coordenador do Fórum dos Catadores de Porto Alegre, Antonio Matos, reclamou que não tem sido chamado para reuniões na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), o que antes acontecia com frequência. “É importante a gente manter esses canais. Se é possível a gente dialogar e avançar é melhor. Quando vier o Orçamento do ano que vem, esta Comissão poderia nos chamar, pra ver o que vem para os catadores”, sugeriu. Matos também falou de como a crise econômica no Brasil afetou os recicladores. “Nós estamos no pior momento da história da reciclagem em Porto Alegre. O público da reciclagem é o mais baixo do ponto de vista econômico”, contou.
A presidente do Centro de Triagem da Vila Pinto, Ana Paula Medeiros, contrapôs o que disse o Executivo em relação ao gerenciamento dos resíduos na cidade. Sobre as pessoas que pegam o lixo ela disse “eu considero eles informais, clandestinos é uma palavra muito pesada. É o meio de sobrevivência dessas pessoas. Tem que considerar que essa é a renda deles e não pensar no prejuízo que eles estão trazendo para o município”. Ana Paula criticou a estratégia dos contêineres, que segundo ela, “não dão resultados efetivos para o município no gerenciamento de resíduos”. Apontou ainda a falta de transparência nos dados referentes à produção e destino de resíduos de “grandes produtores”, tais como empresas, órgãos públicos, condomínios e outros.
Nos encaminhamentos da reunião, a vereadora Biga aventou a possibilidade de a Prefeitura criar um banco de resíduos, para organizar melhor a coleta, o que pode ser chamado de “terceira coleta”. Também ficou encaminhada a ampliação da relação com os catadores, acatando a sugestão de incluir no Orçamento do Executivo as suas demandas; a melhoria de uma economia solidária, com aproveitamento dos resíduos sólidos; um levantamento junto à Prefeitura sobre os custos das UTs, além de uma campanha de educação ambiental e de separação de resíduos.