COMISSÕES

Reunião da Cosmam trata sobre climatério, menopausa e saúde da mulher

  • Climatério, menopausa e saúde da mulher são pautas da 36ª Reunião (Ordinária) da COSMAM. A reunião contou com a presença do secretário minicipal da saúde, sr. Fernando Ritter que falou sobre o piso da enfermagem para os servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
    Reunião tratou sobre climatério e menopausa, com proposição da vereadora Mônica Leal (PP) (Foto: Paulo Ronaldo Costa/CMPA)
  • Climatério, menopausa e saúde da mulher são pautas da 36ª Reunião (Ordinária) da COSMAM. A reunião contou com a presença do secretário minicipal da saúde, sr. Fernando Ritter que falou sobre o piso da enfermagem para os servidores da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
    Secretário de Saúde, Fernando Ritter, participou da abertura para falar sobre o pagamento do piso da enfermagem (Foto: Paulo Ronaldo Costa/CMPA)

Na manhã desta terça-feira (17/10), a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) realizou reunião para tratar sobre climatério, menopausa e saúde da mulher. A proponente da pauta foi a vereadora Mônica Leal (PP). Na abertura dos trabalhos, o presidente da Cosmam, vereador José Freitas (Republicanos), cedeu espaço para que o secretário municipal de Saúde, Fernando Ritter, fizesse um anúncio acerca do piso da enfermagem. “Nós já estamos chamando as instituições para assinar contrato, e estamos efetivando os repasses nos próximos dias, para que até o final do mês, isso na próxima folha, seja contemplado os valores”, garantiu o titular da pasta. Ele disse ainda que o prefeito Sebastião Melo vai notificar o Ministério da Saúde para que o governo federal mude seu entendimento, e inclua todos da classe da enfermagem nos repasses do piso, não somente os que trabalham na SMS.

Retomando o tema da reunião, a proponente ressaltou que, como procuradora especial da mulher, recebeu a demanda por essa pauta de muitas mulheres, a fim de desmistificar as questões relativas à menopausa e ao climatério. “A menopausa em si tem períodos muito delicados na vida da mulher, principalmente por serem considerados tabu”, disse Mônica e salientou que a chave para melhorar tal situação é a informação. A vereadora também falou da dificuldade em encarar o envelhecimento e o quanto isto está ligado à idade reprodutiva da mulher.

Representando a área técnica da Saúde da Mulher da SMS, Márcia Grutcki fez uma apresentação sobre o assunto. Ela explicou que a menopausa propriamente dita caracteriza-se pelo fim da menstruação e que o climatério é uma fase de transição, do período reprodutivo para o período não reprodutivo. “A mulher para de reproduzir, mas a vida continua, e continua muito bem”. Ela contou que na rede de saúde é feita uma anamnese para saber o histórico da paciente que está entrando no climatério, também é feito um trabalho de prevenção de doenças comuns nessa fase, como osteoporose e as cardiovasculares; além de uma abordagem dos principais sintomas, como irritabilidade, calorões, depressão, insônia, diminuição da libido, aumento de peso, entre outros. Márcia afirmou que há uma área de consultas especializadas no climatério, disponíveis no Hospital de Clínicas, na Santa Casa, no Fêmina e no Conceição. “No momento, a gente tem 38 usuárias aguardando consulta e o tempo de espera para agendamento é de 30 dias”, esclareceu.

A chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital Santa Clara, Carla Vanin, contou que dedicou toda sua vida profissional, de mais de 40 anos, à saúde da mulher e, em especial, ao climatério. Ela apontou sua preocupação com a divulgação equivocada feita em redes sociais a respeito da menopausa, da “venda” de uma ilusão de juventude eterna. A ginecologista destacou também a perda da qualidade de vida da mulher, em razão da mudança hormonal, que gera mudanças de humor, por vezes bruscas. “A situação hormonal feminina é uma montanha-russa”, afirmou. Carla falou ainda que é importante buscar tratamento, para amenizar os sintomas que acometem as mulheres nesse período. “O último manual de menopausa e climatério do Ministério da Saúde data de 2008, muita coisa mudou desde então, muita evolução em termos de tratamento”, criticou a médica, completando que os tratamentos disponíveis no SUS são irrisórios.

A educadora física Márcia Selister, criadora do Movimento Menopausa Sem Vergonha, fez uma apresentação “Da menarca à menopausa”. “A minha menarca foi com muita vergonha, então eu decidi que a minha menopausa não seria com vergonha”, revelou. Márcia contou que o movimento surgiu em 2020, em plena pandemia. Ela fez uma pesquisa com 200 mulheres e a principal queixa delas era a falta de informação. “De cada cinco, quatro delas não sabiam o que é climatério, isso em 2020”, pontuou. Foi a partir disso, que Márcia começou a fazer lives no Instagram sobre o tema. O programa segue, sempre trazendo pessoas da área da saúde, para falar sobre o climatério. “A menopausa para cada mulher vai ser de um jeito, não é receita de bolo”, apontou, destacando que para algumas mulheres é uma fase tranquila, mas para maioria é desafiadora e até mesmo sofrida.

A representante da Comissão de Saúde da OAB, Estela Franco, disse que era um assunto que preocupa a instituição e que a mulher nesta faixa etária do climatério “não existe”, pois é uma fase que acaba não sendo considerada. “Chega ao Judiciário sempre a consequência do que não é visto”, pontuou. Ela explicou também que a questão do cuidado não existia no âmbito jurídico até pouco tempo e que a maior parte das mulheres na faixa dos 50 anos nem sabe que está no climatério.

A enfermeira representante do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul, Maria Rejane Seibel, falou da importância de discutir questões como essas e criticou a terceirização de profissionais na atenção primária, especificamente na área de ginecologia e saúde da mulher. “Com esse atual modelo de gestão é muito difícil”, apontando que os ginecologistas foram tirados das Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Nos encaminhamentos, a proponente da pauta reforçou a necessidade de serem disseminadas informações sobre o climatério.

Texto

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)

Edição

Andressa de Bem e Canto (reg. prof. 20625)