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Reunião da Cosman tratou do tema “Mulher: um olhar bio, psico e social” proposta Vereadora Tanise Sabino

Reunião da Cosman tratou do tema “Mulher: um olhar bio, psico e social” proposta Vereadora Tanise Sabino
Reunião da Cosman tratou do tema “Mulher: um olhar bio, psico e social” proposta Vereadora Tanise Sabino

Nesta terça-feira, 08 de março, foi realizada reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosman) da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. No dia alusivo às mulheres foi abordado a pauta “Mulher: Um Olhar Bio, Psico e Social” proposta pela Vereadora Psicóloga Tanise Sabino, com a participação de quatro palestrantes convidadas que falaram sobre a mulher e o cuidado com a saúde biológica, física, emocional, e ao final,  foi realizada uma palestra sobre o empoderamento feminino.

 

A Vereadora Tanise parabenizou as mulheres pelo seu dia e destacou que, “o dia 08 de março, muito além das flores e bombons com que as mulheres são agraciadas, é um marco pela luta dos direitos das mulheres e por respeito”. A parlamentar citou a recente declaração considerada infeliz e desrespeitosa do Deputado Federal Arthur do Val, do partido Podemos, acerca das mulheres ucranianas: “um discurso inaceitável e triste, porque fere a todas nós mulheres. Ao longo da história, nós mulheres, vivemos diversas violências. Vários estudos demonstram que o assédio moral e sexual nos locais de trabalho acontecem muito mais com as mulheres. Desejo neste dia 08, que nós mulheres, possamos estar cada vez mais encorajadas e engajadas nessa luta pelos direitos, pois já conquistamos muitos e precisamos avançar mais”.

 Tanise ainda reiterou que, “além da comemoração dos 90 anos de voto feminino, o parlamento brasileiro conta em média com 10 a 15% de mulheres no poder. Hoje a Câmara de Porto Alegre conta com 11 vereadoras totalizando em 30% a participação feminina no Legislativo. Nós estamos aqui porque queremos mais mulheres em todos os lugares, nos diversos espaços da sociedade, nas diferentes profissões e onde elas quiserem estar”.

 O Vereador José Freitas, membro da Cosman, ao fazer uso da palavra referiu  que “neste Dia da Mulher não temos o que comemorar, os índices de violência contra as mulheres não param de crescer, temos é que trabalhar muito com políticas públicas para combatermos isso”.

 O tema da comissão “Mulher: Um Olhar Bio, Psico e Social” foi abordado por quatro palestrantes. O primeiro tópico “Um olhar bio”, que se refere a parte bilogica e cuidados com a saúde física da mulher, ficou a cargo da convidada Lisiane Vieira, que é enfermeira há 14 anos, Mestranda em Enfermagem, Especialista em Saúde Pública, Ativista, Pesquisadora e atual Gestora da Estratégia da Família. Conforme relatou a Lisiane “segundo pesquisa realizada pelo IBGE, apesar de 51,8% da população brasileira ser do sexo feminino, no mercado de trabalho há um afunilamento na contratação hierárquica e diferença salarial entre homens e mulheres e entre mulheres brancas e negras. No Atlas da Violência de 2017, de 4.936 mil mulheres assassinadas, 66% eram negras e, em 2020 das 4.519, apesar de cair o índice de assassinatos aumentou a estatística para 68% das vítimas negras”.

 Como sugestão de caminhos para ajudar a modificar o cenário apresentado, a enfermeira Lisiane Vieira trouxe a área da Saúde, exemplificando e explicando a Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde, com a opção e oferta de acolhimento e escuta qualificada, consultas, acompanhamentos, planejamento reprodutivo, vacinação, medicamentos, visitas domiciliares e práticas integrativas.

 Já a psicóloga Rosa Vilarino, também convidada para participar como palestrante do painel “Mulher: Um Olhar Bio, Psico e Social” abordou a questão da parte emocional e psicóloga da mulher. Vilarino é representante Técnica da Saúde da Mulher que integra a Direção da Atenção Primária no Município, elucidou que, “a mulher chega na atenção primária, ali é o seu primeiro atendimento, a atenção primária faz uma rede com demais complexidades, e a partir de escuta qualificada para que todos os aspectos da mulher sejam contemplados, seja físico, psico ou social, é estabelecido um vínculo, que com o apoio de organizações parceiras, como o Imama e a Camaleão, é possível gerar um suporte para às mulheres, desde a saúde física, psicológica, emocional a promoção de autoestima e autocuidado.” Vilarino celebrou a conquista e avanço através da política nacional existente junto as modalidades: mulheres grávidas, boas práticas de parto/nascimento, mulheres com câncer e vítimas de violência.

 A parte social do debate do tema “Mulher: Um Olhar Bio, Psico e Social” ficou a cargo de duas convidadas: a Delegada Marina Dillamburg e Fernanda Lima Nunez Ribeiro, que abordaram o tema da violência domêstica.  A Delegada de Polícia Marina Dillamburg iniciou sua participação parabenizando a iniciativa da Vereadora Tanise e destacou em sua fala: “como é importante dividir informações e conhecimento hoje acerca disso, porque salva vidas. O Estado precisa fomentar esses espaços para que as leis, como a Lei Maria da Penha de 2006 venha ser cada vez mais conhecida e melhor aproveitada. Esta lei é um meio de proteção o qual é contatado, através da Delegacia da Mulher, o poder judiciário, a defensoria pública, é encaminhada medida protetiva, é verificada a questão da vulnerabilidade e realidade de cada mulher para acolhimento, abrigagem, alimentação, transporte, reinserção no mercado de trabalho e apoio para que não volte a se envolver em relacionamento abusivo. Porque, quando uma mulher decide romper com a dependência seja emocional ou financeira do agressor ela precisa ter uma base”.

Já a advogada Drª Fernanda Lima, Coordenadora da Coordenadoria dos Direitos da Mulher da Prefeitura de Porto Alegre trouxe a reflexão: “Sobre a violência contra a mulher é preciso ter um olhar atrás, anterior a origem, desde a infância. Crianças nascem crianças e não agressores. A Coordenadoria da Mulher precisa trabalhar com a Secretaria de Educação. É necessário políticas que promovam respeito, valorização das diferenças e da diversidade em proteção a mulher. Estamos diante de todos os dados aqui já apresentados, mas a verdade é que a grande maioria das violências contra as mulheres não são registradas, então os índices são muito maiores e alarmantes. Hoje contamos com o Cram – Centro de Referência Atendimento à Mulher, que fornece um atendimento através de equipe multidisciplinar”.

 Ainda, conforme a Drª Fernanda  “Violência contra as mulheres: precisamos falar sobre isso! Ninguém inicia um relacionamento com ameaça e agressão, antes vem a convivência, a intimidade, os vínculos e uma construção que, ao longo de uma série de outras violências, vai acontecer lá na frente a agressão. Hoje contamos também com a prevenção da violência contra a mulher incluída nos currículos da educação básica através da Lei 14.164, de 11 de Junho de 2021.

E para finalizar a rodada de palestras da comissão, a Coach e Mentora de Mulheres, Lú Ortiz, que trabalha com programação e neurolinguística, contou um pouco da sua trajetória, ressaltando que seu maior objetivo é encorajar mulheres e somar na construção de suas independências financeiras. “Eu sou uma mulher que passou uma infância com abusos e uma vida adulta com um relacionamento com agressão. Hoje o meu propósito é levar as mulheres a um autoconhecimento, quem são, qual o seu lugar, para onde querem ir. Acredito que o empreendedorismo tira a mulher da violência, mas antes de qualquer coisa a mulher precisa primeiro se amar, primeiro se olhar no espelho e se sentir capaz e merecedora de felicidade. As mulheres não precisam de mais vozes de julgamento, elas precisam de acolhimento. É preciso capacitar as mulheres, guiar as mulheres para entrada no mercado de trabalho, lugar que é de direito e assumi-los. Queremos equidade! E, sabemos o quanto ainda precisamos lutar pelos nossos direitos”.

 A Vereadora Vera Soares, que assumiu como Vereadora Suplente, no lugar do Vereador Adacir Olibini (PT)  destacou que, “o Dia da Mulher é uma data simbólica e emblemática! Que possamos estar aqui em busca de políticas de reparação às mulheres, diante dos processos de discriminação e intolerância. Busca de igualdade de gênero e raça. Que nós mulheres tenhamos consciência de que precisamos ocupar o lugar de poder, porque o voto pode não ter preço, mas tem consequências”.

 No final da reunião, a presidente da Comissão, a Vereadora Cláudia Araújo, contribuiu e concluiu o encontro dividindo a experiência na Exposição Margaridas da Assembleia Legislativa, composta por fotos de gaúchas vítimas de violência que recorreram às Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher. A parlamentar foi uma das mentoras da exposição e ressaltou que: “Esse trabalho retrata mulheres que foram vítimas, sobreviveram e iniciaram um novo ciclo. A mostra celebra a vida de mulheres que tiveram coragem para seguir em frente lutando por direitos e incentivando outras mulheres a fazer o mesmo. Existe outra vida! Existe um amanhã para essas mulheres! E, o objetivo aqui é dizer às mulheres que elas não podem se calar diante da violência e que há pessoas do outro lado para acolhê-las”.

 A reunião realizada de forma virtual, através do Zoom Meeting por videoconferência, contou ainda com a presença da Vereadora Palmira Marques da Fontoura, da Alessandra Calegaro Corrêa da Procuradoria Geral do Município, da Fernanda Cardoso Jornalista do SIMERS, da Aminie Cardoso Jornalista da Assembleia Legislativa e, do Everton Borges da CRF/RS.