Rua do Bom Jesus deve se chamar Maria Real Scortegagna

Tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre o projeto de lei do legislativo que denomina Rua Maria Real Scortegagna o logradouro não cadastrado conhecido como Rua 16, na Vila Mato Sampaio, localizado no Bairro Bom Jesus. A proposta tem a autoria do vereador João Carlos Nedel (PP).

Maria Real Scortegagna nasceu em 21 de outubro de 1936, na cidade de Giruá, localizada na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, distante, aproximadamente, 470 quilômetros de Porto Alegre. De origem humilde, filha de Florismundo Francisco Real e Margarida Ferraz Real, Maria logo cedo se mudou para Canoas, cidade da região metropolitana, local em que os pais depositavam a esperança de mais oportunidades de trabalho e, consequentemente, de um futuro melhor para a família.

Foi naquele cenário, em plena expansão demográfica, que viria a tornar-se uma das cidades mais populosas do País, com pessoas oriundas de todas as partes do interior gaúcho, no ápice do êxodo rural, que Maria cresceu, notando as dificuldades pelas quais aqueles migrantes se faziam sujeitos. Aquele período foi determinante na formação do caráter de Maria. Em meio às dificuldades econômicas e sociais vividas por aquelas pessoas, foi que ela percebeu a necessidade da ação comunitária. Casou-se com Pelisier Lourenço Scortegagna e mudou-se com ele para a vila Bom Jesus, em Porto Alegre. Morando na Capital, em um bairro igualmente humilde, como todos os outros em que havia morado, Maria pôs em prática sua vocação e seus ideais para a vida em comunidade.

Moradora da Rua 16, Vila Mato Sampaio, notou a dificuldade que as mães encontravam para trabalhar, pois não havia creches públicas disponíveis para receberem seus filhos. A partir dessa percepção, idealizou a criação de uma creche, para suprir aquela necessidade fundamental. Com essa ideia, em 1988, Maria fundou o Clube de Mães Crecheiras, que conseguiu acolher boa parte da demanda de crianças que necessitavam de cuidados enquanto suas mães trabalhavam. Hoje, a Creche Mãe Crecheira atende, de forma gratuita, a 85 crianças da comunidade. 

"Maria morreu de causas naturais, em 2 de abril de 2011, deixando um enorme vazio na comunidade que tanto ajudara. Porém, sua vida, dedicada ao próximo, ainda permanece nos corações de cada criança e de cada mãe atendida na creche que fundou. Assim, em reconhecimento a toda a luta empregada por Maria, sempre tendo em vista o bem comum, os moradores da Rua 16 da Vila Mato Sampaio solicitaram, por meio do abaixo-assinado, que esse logradouro seja denominado Rua Maria Real Scortegagna.

Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)