Cosmam

Secretaria da Saúde presta contas à Câmara

Audiência Pública avaliou serviços de saúde na Capital Foto: Desirée Ferreira
Audiência Pública avaliou serviços de saúde na Capital Foto: Desirée Ferreira (Foto: Desire Ferreira/CMPA)
A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou nesta segunda-feira (16/6) uma Audiência Pública para a apresentação, conforme determina a legislação, do relatório de gestão da Secretaria Municipal da Saúde relativo ao primeiro quadrimestre de 2014. O relatório foi apresentado pelo secretário municipal da Saúde, Carlos Casartelli, atendendo convocação da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), destacando o modelo de atenção ao usuário com recursos do Sistema Único de Saúde. Casartelli revelou que a atenção especial proposta pela secretaria perpassa todas as faixas etárias do usuário, com foco no idoso que exige cada vez mais um atendimento de qualidade. “O paciente certo, no lugar certo com o que precisa e com custo adequado”, resumiu.

Revelou ainda que o atendimento via rede de serviço chegou a 206 equipes de saúde da família neste semestre em 154 unidades de saúde, contando ainda com 23 hospitais e 15 equipes de atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Porto Alegre tem hoje o mesmo número de Unidades de Saúde que Brasília, que tem o dobro de habitantes”, afirma Casartelli, que comemorou ainda o retorno que conseguiu dar aos testes rápidos para várias doenças. A testagem rápida, segundo ele, aumentou em 2014 para doenças infecto-contagiosas como é o caso do HIV/Aids e sífilis, afirmando ainda que “os pacientes estão aderindo cada vez mais ao tratamento de hepatites virais e não há mais fila de espera”.

Contraponto

Representantes das associações de bairros da Capital questionaram o fim da distribuição de medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que obrigam pacientes a se deslocar para buscar os remédios. O presidente da Cosmam, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), entende que remédios que constam no programa de distribuição gratuita do Ministério da Saúde devem ser de fácil acesso ao usuário. “Os remédios que constam no programa são anti-hipertensivos, hipoglicemiantes e para o tratamento de asma devem estar disponíveis nas unidades de saúde”, condenando a atitude de limitar a distribuição às farmácias distritais.

A presidente da Associação dos Moradores do Lageado, localizado no Extremo Sul da Capital, cobrou a total ausência da secretaria atendimento aos 9 mil  moradores que residem no bairro. “Foi aprovada em 2012 a construção de um posto de saúde para atendimento à comunidade, e até hoje não temos notícias de que fim levou o projeto” reclamou Léia Aguiar. Além disso, denunciou que a secretaria proibiu o atendimento dos moradores na Unidade Básica de Saúde do Lami, transferindo as consultas para o bairro da Restinga Velha para onde, segundo ela, não existe transporte para levar os pacientes. Léia reafirmou que os moradores preferem ser atendidos no Lami, como sempre foi. “É o mais próximo e tem transporte” concluiu.

A vereadora Lourdes Sprenger (PMDB) lembrou que há casos e pessoas que necessitam de consultas especiais, como Alzheimer por exemplo. “Pagam para ter atendimento imediato, porque demora muito esperar pela consulta via central de atendimento”. 

Cláudio Janta (SDD) acha que o atendimento à saúde da Capital é de boa qualidade e nada se tem a reclamar. “A sua gestão, secretário, é muito boa, porque propus duas vezes uma CPI e a maioria dos vereadores desta Casa não aceitou que ela seja necessária”, ironizou

Alceu Brasinha (PTB) elogiou a apresentação do relatório simplificado feita pelo secretário afirmando que houve avanços. “Além disso, o secretário não está faltando com a sua responsabilidade e tem comparecido às convocações feitas pela Câmara”.

Mauro Pinheiro (PT) pediu informações sobre o andamento do projeto de um plano de saúde aos funcionários públicos municipais, já que o hospital Porto Alegre, vocacionado para atender os servidores, atravessa dificuldades para fechar um acordo com a prefeitura.  O secretário afirmou que está sendo fechado um acordo com o Sindicato dos Municipários (Simpa) para a escolha de um plano para atender os servidores.

Ao encerrar a Audiência Pública, o presidente da Cosmam fez colocações pontuais relacionadas principalmente à regionalização no atendimento para facilitar o atendimento aos pacientes que moram nas regiões vulneráveis que precisam se deslocar de um lado para o outro da cidade na busca de atendimento ou para realização de exames. “Os pacientes são atendidos de forma fragmentada, provocando vazios” revela.  Dr. Thiago afirmou ainda que a administração não tem dado a devida atenção ao crescimento populacional em algumas regiões da cidade, lembrando que “outrora eram áreas rurais e hoje são bairros densamente habitados”. Cobrou ainda o fim da interconsulta que segundo ele é quando um paciente precisa retornar ao início da fila para continuar o tratamento de saúde. “Isso complica o acompanhamento do paciente pelo médico e retarda a cura. "Às vezes pode ser tarde demais”, concluiu.

Texto: Flávio Damiani (reg prof 6180)
Edição: Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)