Cefor

Secretária reitera que Capital tem estrutura para ampliar vacinação

  • Reunião da Cefor: Saúde Pública durante a Pandemia.
    Secretária falou na reunião da Cefor nesta terça (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Reunião da Cefor: Saúde Pública durante a Pandemia.
    Jesien defendeu lockdown de duas semanas (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A secretária adjunta da Saúde de Porto Alegre, Ana Dal Ben, reafirmou, em reunião da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul (Cefor) da Câmara Municipal, que Porto Alegre tem condições estruturais para ampliar a vacinação contra a Covid, desde que possua a quantidade de doses necessárias para a imunização em massa dos porto-alegrenses. Segundo ela, a infraestrutura existente tem capacidade física e expertise para absorver a demanda.

No encontro realizado na manha desta terça-feira (30/3) e presidido pela vereadora Bruna Rodrigues (PCdoB), Ana Dal Ben disse ainda que o governo monitora possíveis alterações do cenário no atendimento nas unidades básicas. E também está atento ao volume de internações em leitos de enfermagem e Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) nos pronto-atendimentos e hospitais. "O que se percebe é um momento de recuo na pressão sobre o sistema, “ainda que em um platô elevado”, reconheceu.

Ana Dal Ben destacou como correta a posição do prefeito, de buscar o equilíbrio entre a garantia do atendimento em saúde e o acesso à renda, que é um elemento importante para uma grande parcela da população. “Estamos orientando tecnicamente as demais secretarias para que, com base em informações atualizadas, possam, dentro do possível, adotar medidas seguras, sejam elas de flexibilização ou de retração das atividades econômicas, quando necessárias”, salientou.

Questionada por vereadores e representantes do Conselho Municipal da Saúde e do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul (Sindisaúde/RS), a secretária também referiu o fato de Porto Alegre ter sido a capital que mais vacinou, em primeira dose, no país, ultrapassando 200 mil doses aplicadas. Para ela, a redução da pressão sobre o sistema é resultado de um conjunto de medidas, que vão da vacinação, do isolamento social e da conscientização da população com os cuidados e protocolos para evitar a transmissão da Covid-19.

Sobre a atenção primária, a secretária explicou que os recursos foram direcionados para o atendimento contra a Covid e, tão logo seja possível, será feito o redirecionamento para garantir a retomada das consultas e procedimentos especializados não urgentes que ficaram represados. Quanto ao tema do PACS, a secretária adjunta disse que não poderia opinar por uma decisão que ainda não havia sido publicada no Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa).

Ana Dal Ben explicou que as decisões do prefeito se baseiam em informações técnicas e, portanto, fundamentadas para garantir um equilíbrio entre a pressão do sistema de saúde e a possibilidade de renda da população. Ainda que a chegada do último lote de vacinas se deu muito próximo do final de semana, sem condições de operacionalizar as alterações nas escalas de plantão para a abertura das unidades, reiterando que tudo depende do volume de doses recebidas. Acrescentou que a compra de vacinas vem sendo tratada pelo prefeito em conjunto com outros municípios por meio de consórcio coordenado pela Frente Nacional de Prefeitos e pela Associação dos Municípios da Grande Porto Alegre (Granpal) e a entidade que congrega as cidades catarinenses.

Questionamentos

Julio Jesien (Sindisaúde) cobrou o que chamou de negacionismo do governo municipal. Segundo ele, é inaceitável que o prefeito insista na flexibiliação diante dos indicadores atuais de contaminação, internações e óbitos. Jesien destacou que a pandemia deve ser tratada pelo ponto de vista das autoridades epidemiológicas e defendeu um lockdown de duas semanas. Para o sindicalista, “de nada adiantará ter empresas abertas com corpos espalhados na frente das suas lojas, pelas ruas, como já foi visto em outros lugares”.

O representante do Sindisaúde ainda cobrou uma posição sobre o impasse em relação aos servidores demitidos do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf). Também pelo retorno do vale-alimentação para os agentes de saúde e de endemias, que foram mantidos pelo governo, mas que com a redução tiveram um corte equivalente a 25% dos seus ganhos. “O prefeito poderia estancar esse passivo trabalhista e aliviar as perdas desses trabalhadores em tempos de pandemia”, disse.

Gilmar Campos, do Conselho Municipal da Saúde (CMS), defendeu que se a cidade tivesse optado pelo fechamento total antes a situação agora não seria tão grave. “Mas o prefeito não aceita fazer. Se tivesse feito, já teríamos melhores resultados na economia”, projetou. Ele reconheceu que a chegada das vacinas trouxe uma pequena melhora, mas entende que a pressão sobre os pronto-atendimentos e hospitais ainda é alta e a proximidade com o feriado da Sexta Feira Santa preocupa. “O problema não são os idosos, pois esses estão sendo atingidos pela vacinação, mas os jovens que aglomeram”, destacou.

Para Campos a falta de conscientização de governantes e de uma parcela da população é responsável pela gravidade atual da pandemia em Porto Alegre, e no país. Sobre a atenção primária, disse que apesar da nova gestão ter aberto um melhor diálogo com o conselho, as coisas efetivamente não melhoraram. “A saída do Imesf foi um choque porque desassistiu a atenção primária”, lamentou.

João Ezequiel, representando o Sindicato dos Municipários (Simpa), e Alberto Terres, da Comissão de Trabalhadores do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), cobraram o cumprimento do acordo feito pelo secretário da Saúde, Mauro Sparta, com os trabalhadores de que a coordenação local seria eleita pelos servidores. Eles informaram que após a realização de votação, teriam sido informados que o prefeito indicaria o segundo colocado, contrariando uma decisão democrática dos colegas.

Vereadores

Moisés Barboza (PSDB) disse que o uso político e popullista da pandemia esta impedindo que ações concretas melhorem o quadro. Ele defendeu que as medidas de combate à Covid não sejam ideologizadas. Criticou “entes políticos” que propõem projetos inconstitucionais e questionou Ana Dal Bem se é possível que a prefeitura altere os setores prioritários no cronograma de vacinação. A secretária adjunta respondeu negativamente e informou ser uma determinação do Plano Nacional de Vacinação (PNV), que é detalhado aos municípios pelo governo do Estado.

Bruna Rodrigues (PCdoB) lamentou que o prefeito tenha tentado flexibilizar as regras  da bandeira preta determinadas pelo governo do Estado em Porto Alegre, que foram mantidas pela Justiça. Defendeu que os drive-thrus atendam também pessoas que se dirigem ao local a pé, porque no final de semana, diante do fechamento das unidades de saúde para a vacinação, só uma parcela da população foi beneficiada com a imunização. Bruna também perguntou sobre o planejamento da testagem e de aquisição de vacinas pelo município.

Já Airto Ferronato (PSB) concordou que seria interessante o governo reavaliar a proposta de liberar o atendimento para quem se dirigisse a pé aos locais de drive-thru. Também manifestou que tem procurado votar projetos relacionados à pandemia com base no que defendem as autoridades do setor da saúde. Ainda participaram da reunião os vereadores Idenir Cecchim (MDB) e Mauro Zacher (PDT).

Jessé Sangalli (Cidadania), que preside a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) participou do final da reunião e disse estranhar que temas técnicos tenham sido tratados na Cefor e não na comissão técnica da área. Que foi demandado pelos servidores do PACS para pressionar o governo pela eleição da coordenação, mas que, quando o processo foi realizado, sequer foi informado e convidado a participar.

Texto

Milton Gerson (reg.prof. 6539)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)