Plenário Virtual

Secretário de Cultura explica lei Aldir Blanc aos vereadores

Sessão ordinária. Na foto, secretário municipal da Cultura Luciano Alabarse.
Luciano Alabarse interagiu com vereadores em sessão virtual nesta quinta-feira (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

O Legislativo de Porto Alegre recebeu, durante a sessão virtual ordinária desta quinta-feira (06/8), o secretário Luciano Alabarse, da Secretaria Municipal de Cultura. Presidida pelo vereador Reginaldo Pujol (Dem), a iniciativa oportunizou o diálogo e a explicação sobre a Lei Aldir Blanc - que embora já tenha sido sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, ainda aguarda por regulamentações.

“Esta lei é fruto de um desespero da categoria cultural”, sinalizou Alabarse. Na oportunidade, o secretário lembrou que em função da pandemia causada pelo coronavírus, desde março deste ano os trabalhadores do setor ficaram impedidos de exercer suas funções. As casas de shows, danças, circos e toda a cadeia produtiva, com o intuito de evitar aglomerações, estão fechadas. “E os artistas, com raríssimas exceções, não têm carteira assinada”, falou, ao citar técnicos, costureiras e figurinistas - os quais, igualmente, tiveram os seus exercícios abalados. 

Lei

Diante disso, o secretário narrou que classes representantes dos artistas, juntamente com movimentos políticos, se estruturaram para a concretização do documento. A organização resultou na lei emergencial, de auxílio federal, intitulada Aldir Blanc, que, consequentemente, abarca todos os estados e municípios brasileiros. “É uma lei ambiciosa na sua meta, pois irá dispor R$ 3 bilhões ao âmbito federal”, relatou Alabarse, ao ratificar que “só estamos no aguardo da devida regulamentação da legislação”. Enquanto, para o Rio Grande do Sul, quantificou o total de R$ 155 milhões e, para Porto Alegre, o total de R$ 9 milhões. 

Eixos

Em sua construção, a Aldir Blanc é embasada por três eixos. O primeiro eixo, de acordo com o profissional, “será todo coordenado pelas secretarias estaduais de cultura dos estados”. Inicialmente, este ponto trata de um auxílio emergencial à pessoa física, tal como o oportunizado pela Caixa Econômica Federal, não somente a artistas em si, “com uma série de prerrogativas para quem se cadastrar e três aportes de R$ 600”, mencionou. 

Já o segundo eixo, conforme Alabarse, que recai sobre o município, “vai atender a grupos e espaços culturais que terão a possibilidade de se cadastrar e receber de R$ 3 a R$ 5 mil de benefício por espaço, durante três meses”. Neste item, porém, o representante sublinhou o conceito elástico de espaço cultural que a lei propõe. Falou que “espaço cultural é tudo o que podemos imaginar: teatros; casas de show; um bar que tenha apresentações de música; pequenas, médias e grandes produtoras; assim como comunidades com espaços culturais”. 

O terceiro e último eixo, que será compartilhado entre estado e município, será destinado a ações práticas. “Serão editais, chamamentos públicos, premiações e aquisições de bens”, apresentou. No tocante a aquisições de bens, exemplificou que livros poderão ser adquiridos e distribuídos nas bibliotecas comunitárias. 

Funcionamento

Quanto ao funcionamento prático da lei, cada município terá carta branca para se organizar e chegar à distribuição dos recursos. “No nosso caso”, expressou o secretário, “funcionaremos com três grupos de trabalho, os chamados GTs, que são: um grupo técnico, um administrativo e um artístico”.  Além do mais, como a verba é federal, Alabarse descreveu que "a receberemos diretamente no Fundo Cultural que já temos”. 

Enquanto o grupo técnico, por meio da Secretaria da Fazenda, da Procuradora Geral do Município e outras secretarias, vai ficar encarregado das etapas burocráticas da lei; o grupo administrativo terá como tarefa atender aos mais vulneráveis (coletivos negros, indígenas, quilombolas), que têm dificuldades com sistemas virtuais, tecnológicos e de internet. O último GT, por sua vez, vai ser composto da classe artística local, a qual participará dos critérios de escolhas “com a nossa secretaria, de quem receberá, ou não, os benefícios, porque é justa essa participação deles, conosco”, destacou Alabarse.

Cadastramento

Como gestor da lei no município, o secretário igualmente orientou sobre o cadastramento da classe para que recebam os benefícios. Enunciou, contudo, que em que pese a regulamentação da lei ainda esteja atrasada, a secretaria persiste fazendo “um mapeamento do universo cultural da Capital, já que a lei torna esse universo bastante amplo, e foge do nosso parâmetro usual”. 

No mais, Alabarse anunciou que o cadastramento (ainda não disponível) dos interessados poderá ser realizado na Plataforma Mais Brasil. Até que não haja essa possibilidade, esclareceu que as associações, os coletivos e os sindicatos, de todas as linguagens, têm sido órgãos atuantes e representativos. “São milhares de pessoas, mas a gente tem trabalhado muito para tudo estar ao alcance de todos e em breve”, concluiu.

Vereadores

Após a manifestação do secretário Alabarse, vereadores fizeram questionamentos e manifestações sobre o assunto abordado:

ARTISTAS - Engº Comassetto (PT) disse ter mais de 50 mil pessoas em Porto Alegre que trabalham e se dedicam à área cultural e artística em todas as suas dimensões. “A Lei Aldir Blanc foi construída dialogando com todos os seguimentos do país.” O vereador questionou o secretário Alabarse sobre o auxílio prestado pelo Conselho e sobre as regulamentações. “Já tem na lei um conjunto de regramento que tem que ser feito, e é com ele que acreditamos que podemos ajudar a acelerar”. Perguntou também como que será feito o cadastramento, quem será atingido e como esses editais irão atender a toda diversidade. Concluiu mencionando um projeto de lei apresentado por ele sobre políticas exclusivas para esse público. (LMN)

 

AUXÍLIO - Aldacir Oliboni (PT) questionou o secretário a respeito do número de pessoas em atividade do setor artístico da cidade e trouxe para debate o auxílio dado à pessoas físicas pelo estado. “Quanto ao município, foram divididos em três grupos: técnico, administrativo e artístico. Quem faz parte desses grupos? Quase todo mundo tem alguma relação com a comunidade artística.” Mencionou sua lei a respeito dos artistas de rua e perguntou como que estes e os artesãos da cidade fariam para realizar o cadastro. “Já fazem quatro meses, e acredito que eles sejam os únicos que ficaram de fora dos auxílios já criados pelo governo.” (LMN)

 

QUESTIONAMENTOS - Adeli Sell (PT) agradeceu o secretário Luciano Alabarse pela resposta rápida à ofício anteriormente encaminhado e disse já ter repassado a resposta para os demais vereadores. “Achei interessante a criação dos três grupos de trabalho. Quanto ao grupo artístico, como que estão pensando nas agendas? O pessoal que trabalha no backstages e nos demais setores também serão chamados?” Questionou também sobre como será feito o cadastramento efetivo e as classificações das instituições artísticas que serão englobadas. “Gostaria que tivéssemos um canal de comunicação para que precise sempre recorrer aos pedidos de informação oficial”. (LMN)

 

ELOGIO - Roberto Robaina (PSol) disse que seus questionamentos já haviam sido contemplados pelos colegas vereadores, mas disse querer saudar o secretário. “É um elogio, mas também uma crítica ao governo. Luciano sempre nos dá espaço junto à Secretaria para apresentar projetos e dialogar, isso é muito importante.” Falou que, por parte do governo, tem sentido muita falta de investimento na parte de cultura, mas que o esforço do diálogo é muito necessário para que se possa construir espaços democráticos para avançar em uma área que tem sido tão sucateada. Aproveitou o momento para pedir também a opinião de Luciano a respeito das emendas impositivas. (LMN)

 

SUBSÍDIO - Marcelo Sgarbossa (PT) corroborou com o que foi dito pelos seus colegas e indagou o secretário Alabarse a respeito do processo dos pontos de cultura, questão a qual ele considerou complexa. O vereador frisou ser primordial incluir “todos os atores que fazem parte da comunidade artística e cultural” no auxílio emergencial e no subsídio, o que seria “transparente e democrático”, segundo salientou. Sgarbossa ressaltou também a importância da Cece estar presente nas discussões acerca dessas matérias. (RF)

Texto

Bruna Schlisting Machado (estagiária de Jornalismo)
Lara Moeller Nunes (estagiária de Jornalismo)
Rian Ferreira (estagiário de Jornalismo)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062) Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154)