COMISSÃO

Secretário mostra na Cuthab dificuldades enfrentadas pelo transporte público

Reunião da comissão com o Secretário Municipal de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia.
Záchia (alto à esq) falou aos vereadores da comissão nesta terça (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre recebeu na manhã desta terça-feira (16/03) o secretário municipal da Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, acompanhado do presidente da EPTC, Paulo Ramires. Záchia explanou as dificuldades que o transporte público enfrenta atualmente e observou que a licitação vigente é de 2015, quando o cenário era outro.

“Temos uma crise na economia, mudança de hábitos e alterações no cotidiano. De lá para cá, tivemos a chegada dos aplicativos de transporte. Hoje são 40 mil desses veículos trabalhando em Porto Alegre, que não pagam tributo nem fazem vistoria. É uma concorrência dura e desleal com táxis, lotação e agora com ônibus, pois as linhas curtas hoje sofrem com isso”, disse. O secretário destacou ainda que os ônibus têm um cunho social, pois 30% de pessoas são transportadas gratuitamente e é o único meio de transporte que faz isso. “Não sou contra aplicativo, mas acredito que tenha que ser regulamentada a aplicação. Deveria ter um limite. Na medida que tem 40 mil em operação, começa a desequilibrar o sistema”, completou.

Segundo Záchia, a questão da tarifa será tratada pontualmente, porém é necessário que haja modificações no sistema como um todo. Com a obrigatoriedade de ar-condicionado em 100% da frota, houve um aumento de 20% do consumo de diesel. O combustível aumentou 41% em 2021 e representa 20% do custo total da tarifa. O secretário comentou também que em 2015 eram 1.712 veículos. Em 2019, antes da pandemia, esse número tinha sido reduzido em 11%. Eram 18 milhões de passageiros por mês e passou para 13 milhões, uma redução de 24% da demanda. Em fevereiro de 2019, eram 786 mil pessoas por dia. No mesmo mês em 2021, foram 270 mil pessoas. “Os ônibus têm que cumprir a tabela, sair rigorosamente no horário, percorrer a quantidade de quilômetros. Os táxis e aplicativos só rodam quando há demanda. Os custos fixos dos ônibus seguem iguais. Com a suspensão das aulas e a volta de bandeira preta, os índices estão cada vez mais baixos”, acrescentou.

O presidente da EPTC disse que a discussão precisa ser separada em dois momentos. “Agora, em pandemia, para manter o sistema mínimo coletivo da cidade. Depois, precisamos trabalhar a questão da normalidade do sistema de transporte público de Porto Alegre. Precisamos olhar o conjunto, o que vai levar um pouco mais de tempo”, explicou. Ramires disse ainda que houve avanços significativos, como a implantação de GPS, reconhecimento facial e equipamentos de segurança dentro dos coletivos, o que contribuiu para diminuir os índices de criminalidade. “Estamos desenhando um estudo muito maior que vai abordar todos os modais de transporte público e vamos precisar do envolvimento da sociedade e da Câmara”, finalizou.

Os vereadores da Cuthab levaram uma série de questionamentos e sugestões, como a expansão de linhas e de horários, a vacinação dos rodoviários, a utilização do Cartão Tri nas lotações, o uso de escolares para suprir falhas das linhas e a participação dos integrantes da comissão nas mesas de negociação com o governo e com as empresas. A vice-presidente da comissão, vereadora Karen Santos (PSOL), informou que os moradores do bairro Rincão tiveram os ônibus articuladores suspensos, o que faz com que os moradores tenham que caminhar mais de dois quilômetros para acessar a via principal.

A reunião, presidida pelo vereador Cassiá Carpes (PP), contou com a participação de Hamilton Sossmeier (PTB), Pablo Melo (MDB), Gilson Padeiro (PSDB), Roberto Robaina (PSOL) e Matheus Ayres (PP), além de representantes da sociedade.

Texto

Grazielle Araujo (Reg.prof. 12855)

Edição

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)