1964: Reformas de Base

Seminário marca os 49 anos do golpe que depôs João Goulart

Plenário Otávio Rocha sedia debates sobre Era Jango Foto: Ederson Nunes
Plenário Otávio Rocha sedia debates sobre Era Jango Foto: Ederson Nunes
O seminário 1964: Reformas de Base foi aberto na Câmara Municipal de Porto Alegre na tarde desta segunda-feira (1º/4) no Plenário Otávio Rocha pelo presidente do Legislativo da Capital, vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), o prefeito José Fortunati e o vereador suplente Christopher Goulart (PDT), neto do ex-presidente João Goulart (1918-1976). O evento, que prossegue até o final da tarde, terá dois painéis, com a participação de Waldir Pires e Almino Affonso,  ex-ministros de Jango - deposto pelo Golpe Militar que hoje completa 49 anos -, e do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). 

Legado e perseguição
 
Na abertura, o diretor do Instituto João Goulart, vereador Christopher Goulart (PDT), agradeceu a oportunidade de assumir uma cadeira na Câmara neste dia 1º, em substituição ao vereador Márcio Bins Ely (PDT), que está em licença de saúde. Destacou o legado de seu avô, que tentou, por meio de suas propostas de Reformas de Base, “construir um Brasil mais justo, mas foi impedido pelo golpe militar”. Jango, segundo Christopher, queria a transformação pacífica e democrática do país. Na sua opinião, as reformas, anunciadas no histórico comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, “continuam pendentes e necessárias”.
 
Christopher lamentou a perseguição sofrida por seu avô e seus familiares, mesmo no Exterior. “Nasci no exílio na Inglaterra, pois minha família sofreu implacável perseguição após o golpe”, contou, definindo como suspeita a morte de Jango. “Ainda hoje impera um manto de silêncio sobre sua obra.” O neto do ex-presidente ainda saudou a coincidência de subir à tribuna para homenagear o avô justamente no dia em que ele foi deposto, em 1964. O vereador também garantiu que, na Câmara, trabalhará para que Porto Alegre se transforme “em uma cidade melhor para se viver”.

Reformas atuais
 
O prefeito José Fortunati destacou a importância do seminário pelo tema proposto. “É impossível pensar no Brasil de hoje sem olhar para trás”, disse. Na sua opinião, as Reformas de Base propostas por Jango eram importantes naquela época e, adaptadas para a atual realidade, continuam necessárias. “O Brasil tem que continuar a refletir e a fazer suas reformas, que não perderam a atualidade”, declarou. Entre as mudanças, o prefeito defendeu uma educação pública de qualidade, que continue a combater o analfabetismo e prepare para o mercado de trabalho, mas que, acima de tudo, forme cidadãos. “São reformas fundamentais para o presente o futuro”, enfatizou.

O presidente da Câmara, Dr. Thiago Duarte (PDT), remeteu aos legados da Revolução Farroupilha, da Era Vargas, de Alberto Pasqualini, de Leonel Brizola e de Jango para reforçar o valor da democracia trabalhista. “João Goulart foi aguerrido no combate às desigualdades sociais e se esforçou pelas reformas, até hoje sonegadas à brasilidade”, disse. Como recordou, Jango enfrentou a morte prematura no exílio, em pleno funcionamento da chamada Operação Condor, que perseguia e aniquilava os opositores às ditaduras da América do Sul. “Na luminosa senda da democracia trabalhista, bradamos por uma ideologia sadia, avessa à corrupção”, disse, desejando um bom seminário a todos.

Documentário
 
Além de Almino Affonso, Waldir Pires e Cristovam Buarque, será palestrante no evento o ex-prefeito, ex-deputado e ex-senador José Fogaça. Os jornalistas Juremir Machado da Silva e André Machado atuam como mediadores. Logo após os painéis, às 18h30min, haverá exibição do documentário Dossiê Jango (2012, 102min), seguido de debate com o diretor do filme, Paulo Henrique Fontenelle.

Texto: Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)
Edição: Helio Panzenhagen (reg. prof. 7154) 

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