Autismo

Seminário sobre autismo conta com público expressivo na Câmara Municipal de Porto Alegre

Seminário sobre autismo conta com público expressivo na Câmara Municipal de Porto Alegre
Seminário sobre autismo conta com público expressivo na Câmara Municipal de Porto Alegre

O Secretário Adjunto de Saúde de Porto Alegre, Richard Dias, que participou da mesa de abertura, também destacou a importância de trazer a pauta do autismo para a cidade, principalmente, a partir de muita conversa e compartilhamento de informação. “Avançar através do debate e treinamentos relacionados a demanda sobre o Autismo é fundamental, uma vez que a prevalência é alta, e quanto mais cedo se tem acesso ao tratamento especializado é um ganho para as famílias. Como o Centro de Autismo, que faz parte de um futuro muito breve para os porto-alegrenses e será pioneiro na oferta de serviços que aliam saúde, educação e assistência social”, destacou.

 O Psiquiatra da Infância e Adolescência e Diretor do Hospital Infantil Presidente Vargas, Dr. Alceu Gomes, foi um dos palestrantes e tratou a respeito da identificação dos sintomas e tratamento. Segundo ele, conforme os estudos mais recentes, 1 a cada 56 pessoas tem autismo e, nos Estados Unidos, 1 a cada 44 pessoas. “O que podemos pensar a respeito do tratamento é desenvolver a maior habilidade possível dessas crianças, trabalhar automonitoramento e responsabilidade frente a nós mesmos”, reforçou Dr. Alceu. O psiquiatra e, também, Coordenador do Projeto de Implantação do Centro de Referência do Autismo em Porto Alegre destacou a iniciativa, que conta com a parceria da Vereadora Tanise, a qual destinou emenda parlamentar para auxílio na demanda. “Eu tenho uma dívida com Porto Alegre, que é o Centro de Autismo, hoje existem cerca de 600 pacientes aguardando na fila de espera para diagnósticos e tratamento, o primeiro centro de autismo é uma realidade e esse é o nosso desafio”. 

 A professora Vivian Missaglia, Mestre em Pediatria, abordou sobre a importância de tratar sobre o autismo e que hoje é um assunto que vem sendo tratado, cada vez mais, na sociedade, com eventos, palestras e conferências, por exemplo. “Pouca gente se interessava e estava disposta a tratar sobre esse tema dos direitos das pessoas com deficiências, me chamava atenção que ninguém falava de autismo, ninguém se preocupava com essa questão. E reforço aqui sobre pessoas com deficiências, porque nem toda a deficiência é visível e isso traz uma série de prejuízos tanto para a pessoa quanto para os familiares”, reforçou. Em sua fala, a palestrante também citou alguns dos principais direitos do autista, como o Art. 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos em que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos” e a Constituição Federal, com a Lei sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais.

 Dra. Fabiana Mugnol, Mestre em Psiquiatria e Comportamento Humano, trouxe a reflexão sobre a inclusão, ressaltando que é uma prática possível na sociedade. “Hoje, falar sobre inclusão social é um grande presente, é isso que eu sei fazer, eu sei que através das minhas mãos e minhas palavras a gente pode começar esse processo de inclusão. Trago aqui os significados de inclusão social, que é um conjunto de meios e ações, uma vida em sociedade, igualdade, é sobre minimizar diferenças, tanto por classe social, acesso educação, idade, estamos falando de pertencimento”, reforçou. Além disso, durante a sua palestra, trouxe informações sobre o diagnóstico, que muitas vezes pode ser sutil, sobre o acesso ao atendimento, com os programas de saúde da família e psicoeducação.  

 No seminário, a pedagoga e escritora Thanise Stein apresentou seu livro “Vini e Léo: meninos da cor do céu”, que trata sobre os desafios da criança autista, uma história real de dois irmãos. A escritora possui treze livros publicados e, na ocasião, contou sobre a história do seu primeiro livro, com o tema alimentação, que escreveu juntamente com a Nutricionista e Especialista em TEA, Jéssica Minho, denominado “Tudo depende de como se vê”. Thanise conheceu o ilustrador Mauro Freitas e sua esposa Eloisa, que tinham dois filhos autistas, e a partir daí a escritora resolveu contar a história dessa família e Leonardo, um dos meninos, foi ilustrador da obra. “O que eu quero mostrar aqui é que quando nós ouvimos a história de alguém é o nosso dever acolher, estar disposto a ajudar já é muito importante, esse foi o meu modo de ajudar, ouvir essa mãe, contar essa história e trazer mais autoconhecimento e confiança ao Léo”.

 Juline Garcia é mãe do João, diagnosticado autista em 2015. No encontro, ela compartilhou seus desafios como mãe de autista e também as conquistas de seu filho por meio da terapia. A respeito do Centro de Autismo, que agora é uma realidade para os porto-alegrenses, Juline fez um agradecimento aos parceiros dessa iniciativa: “esse centro vai ser muito importante para mães e pais, muito obrigada à Vereadora Tanise e Dr. Alceu por terem pautado todo esse espaço para o centro, vocês estão auxiliando e ainda vão auxiliar muito mais as pessoas que mais necessitam”.

 Importante destacar que, mesmo o evento sendo promovido em Porto Alegre, pessoas de dez cidades do Rio Grande do Sul também estavam presentes, como Alvorada, Cachoeirinha, Camaquã, Canoas, Capão da Canoa, Cristal, Guaíba, Montenegro, Morrinhos do Sul, São Leopoldo, Viamão e Novo Hamburgo. Ao final do seminário, os presentes tiveram a oportunidade de sanar suas dúvidas sobre os temas abordados no encontro e, também, apresentaram histórias e dificuldades reais que encontram durante a jornada com filhos e familiares com TEA.