Sessão especial recolhe propostas do Legislativo
A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou hoje (15/5) sessão especial, na sede da Associação Médica do RS (Amrigs), para que vereadores apresentassem propostas e demandas das comunidades para o Executivo. Conforme o presidente do Legislativo, vereador Mauro Pinheiro (PP), o conteúdo das manifestações será enviado à Prefeitura. "Não é o momento de apontar culpados e sim de buscar soluções para melhorar a vida das pessoas atingidas pela enchente." Abaixo, uma síntese das manifestações.
CÂMARA - Roberto Robaina (PSOL) afirmou que a Câmara Municipal deve voltar a funcionar o mais rapidamente possível e que a Casa deveria criar uma comissão emergencial. Falou também da preocupação com os abrigos. “É um problema público, que a Câmara tem que fiscalizar”, declarou. O vereador apontou que a reconstrução do Rio Grande do Sul vai exigir esforços dos municípios, Estado e União. (ABC)
VOLUNTÁRIOS - Psicóloga Tanise Sabino (MDB) contou que está na linha de frente com atendimento psicológico aos atingidos pelas enchentes, tanto nos resgates quanto nos abrigos. “Sem os voluntários, nada disso seria possível”, constatou. Em sua visão, o primeiro momento da catástrofe foi de salvar vidas e agora é momento de reconstruir a cidade, o que passa também por uma reconstrução emocional da vida das pessoas e suas identidades, perdidas na enchente. (ABC)
RECONSTRUÇÃO - Aldacir Oliboni (PT) pontuou que mais de 60 mil pessoas precisaram sair de casa só em Porto Alegre, e que em algum momento, estes moradores vão retornar às suas residências. “Precisa ter um projeto estratégico para essas pessoas. Qual é a estratégia do governo municipal?”, questionou. Ele citou que a CEEE Equatorial propôs de isentar a tarifa por seis meses aos atingidos, mas que este prazo deveria ser ainda maior. (ABC)
TRAGÉDIA - Hamilton Sossmeier (PODE) relembrou as tragédias recentes que vem assolando o Rio Grande do Sul nos últimos anos. “Temos que pensar também na proteção dessas áreas que estão atingidas no pós”, sugeriu. O parlamentar apontou que de alguma forma, toda a sociedade foi atingida e que quando as pessoas retornarem às suas casas vão precisar de muito apoio do poder público. (ABC)
FORÇAS - Márcio Bins Ely (PDT) cumprimentou os voluntários que encontraram forças para enfrentar esta calamidade. Disse também que a principal sugestão da bancada de seu partido é que as escolas municipais voltem a operar o mais rápido possível. "Estes locais são fundamentais como fonte de alimentação para muitas crianças." (MAM)
CANAL - Adeli Sell (PT) defendeu a abertura de um canal direto da Câmara com o governo federal como forma de agilizar as demandas da população atingida pela catástrofe ambiental. Ele também revelou que pretende apresentar projeto de lei para beneficiar a classe artística. "Muitos vão ficar sem renda por não poder trabalhar" observou o vereador. (MAM)
IGREJA - José Freitas (Republicanos) destacou o trabalho dos voluntários, em especial da Igreja Universal. Segundo ele, são 18 mil pessoas atuando como voluntárias, além da distribuição de 44 mil marmitas e de 33 toneladas de doações. Ele ainda manifestou preocupação com as pessoas abrigadas em escolas. "É preciso encontrar locais para acomodar estas pessoas, que terão de deixar as escolas em breve." (MAM).
REALOCAÇÃO - Cassiá Carpes (Cidadania) disse que é fundamental encontrar áreas seguras na cidade para realocar as pessoas que não poderão retornar para suas casas. Lembrou que a Prefeitura, por exemplo, tem mais de 3 mil imóveis de sua propriedade. Sobre as emendas impositivas, disse que é favorável a abrir mão delas este ano. "O importante é ajudar a sociedade." (MAM)
RECUPERAÇÃO - Mari Pimentel (Republicanos) questionou o que ocorrerá na próxima fase de recuperação das enchentes. Ela cobrou que o Executivo apresente uma política pública habitacional para as pessoas desabrigadas e pediu que haja aluguel social. "Achar que a Prefeitura vai conseguir construir uma mini-cidade no Porto Seco é uma utopia", disse, chamando a proposta de "mirabolante". Também criticou as falhas no sistema de bombas, que causaram alagamentos em áreas centrais. (JFC)
MANUTENÇÃO - Biga Pereira (PCdoB) disse que os eventos climáticos extremos registrados nos últimos meses exigiam a tomada de medidas preventivas e afirmou que houve falta de manutenção no sistema de prevenção de cheias. "Espero que a Prefeitura apresente seus planos, suas estratégias", cobrou, sugerindo que a Câmara promova um debate com a "inteligência técnica e científica da cidade" para tratar da reconstrução da Capital. Disse ainda que as pessoas desabrigadas não podem ser segregadas em um gueto. (JFC)
ISENÇÃO - Tiago Albrecht (Novo) disse que "faltam palavras" para descrever os momentos pelos quais a Capital está passando. Afirmou que a crise terá três etapas: após o resgate, haverá a volta e a reconstrução, sendo esta última "talvez a mais difícil". O vereador sugeriu um debate sobre a isenção de IPTU e ISSQN para residências e empresas das áreas afetadas. (JFC)
ANIMAIS - Lourdes Sprenger (MDB) destacou que Porto Alegre está dando amparo a pessoas desabrigadas vindas de outros municípios. Valorizou os resgates de animais feitos após a saída das famílias de suas residências. "É uma população imensa" de cães e gatos, ressaltou. Disse que a Prefeitura não tem veterinários suficientes para dar conta da situação. (JFC)
AÇÃO - Giovani Culau e Coletivo (PCdoB) compartilhou sua solidariedade com Porto Alegre e o Rio Grande do Sul. “Temos que traduzir nossa solidariedade em ação política”, e que isso precisa gerar uma mudança de paradigma, que evite o negacionismo climático. “Não dá pra dizer de novo que fomos pegos de surpresa”, criticou. Ele ainda cobrou dos líderes de governo e oposição a contratação de força de trabalho para reconstruir o que foi destruído. (ABC)
DRENAGEM - Airto Ferronato (PSB) falou da questão da drenagem dos rios e que tudo deságua no Guaíba. “Muita gente propõe tirar o dique da Mauá e eu peço, pelo amor de Deus, parem com essa bobagem”, afirmou. O vereador falou da importância da reforma e ampliação das 23 casas de bomba de Porto Alegre, do contrário, segundo ele, a situação vivida vai se repetir. Ele sugeriu também melhorar o sistema de proteção da cidade contra enchentes. “A falta de manutenção do sistema de drenagem de Porto Alegre não é de hoje, vem de muito tempo”, finalizou. (ABC)
DEMAGOGIA - Conselheiro Marcelo (PSDB) observou que o momento não é de fazer demagogia em cima da desgraça das pessoas. Revelou que é um dos milhares que teve de sair de casa por causa da enchente e que, após deixar sua residência, voltou ao local para resgatar outros desabrigados na região do Humaitá. "Mas, infelizmente, vi políticos chegando lá e pedindo um barco porque queriam tirar fotos." (MAM)
FUTURO - Comandante Nádia (PL) ressaltou que, além de cuidar daqueles que perderam suas casas, é preciso pensar no futuro da cidade. O novo Plano Diretor, observou ele, terá de prever novas áreas de moradias para quem ficou sem lar. Acrescentou que a economia também necessitará de apoio. "Muitos negócios colapsaram. Muitas pessoas ficaram sem emprego ou renda." (MAM)
ZONA SUL - Gilson Padeiro (PSDB) saudou os voluntários que estão trabalhando "para dar dignidade às pessoas que perderam tudo". Narrou a subida do Guaíba na zona Sul e a abertura às pressas de um abrigo em um ginásio na região. Disse que a estrutura exige trabalho 24 horas por dia para cuidar das mais de 100 pessoas abrigadas. O vereador ressaltou que a zona Sul não conta com proteção para o aumento do nível da água do Guaíba. (JFC)
CALAMIDADE - Ramiro Rosário (Novo) disse que "a sociedade está funcionando como um organismo vivo, sem comando central", por conta do tamanho da calamidade no estado. Sugeriu que a Câmara faça repasses à Prefeitura com destinação específica, com recursos concentrados em áreas menos contempladas por doações. Disse ainda que a cidade terá que fazer "um debate profundo e muito duro" sobre a ocupação para moradia das Ilhas e de partes do 4° Distrito. (JFC)
POLÍTICA - João Bosco Vaz (PDT) disse que a tragédia mostra o pior e o melhor do ser humano. Em sua visão, tal catástrofe poderia ter acontecido em qualquer governo, mas que foi com o prefeito Sebastião Melo e o governador Eduardo Leite. “Embora tenham pessoas querendo ganho político, isto não vai acontecer”, declarou. (ABC)
PÚBLICO - líder da oposição, Roberto Robaina (PSOL) falou sobre o problema da alimentação nos abrigos e também dos que estão abrigados nas casas de parentes. “As pessoas atingidas pelas enchentes o poder público precisa cuidar”, apontou. Sobre o negacionismo climático, observou que o debate sobre o clima é urgente, assim como ouvir as análises dos técnicos especializados no tema. “Nós necessitamos de uma reforma urbana e habitacional na cidade”, concluiu. (ABC)
FASES - Mauro Pinheiro (PP) avaliou que a enchente em Porto Alegre pode ser dividida em quatro fases: acolhimento dos desalojados, retorno das pessoas às suas casas, retomada da economia e recuperação da infraestrutura. Em todas estas fases, observou ele, a cidade precisará de ajuda externa, pois o poder público municipal sozinho não poderá resolver. "Como vereadores, temos de investigar as falhas mas temos também de buscar soluções, sem partidarismo." (MAM)
UNIÃO - Ao se manifestar em nome do governo municipal, Idenir Cecchim (MDB) elogiou os vereadores que participaram da sessão de hoje. Disse que demonstraram união em favor da cidade. Quanto à proposta de criação de uma cidade provisória no Porto Seco, esclareceu que não serão abrigadas 10 mil pessoas no local. "Os desalojados serão distribuídos em três ou quatro locais." (MAM)