Plenário

Sofia diz que trabalhou para transformar leis em direitos

Sofia se despediu da Presidência hoje Foto: Mariana Fontoura
Sofia se despediu da Presidência hoje Foto: Mariana Fontoura

A vereadora Sofia Cavedon (PT) se despediu hoje (2/1) da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre destacando que seu mandato à frente do Legislativo se pautou pelo projeto de transformar leis em direitos. "Uma Câmara aberta e permeável, que reconhece o conflito, constitutivo da democracia, que deles gesta os direitos, é a Câmara que procurei presidir", afirmou a vereadora. "Em 2011 palmilhamos esta cidade, imbuídos que estávamos da convicção de que, mais que examinar o mapa, tínhamos que tocar as nervuras deste corpo chamado cidade, se queríamos mais do que fazer leis, transformá-las em direitos."  

Citando o poema "O mapa da cidade", de Mário Quintana, Sofia observou que se o poeta, só de examinar o mapa, sentiu uma dor infinita, no tocar rostos, ouvir as falas, sentir os odores, ver os espaços tão precários, impensáveis para a dignidade humana, quase que experimentou esta dor. "E, nas mais inusitadas situações, revelamos muito da tão humana condição de resistência, de resignação, de indignação, de fibra e luta."

A vereadora destacou os problemas da cidade e a busca pela solução deles por intermédio da Câmara. "A vida no meio do lixo, a água que não corre na torneira, os ratos que atormentam as noites, a luz que não se mantém e mata, o esgoto que invade as casas, a noite passada na fila do posto de saúde, as horas passadas no aperto dos ônibus, a convivência com a violência, a infindável alegria das crianças – tudo ali, nas linhas do mapa, antes notícia, casos isolados, hoje parte de uma tessitura muito maior e complexa do que imaginamos."

Para Sofia, a consciência da injustiça torna mais urgente a tarefa de compreender e enfrentar os instrumentos que mantêm a desigualdade. "Ela nos impõe mobilizar consciências, mudar culturas e prioridades, desacomodar modos de gestão, repensar as políticas públicas. O que seria a democracia, não fora isto: o poder exercido para a dignidade humana, em nome principalmente de quem ainda não a tem?" 

Por fim, a vereadora agradeceu ao PT, aos colegas de bancada, aos companheiros da Mesa Diretora e aos cidadãos de Porto Alegre que, "ao me conduzirem por três vezes à Câmara, proporcionaram-me tamanha experiência, inclusive de ser prefeita em exercício por 13 dias – certamente os 13 dias mais extraordinários de minha vida na política – pelo poder de transformação da vida que este lugar contém."

Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)