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Superlotação do Conceição afeta pacientes de menor gravidade

Movimentação no HC começa cedo Foto: Bruno Todeschini
Movimentação no HC começa cedo Foto: Bruno Todeschini

O maior problema enfrentado pelo Hospital Conceição de Porto Alegre diz respeito à superlotação da ala verde da emergência. Mais de 250% da capacidade do espaço está comprometida com casos de saúde registrados como de menor gravidade pela instituição. Ao conferir as dependências do Hospital nesta quinta-feira (29/10), os vereadores da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) ouviram dos dirigentes que os pacientes de menor risco poderiam ser atendidos pela rede de atenção básica de Porto Alegre em vez de se dirigirem ao HC. “Casos que poderiam ser tratados nos ambulatórios e postos de saúde do Município acabam sendo absorvidos por nós”, justificou Jussara Cony – superintendente do
Grupo. “Mesmo com a lotação, nós não fechamos as portas para ninguém”, enfatizou.

No total, em média, são contabilizados por dia cerca de 137 pacientes na sala de emergência - dimensionado para 50 pessoas. Com a ajuda da Secretaria de Saúde da cidade, muitos dos que chegam ao Hospital são transferidos e realocados em outros pontos de saúde como o Hospital da Ulbra, para pacientes da região metropolitana, e os Hospitais Parque Belém e Vila Nova – na zona sul da Capital. As outras alas classificadas por cores perante a seriedade do problema, são mantidas sob controle pelos funcionários. “Transferimos os pacientes gravíssimos para a ala vermelha, que ocupa 83% da capacidade, e os pacientes de risco para a ala amarela – já com toda sua dimensão preenchida”, informou o gerente de pacientes externos, Alexandre Britto, baseado em dados levantados esta semana.

Para o presidente da Cosmam, vereador Carlos Todeschini (PT), a prefeitura precisa agilizar os convênios com os hospitais de apoio da cidade para que a demanda seja melhor distribuída entre eles. “O Município ajuda, mas é preciso fazer mais para desafogar os atendimentos. Uma saúde só é completa quando o conjunto de hospitais integrados respalda os atendimentos mais urgentes”, pontuou. Desde 2004, conforme afirmou Jussara Cony, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) aguarda a efetivação da parceria com a prefeitura para fazer a aquisição de 39 equipes de Saúde da Família e 15 equipes de Saúde Bucal para qualificar os serviços. “A ajuda da Câmara é imprescindível para pressionar o Executivo a agilizar este processo”, reiterou.

Dos 55 leitos disponíveis para a emergência do Hospital Conceição, 35 são para casos mais simples (área verde), 14 para os de risco (área amarela) e 6 para os casos críticos (área vermelha). “Quem chega aqui precisando de ajuda, consegue ser atendido e bem tratado pelos nossos servidores, ao contrário do que muitos pensam ao nos criminalizar. O GHC é a solução e não o problema”, protestou. Todos os atendimentos, cirurgias e internações do GHC são feitos integralmente pelo Sistema Único de Saúde e por cerca de oito mil funcionários. O Complexo Hospitalar é composto pelos hospitais Conceição, Cristo Redentor e Fêmina.

Receita

Com uma receita anual de R$700 milhões provenientes do Ministério da Saúde, o Grupo Conceição realiza 60% dos partos de Porto Alegre e 34% das internações do SUS da capital. “As pessoas criticam o grande valor dos recursos, mas desconhecem que eles são proporcionais aos serviços que prestamos à sociedade”, argumentou Gilberto Barrichello, diretor administrativo e financeiro. Segundo ele, o Hospital funciona 24 horas acolhendo demandas de toda a região metropolitana. “Só Alvorada supre 11% dos atendimentos”, afirmou. Cerca de 55% são completadas por pacientes de Porto Alegre e o restante pelas demais regiões. Em 2008, de acordo com dados da direção, foram 29 mil internações registradas pelos hospitais. Os vereadores Dr. Raul (PMDB) e Lúcio Barcelos (PSOL) acompanharam a visita ao Hospital.

Ester Scotti (reg. prof. 13387)

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GHC superlota e quer discutir atenção básica pelo SUS