Cosmam

Trotes ao Samu passam de 300 mil por ano

Schiefferdecker (e) explicou aos vereadores o funcionamento do serviço  Foto: Fernanda Fell
Schiefferdecker (e) explicou aos vereadores o funcionamento do serviço Foto: Fernanda Fell

No ano de 2006, o telefone do Serviço de Assistência Móvel de Urgência (Samu) de Porto Alegre registrou o recebimento de 300.135 trotes pelo telefone 192 da prefeitura. A informação foi prestada nesta terça-feira (23/10) pelo coordenador municipal do Serviço de Urgências da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Sergio Schiefferdecker, durante reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal que discutiu o atendimento prestado pelo Samu na Capital.

Segundo Luciano Eifler, responsável técnico pelo Samu de Porto Alegre, os "chamados não pertinentes" são o maior problema enfrentado pelo serviço, pois tiram a agilidade no atendimento. "Apenas um indivíduo ligou 250 vezes ao Samu em apenas 24 horas", lamentou.

 

Schiefferdecker explicou que o Samu é um serviço de atendimento a pacientes em risco, implantado na Capital em 1995, nos mesmos moldes do serviço francês. "Desde 2005, incluímos Porto Alegre na Política Nacional de Urgência, implantada no país em 2002." Além do Samu, disse o coordenador, o atendimento de urgência em saúde pública, na Capital, está apoiado nos serviços prestados pelo Hospital de Pronto Socorro (HPS), Hospital Presidente Vargas (HPV) e pronto-atendimentos da rede municipal.

Schiefferdecker esclareceu ainda que os casos de acidente vascular cerebral (AVC) e de dor torácica são os dois principais nichos clínicos de atendimento em emergência do Samu. Ele explicou que os Pronto-Atendimentos da Vila Cruzeiro do Sul, da Lomba do Pinheiro e da Vila Bom Jesus estão adotando a classificação de risco internacional, que privilegia a gravidade do caso como critério para atendimento a pacientes, em substituição à ordem cronológica das solicitações. "Isso significa uma melhora considerável no atendimento prestado", afirmou.

 

O Presidente da Cosmam, vereador Dr. Raul (PMDB), destacou a importância do serviço prestado pelo Samu e lamentou os problemas decorrentes dos trotes. O vereador Aldacir Oliboni (PT), reconhecendo a qualidade do serviço, ponderou que existem algumas reclamações quanto à gestão do Samu. "Não se sabe, por exemplo, por que algumas regiões da cidade não recebem essa assistência." Também estavam presentes à reunião os vereadores Newton Braga Rosa (PP), Claudio Sebenelo (PSDB) e Márcio Bins Ely (PDT).

 

De acordo com Schiefferdecker, o Samu está apto a realizar até três atendimentos simultâneos de emergência, dispondo de 15 ambulâncias com 15 equipes, das quais três delas são unidades avançadas (equipe completa, com médico) e 12 são unidades básicas (sem a presença de médicos). "O primeiro atendimento no local visa à estabilização do estado do paciente", explicou Schiefferdecker, acrescentando que o tempo de resgate de pacientes pela ambulância é, em média, de 10 a 12 minutos.

Da média de 5.921 telefonemas recebidos ao mês pelo Samu, segundo o coordenador, apenas oito reclamações foram formalizadas à SMS. "É um serviço de muito risco e muito estresse. Trabalhamos com situações de ansiedade."

 

Durante a reunião da Cosmam, o enfermeiro da Samu Alexandre Kuplich reclamou estar sofrendo perseguição por parte da direção do serviço e denunciou que os enfermeiros estariam exercendo funções incompatíveis com a sua formação. "A legislação federal diz que partos devem ser realizados por obstetras e enfermeiros-obstetras. Não é atribuição legal dos enfermeiros fazer parto."

Dizendo-se surpreso, Schiefferdecker disse que não havia recebido nenhuma denúncia formal sobre o assunto e afirmou que o problema deveria ser discutido internamente pelo Serviço. Representando o Conselho Regional de Enfermagem do RS (Coren-RS), Ana Catarina Gíria também disse desconhecer a denúncia e propôs um debate entre Coren-RS, Samu e Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers) sobre o assunto.

 

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)