Plenário

Vereadores debatem condições da volta às aulas

Parlamentares fizeram questionamentos e sugestões durante presença da secretária municipal de Educação

  • Sessão Ordinária mista com participação do Secretário Municipal de Saúde Mauro Sparta. Na tribuna vereador Idenir Cecchim.
    Vereador Idenir Cecchim (MDB) (Foto: Jeannifer Machado/CMPA)
  • Sessão ordinária. Vereador Jonas Reis na tribuna.
    Vereador Jonas Reis (PT) (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Durante a sessão ordinária desta quarta-feira (17/2), que contou com a presença da secretária municipal de Educação, Janaina Audino, os vereadores e as vereadoras de Porto Alegre fizeram questionamentos e sugestões sobre o retorno às aulas da rede municipal de ensino. Confira as manifestações dos parlamentares:

 

DIÁLOGO - Jonas Reis (PT) saudou a ida da secretária Janaina Audino à Câmara para dialogar com os parlamentares e disse que o diálogo é “uma palavra de princípio para a educação”, significando construção coletiva. Neste sentido, seria importante ouvir o conselho escolar de cada instituição antes da reabertura das escolas. Para o vereador, também é preciso levar em consideração a nova realidade, com a presença de uma cepa mais contagiosa do coronavírus no Estado. Lembrando que as dezenas de milhares de crianças atendidas pela rede municipal de educação terão contato com outras pessoas na convivência familiar, no caminho da escola e no transporte escolar, fez apelo para que as aulas presenciais voltem apenas após os resultados da pandemia no retorno do Carnaval. (ALG)

 

FISCALIZAÇÃO - Para Daiana Santos (PCdoB), a questão em debate não é a reabertura das escolas, mas a segurança de como se fazer isso, principalmente a segurança dos alunos. Ela questionou como serão efetivados os protocolos apresentados pela Prefeitura diante de um cenário caótico que se avizinha. Para auxiliar no monitoramento desses protocolos, a parlamentar, que é sanitarista por formação, colocou-se à disposição para compor um grupo de fiscalização. “Sabemos bem a importâncias das escolas nas comunidades, mas isso tem que ser feito de forma muito segura e responsável”, afirmou. (ALG)


POLARIZAÇÃO
- Para Laura Sito (PT), a “corrosão democrática” que vivemos pode ter incitado uma falsa polarização sobre a volta às aulas. “O que temos é uma preocupação com que nossas crianças e adolescentes possam voltar em segurança às aulas.” Pontuando algumas preocupações, citou a pouca compatibilidade da prioridade de vacinação com o calendário de volta às aulas, destacando que os profissionais da educação deveriam receber a vacina antes do retorno. Também manifestou preocupação com a capacitação dos profissionais que atuarão nas escolas sobre o uso correto dos equipamentos de proteção individual e a segurança sanitária; sobre o agravamento do cenário da pandemia na cidade; e a respeito dos estudantes que necessitam de frequência para acessar benefícios sociais. (ALG)

 

COMPLICADO - Leonel Radde (PT) destacou que o momento é muito complicado, já que o número de internações por Covid-19 está aumentando e as aglomerações do Carnaval no Litoral farão com que os casos explodam justamente no período de volta às aulas. Citando que municípios vizinhos lançaram estratégias como o ensino híbrido, questionou qual o corpo de trabalho necessário para o retorno às aulas, independente da modalidade de ensino. Informou, também, que assinou pedido para que esses profissionais estejam no grupo prioritário da vacinação. O parlamentar ainda indagou sobre como será realizado o atendimento especializado aos estudantes com deficiência, destacando que “no último ano esses alunos voltaram à zona de invisibilidade”. (ALG)

IMUNIZAÇÃO - Mauro Zacher (PDT) destacou que a preocupação é de poder reparar o prejuízo ocorrido durante todo o ano na educação. “A imunização dos nossos professores é fundamental para o retorno às aulas. Que esse governo não desista de termos também uma educação remota.” Zacher disse também que outras capitais investiram em plataformas com uma educação de qualidade e disse ter certeza que essa gestão está no caminho certo. O vereador perguntou sobre a falta de vagas nas escolas infantis e convênios. Questionou se, no caso de um novo surto, haveria risco de nova suspensão. Ainda perguntou se, em relação aos professores que foram colocados aos sábados, não seria melhor avaliar o recesso no meio do ano e tirar a demanda deste dia. (PB)

 

VACINA - Bruna Rodrigues (PCdoB) lembrou que, no início da pandemia, os vereadores tiveram muitas propostas para que as crianças não perdessem o seu vínculo com a escola. “O poder municipal se omitiu e não cuidou das nossas crianças, e as merendas e as cestas básicas não foram distribuídas pelo governo municipal.” A vereadora disse conhecer a realidade das famílias e que esse prato de comida faz falta. “Sobre o trabalho educativo, tivemos uma grande perda. Não vi aqui ninguém falando que não quer a retomada das escolas e, sim, queremos a retomada de uma educação pública, com garantia de vacina.” Disse ter feito um pedido de providência ao Executivo para a criação de um centro de educação especial. (PB)

 

SURPRESA - Cassiá Carpes (PP) destacou que o Legislativo é heterogêneo e muitos colegas misturam ideologia com educação. Que não entende, até hoje, a complexidade do covid, mas da sua surpresa com muitos que sabem tudo. Referiu que alguns que não estavam na Casa na legislatura passada não sabem que colegas de suas bancadas defendiam o retorno das aulas após a chegada da vacina. Disse que tem gente pegando covid, até mesmo em hospitais, e que em algum momento, por mais cuidado, até que todos se vacinem, as pessoas terão a doença. Lembrou da falta de diálogo do governo anterior, "uma perda para a cidade", e que muitas crianças dependem da alimentação na escola. Por fim, pediu que passada a pandemia se discuta sua proposta de realização das olimpíadas escolares. (MG)

 

SOCIALIZAÇÃO - Idenir Cecchim (MDB) afirmou que, ao contrário de “vereadores cientistas”, a secretária demonstrou a realidade de como as escolas vão funcionar. Que não viu nenhum vereador crítico à reabertura das escolas mostrarem como estão vivendo as crianças em suas casas e comunidades. Destacou que as crianças "precisam de socialização". Que a escola, para elas, é o clube, o estádio, a academia; “a sua boa realidade”. Que não querem saber o porquê muitos professores não desejam retornar ao trabalho. Lembrou que ninguém falou que 77% dos internados em Porto Alegre não são da Capital; e que a maioria é idoso, pegou o vírus de alguém irresponsável que o levou para dentro das suas casas ou em asilos, que não frequentam escolas e nem locais de trabalho. (MG)

 

MUTIRÕES - Mariana Pimentel (Novo) ressaltou a sua participação em mutirões de trabalho no período de Carnaval juntamente com servidores da Smed e Smurb. Que lá não viu nenhum dos vereadores de oposição, capinando, higienizando e preparando o espaço para os alunos, mas viu diretores, professores, servidores e pais. Elogiou o trabalho da secretária e disse ter convicção de que as escolas estão preparadas para o retorno. Por fim, se colocou à disposição para debates futuros, sejam em plenário como na Comissão de Educação do Legislativo. (MG)

 

ACERTO - Mônica Leal (PP) disse que o prefeito acertou na escolha da secretária, “inteligente e preparadíssima”. Saudou seu equilíbrio e disposição ao diálogo e que a sua vinda à Casa, antes do reinício das aulas, vai evitar que, depois, digam inverdades. Citou a apresentação do plano, na terça passada, em reunião do prefeito com o secretariado, que demonstra integração e preparo do atual governo. Elogiou o fato de o plano municipal garantir que as escolas terão limite de 65% de ocupação da sua capacidade física e o cumprimento de distanciamento de 1,5m entre classes; e, também, o pedido de envolvimento das famílias na conscientização, pois as crianças, muitas vezes, "ensinam aos adultos cuidados com a saúde". (MG)

 

RETORNO - Mauro Pinheiro (PL) parabenizou o trabalho da secretária Janaína Audino e disse ser a favor da volta às aulas presenciais. “Já estamos há um ano na pandemia e não é mais possível abrir mão da educação. O município e o resto do país precisa retomar sim, buscando todos os protocolos e medidas de segurança.” Disse conhecer as dificuldades na falta da vacina, mas enfatizou que se deve priorizar as pessoas com mais necessidade e retomar as atividades econômicas. “A educação deve voltar o quanto antes. As crianças da periferia não estão dentro de casa, elas estão na rua, nas praças e nas sinaleiras. Sabemos o quanto a escola é importante para manter esse controle. Essa doença não é uma coisa simples, mas se nada for feito continuaremos perdendo pessoas por outros motivos.” (LMN)

 

TRANSMISSÃO - Alex Fraga (PSol) felicitou a secretária pelo cargo nesse momento difícil em que vivemos. “Não podemos fechar os olhos para a realidade, e não podemos arcar com a responsabilidade de agravar ainda mais o número de casos e de óbitos.” Como professor de área, disse que a circulação dos educadores entre as salas de aulas pode transformá-los no veículo de transmissão da doença. Por esse motivo, acredita na importância de incluir os professores na lista de prioridade no acesso à vacinação. Destacou também relatos envolvendo a falta de mantimentos de alimentação nas escolas e o tempo exíguo para realizar a limpeza necessária nas instituições. (LMN)

 

PRIORIDADE - Cláudia Araújo (PSD) mencionou o pedido de alguns profissionais para que o retorno às aulas presenciais fosse adiado em função da higienização de brinquedos. “Isso não é motivo para a educação infantil não reabrir. Ela é extremamente importante no vínculo entre as crianças.” Em relação a vacinação dos professores, afirmou concordar com a prioridade da imunização para os educadores, pois muito já se perdeu com as escolas fechadas. Para finalizar, questionou Janaína Audino: “Como será o retorno para as crianças com necessidades especiais que necessitam de atenção? Como ficarão as crianças desassistidas sem vagas?” Pediu também ajuda para que o prefeito sancione a essencialidade das escolas privadas infantis e falou sobre a distribuição dos kits escolares para as crianças. (LMN)

 

HÍBRIDO - Jessé Sangalli (Cidadania) observou o fato de que o Brasil é um dos últimos países a realizar a retomada da educação. “Entendemos a necessidade da retomada o mais breve, do modo que for possível, para garantir que essas crianças não fiquem desamparadas. Muitas vezes nos preocupamos mais com questões sindicais do que educacionais." Aproveitou o momento para direcionar uma pergunta para a secretária da Educação. “O modelo híbrido proposto pela prefeitura poderia se perpetuar ao longo do tempo, mesmo após o fim das medidas de isolamento? Seria uma forma de economizar recursos e de descentralizar o ensino, modernizando a educação.” (LMN)

Texto

Ana Luiza Godoy (reg. prof. 14341)
Priscila Bittencourte (reg. prof. 14806)
Milton Gerson (reg. prof. 6539)
Lara Moller Nunes (estagiária de Jornalismo)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400); Helio Panzenhagen (reg, prof. 7154)