Plenário

Vereadores debatem projeto que desestatiza a Carris

  • Vereadores Idenir Cecchim e Pedro Ruas
    Vereadores Idenir Cecchim (MDB) e Pedro Ruas (PSOL) (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Movimentação de plenário. Vereador Jonas Reis
    Vereador Jonas Reis (PT) (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

Durante os períodos destinados às Comunicações, às Lideranças e ao Grande Expediente, na sessão ordinária desta segunda-feira (30/8), os vereadores e vereadoras trataram, entre outros temas, do projeto do Executivo que propõe a desestatização da Carris. O tema foi tratado também no espaço da sessão destinado à Tribuna Popular.

CAOS - Pedro Ruas (PSOL) destacou que é que a cidade viverá um caos com o andamento deste projeto. “Quero acrescentar de forma enfática que isso, do ponto de vista da cidade, é desnecessário. Se há um problema na Carris grave e importante, poderia vir pra cá a sugestão do prefeito e nós auxiliaríamos. Vamos trabalhar aqui, verificar isso em conjunto. A Carris é a melhor empresa de transporte coletivo do Brasil, comparando público e privado. É um exemplo. Ela regula o transporte coletivo. Fica aqui, em nome da oposição, o nosso protesto. Uma situação caótica que será criada por conta de um compromisso de caráter ideológico com a base do governo.” (EB)

LUCRO - Para Aldacir Oliboni (PT), apenas governos neoliberais e capitalistas não sabem que a Carris é uma empresa pública e que deve, sim, ser preservada. “Após a liquidação da Carris, vai para as mãos de quem? Da iniciativa privada. Vão escolher as linhas que vão fazer para poder ter lucro.” O vereador defendeu ainda que o PDV seja realizado antes da liquidação da empresa para ter real noção de quantos funcionários vão aderir ao plano. Ele encerrou pedindo ao governo que dê mais prazo para construção do acordo, conforme pediu o presidente do sindicato. (EB)

TRANSTORNO - Roberto Robaina (PSOL) afirmou que o prefeito Sebastião Melo quer provocar transtorno e confusão na cidade de Porto Alegre, atacando a categoria profissional e produzindo desemprego de milhares de trabalhadores. “Temos outro plano, que garante transporte público e barato e que reduz a passagem de ônibus. Gostaríamos de discutir nesta semana com o governo sobre isto. Está claro que o governo não tem interesse real.” O vereador informou ainda que haverá greve geral dos trabalhadores na quinta-feira (2/9), aprovada em assembleia da categoria. (EB)

DEFESA - Bruna Rodrigues (PCdoB) entende que a crise do transporte público não é um problema só da Carris e não termina com o projeto de privatização da companhia, pois é preciso diálogo e debate para definir o tipo de transporte coletivo que se quer para a cidade. “A crise é profunda e atinge todos os usuários. Se tivéssemos a oferta de um transporte público com qualidade, pela iniciativa privada, quem sabe as manifestações em defesa da Carris fossem infundadas.” A vereadora disse ainda que “a iniciativa privada entrega uma frota sucateada, enquanto a Carris presta um serviço de qualidade, com ônibus limpos, ar condicionado e bancos melhores”. E acrescentou que o Executivo ficou de apresentar, mas ainda não divulgou, embasamento técnico para justificar o projeto de privatização. (GS)

PRIVATIZAÇÃO - Idenir Cecchim (MDB) afirmou que “acordo feito é acordo cumprido” e que, nesta semana, não será votado o projeto da desestatização da Carris. “Temos que ter muito cuidado quando jogamos os números ao vento, porque depois fica difícil recolher, e todos temos a obrigação de fazer aquilo que a sua base representa.” O vereador lembrou que o projeto de privatização, encaminhado pelo Executivo, não é de agora. “Ainda durante a campanha eleitoral o prefeito Sebastião Melo disse que precisava resolver problema do Carris, que não é problema causado pelos funcionários.” Falou que a crise do transporte público “vem desde os tempos do prefeito Olívio Dutra, quando houve a intervenção”. Cecchim afirmou que vai apoiar o projeto e que respeita opiniões contrárias. (GS)

EDUCAÇÃO – Jonas Reis (PT) salientou que sempre há uma escola pública perto da comunidade, mas que “muitos governantes nem sabem onde ficam, nem o que se passa dentro da escola, dos projetos pedagógicos e dos avanços da ciência e educação”. Disse que foi enviado para a rede municipal uma apresentação em power-point, com objetivo de propor mudanças, “mas sem base teórica, justificativas ou princípio claros”. Afirmou que, entre as novas medidas, está a retirada das cargas horárias das disciplinas de Filosofia, Língua Espanhola e História. “Será proibido pensar e, se não querem que o povo saiba o que aconteceu no passado, é porque querem reproduzir o que aconteceu.” Disse também que “como doutora em Educação, a secretária municipal deveria zelar pela educação e buscar a construção coletiva, com debate”. (GS)

ALERTA – Hamilton Sossmeier (PTB) disse que é preciso alertar a população em relação à diferença de preços dos produtos em promoção nos supermercados. ”Recebemos reclamações a respeito de valores do que está na gôndola e que não confere com o que é cobrado no caixa.” Ele sugeriu que, se possível, as pessoas pudessem ir em duplas aos estabelecimentos para facilitar a verificação de preços. “Dados recentes apontam que houve uma queda de 71,4% no rendimento das famílias neste período de pandemia e quem já tem baixa renda sofre mais com aumento da cesta básica e com os endividamentos”, salientou. (GS)

MOBILIDADE - Felipe Camozzato (Novo) debateu a mobilidade urbana, convidando todos a se interessarem por um melhor transporte coletivo para a cidade. "Me preocupo se formos discutir sobre o que a Carris oferece para a cidade, pois esses mais de R$500 milhões já dão o tom de como a Carris pesa no bolso. É um risco manter uma estatal que não tem só o problema de estar envolvida em escândalos ou má administração, mas, sim, de usar o dinheiro de quem mais precisa para cobrir seus déficits". Afirmou que o orçamento da Carris é quase o orçamento da pasta municipal da Segurança. Destacou ainda que os vereadores da oposição, que criticam o governo Sebastião Melo, estavam ao lado do prefeito para "aparecer na foto" da entrega do Museu do Hip Hop, que ocorreu no último final de semana. (GA)

ALTERNATIVAS - Matheus Gomes (PSOL) disse que Felipe Camozzato (Novo) deve respeitar o movimento hip hop quando sobe na tribuna. "O museu representa uma conquista de décadas de lutas do movimento para desenvolver sua expressão cultural na nossa cidade." Sobre o tema do transporte, afirmou saber que a crise é real, mas querem discutir alternativas. "Privatizar a Carris, rever isenções e extinguir os cobradores não é a solução. Precisamos do transporte coletivo e público, e não do transporte individual. Além disso, Porto Alegre precisa também de responsabilidade socioambiental como elemento estratégico para o transporte público." Terminou sua fala destacando que a greve que deve ser iniciada pelos funcionários da Carris na próxima quinta-feira é justa e legítima. (GA)

CUSTO - Comandante Nádia (DEM) criticou vereadores "que exigem mas não sabem de onde saem as coisas". Falou que a Carris custa no mínimo 22% a mais do que as operadoras privadas, obrigando a passagem a ficar mais cara. Provocou que vereadores da oposição comprem a Companhia e façam algo melhor do que está hoje. "Quero que assinem um documento os vereadores que dizem que a Carris não é deficitária e que o prefeito não precisa repassar R$ 6 milhões para a Carris por conta do déficit. Abram as planilhas, estudem e vejam por que a passagem está nesse valor. Quero completar falando também da melhoria do sistema urbano, que não ouvi nenhuma proposta", disse ao citar medidas que estão sendo tomadas pelo Executivo. (GA)

PASSAGEM - Moisés Barboza (PSDB) diz lamentar usar o tempo de liderança para fazer um comentário sobre o absurdo de desrespeito ao dinheiro público. Na tela, pediu para que colocassem oa valores cobrados de passagem aérea para sua ida a Brasília. "Peço providências ao presidente e entendo que a mesa diretora está debruçada sobre isso. Cobraram R$ 12 mil para ir e voltar. Cotamos num aplicativo na véspera da viagem e deu R$ 3 mil o mesmo trecho. É inaceitável. Quis adiantar meu retorno e me cobraram mais R$ 700. Isso é dinheiro público, cobraram quatro vezes mais só porque é dinheiro público." (GA)

FARMÁCIAS - Mauro Pinheiro (PL) saudou o trabalho dos legisladores que, em 2019, aprovaram projeto de lei autorizando as farmácias a executarem serviços como a vacinação. Lembrou que, na época, ao se posicionar favorável à matéria, viu parlamentares contrários, alegando que a iniciativa do governo iria acabar com a atividade pública, em prejuízo da saúde dos porto-alegrenses. Observou que. com a pandemia, hoje se vê que a decisão foi acertada, pois as farmácias, junto com as unidades básicas, estão prestando excelente trabalho. “E, no caso das farmácias, sem custos para os cofres públicos.” Para Pinheiro, iniciativas como essa, em que se une o público e o privado, geram mais qualidade ao atendimento à comunidade. “Nem tudo precisa ser estatal; as coisas tem que ser públicas, mas não necessariamente estatais”, finalizou, cobrando coerência no discurso de colegas. (MG)

LIBERDADE - Cláudio Janta (SD) também cobrou coerência de colegas e dos que são contra a vacina. Citou o caso de Caleb Wallace, líder de movimento antimáscara e antivacinas dos Estados Unidos, que morreu no último sábado (28/8) vítima da covid-19. Janta lembrou que o direito individual de quem não quer se proteger acaba quando este invade o direito coletivo. Citou os números da pandemia, que no Brasil já contaminou 20,7 milhões de pessoas e matou mais de 579 mil, e justificou que o debate pela liberdade deve ser usado para combater o alto custo dos impostos, do preço do gás de cozinha, do arroz e do feijão, mas que o Estado deve regrar quando há interesse coletivo nos cuidados relacionados à pandemia. Afirmou que defende a abertura das atividades culturais, esportiva e de lazer para quem estiver em dia com o controle vacinal e homenageou os que morreram pela covid19. (MG)

RECONHECIMENTO - Moisés Barboza (PSDB) destacou a importância da continuidade de projetos, obras e reconhecimento dos feitos das gestões anteriores. Citou o lançamento da obra de conclusão da RS-118, que ligará o Lami à Região Metropolitana, anunciada hoje pelo governador Eduardo Leite, como exemplo. Lembrou que, em Porto Alegre, o governo Marchezan também deixou seu legado, assim como os governos que o antecederam, que agora vem tendo prosseguimento na atual administração, e fez referência à PPP da Iluminação, o retorno dos relógios de ruas e da instalação de placas nas ruas, da implantação dos Caps AD4, do novo trecho da Orla, da ampliação de leitos hospitalares e da ativação das duas usinas de asfalto. Afirmou que será a favor do que for bom para a cidade e que a raiva e polarização não devem ser colocadas como ferramentas políticas. (MG)

GUARDA – Alexandre Bobadra (PSL) defendeu a realização de novo concurso público para a Guarda Municipal. Também o apoio a PEC 275 que tramita no Congresso Nacional, que assegura o reconhecimento das guardas municipais nas forças de segurança. Disse que a cidade ficará mais segura com uma Guarda fortalecida e combativa, que pode, além de cumprir sua função constitucional de proteger o patrimônio, agir no combate de crimes de menor potencial ofensivo e trazer maior segurança à população. Questionou o motivo de ter a Brigada Militar em separado da EPTC e da Guarda. Afirmou que a Guarda pode somar no controle da criminalidade como já se percebe em cidades menores. “Imaginemos estarmos com 100 guardas no centro da cidade, nas ruas, trazendo segurança às pessoas”, projetou (MG)

Texto

Elisandra Borba (reg. prof. 15448)
Glei Soares (reg. prof. 8577)
Grazielle Araujo (reg. prof.12855)
Milton Gerson (reg. prof. 6539)

Edição

Carlos Scomazzon (reg. prof. 7400)