INSTITUCIONAL

Vereadores ouvem demandas de pessoas afetadas pela enchente no Sarandi

  • Reunião Pública da Câmara Municipal no bairro Sarandi para tratar sobre prejuízos decorrentes da enchente.
    Reunião ocorreu no Clube Comercial Sarandi (Foto: Ederson Nunes/CMPA)
  • Reunião Pública da Câmara Municipal no bairro Sarandi para tratar sobre prejuízos decorrentes da enchente.
    Mauro Pinheiro conduziu o encontro (Foto: Ederson Nunes/CMPA)

A Câmara Municipal de Porto Alegre realizou uma reunião pública no bairro Sarandi na tarde desta sexta-feira (14) para ouvir as demandas da população afetada pela enchente. O encontro ocorreu no Clube Comercial Sarandi e foi conduzido pelo presidente do Legislativo, vereador Mauro Pinheiro (PP).

Reivindicações

A comunidade presente na audiência fez questionamentos sobre o cadastro para acesso aos benefícios do governo federal, estadual e municipal. Houve reclamações sobre burocracia, como um formulário da Prefeitura para receber o Auxílio Reconstrução, que foi chamado de “complexo”.

A população apresentou demandas de moradia. Pediram uma solução definitiva para as pessoas que moravam em casas em cima do dique – as quais foram demolidas – e ainda não sabem para onde irão. Pediram encaminhamento de uma solução para quem não conseguirá voltar para seu antigo imóvel. Destacaram que as casas precisarão de reformas devido ao período em que ficaram submersas e pediram doação de materiais de construção. Houve, ainda, queixas sobre a proposta de construção de uma cidade provisória no Porto Seco.

Houve reclamações sobre a presença de esgoto nas ruas do bairro durante a enchente. Os moradores pediram aos parlamentares que cobrassem o prefeito Sebastião Melo pela demora na solução do problema do bairro, que ficou 40 dias abaixo d’água, e pela situação do dique do Sarandi e do dique da Fiergs. Os moradores reclamaram de inação e acusaram o poder público de descaso em relação ao problema dos diques, que já era conhecido antes das enchentes. Eles acusaram falhas nas casas de bomba e pediram uma previsão de conserto das estruturas. Também fizeram questionamentos sobre a situação da rede pluvial do bairro, tendo em vista a previsão de chuva forte nos próximos dias. Reivindicaram que a região seja abastecida com bombas e geradores para não haver problemas na drenagem.

Os residentes cobraram indenização pelas perdas, se disseram preocupados com empregos e empresas da região e pediram ajuda para a retomada da economia do bairro. Houve relatos de que partes da área ainda estão inacessíveis. Eles destacaram que a situação do bairro é precária, com lixo acumulado nas ruas, e cobraram ações efetivas e urgentes. Os moradores ressaltaram que a população do bairro também perdeu suas memórias, além dos prejuízos materiais.

O público presente na audiência manifestou preocupação com leptospirose e outras doenças associadas à enchente e cobrou ações de saúde na região. Os residentes também agradeceram aos parlamentares por irem até o bairro para ouvir a comunidade. Os vereadores se manifestaram após as cobranças dos moradores.

Respostas

“A revolta de vocês é totalmente pertinente”, reconheceu o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Mauricio Loss. Ele falou em uma “sequência de problemas” ao longo de décadas e disse que “o momento é de resolver, e não de procurar culpados”. Disse que a Prefeitura só identificou o rompimento do dique após a água baixar.

Loss defendeu o processo de intermediação do Executivo junto aos moradores das casas de cima do dique e disse que o bônus-moradia está sendo providenciado para essas pessoas. Ele afirmou que o problema do dique foi solucionado provisoriamente e que a Prefeitura fará obras para consertar a estrutura e aumentar a cota de inundação. Respondendo a questionamento dos moradores, disse que não há um prazo definido para a obra. De acordo com ele, o município precisará de auxílio financeiro do governo federal para realizá-la. Prometeu que as 23 casas de bombas estarão em funcionamento em breve.

O diretor do Dmae afirmou que as redes de esgoto da região “não estão tão danificadas quanto a gente imaginaria” e disse que a chuva prevista para os próximos dias “não é nada perto do que vimos em maio”. Alertou que há possibilidade de acúmulo de água nas vias, mas garantiu que o escoamento ocorrerá na sequência, em poucas horas.

Jorge Brasil, secretário de Desenvolvimento Social, respondeu a dúvidas sobre o cadastro para receber os benefícios. Ele disse que a Prefeitura está com atendimento presencial no Sarandi para atender a população afetada. 98 mil pessoas já foram cadastradas pelo Executivo para receber o auxílio do governo federal, disse. Ele também esclareceu que o auxílio de R$ 2 mil do governo estadual é exclusivo para quem está no CadÚnico.

A coordenadora da Saúde na região Norte, Bárbara Lima, afirmou que, apenas no Sarandi, foram cinco unidades de saúde afetadas. Três delas tiveram perda total, e não há previsão de reabertura, segundo ela. A Secretaria da Saúde está com dois postos avançados na região para atender a comunidade.

“Em termos de habitação, é uma tragédia como nunca havia ocorrido na cidade”, afirmou a secretária municipal de Habitação e Regularização Fundiária, Simone Somensi. Após o mapeamento inicial, a Prefeitura está elaborando planos de ação habitacional. Ela relatou que há 35 mil casas danificadas e 12 mil destruídas na Capital: “São números impactantes. Esse é o tamanho do problema que vamos ter que resolver em Porto Alegre”, alertou. Disse que a Prefeitura está buscando recursos para a habitação junto ao governo estadual e federal.

Ela destacou que a Prefeitura conta com o programa Compra Compartilhada, em que a Caixa adquire imóveis e aloca famílias, conforme a demanda. Também estão sendo desenvolvidos projetos de casas rápidas e de retrofit de prédios públicos. O Executivo criou, ainda, o auxílio Estadia Solidária, com duração de um ano, para quem teve perda total em seu imóvel.

O diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Carlos Hundertmarker, detalhou o trabalho de limpeza feito pela Prefeitura na cidade. Ressaltou que o departamento trabalhou com operações simultâneas nos bairros da região central e, posteriormente, após a água baixar, também na zona Norte, com reforço nas equipes. Garantiu que o DMLU irá voltar à região tantas vezes quanto forem necessárias. Ele destacou que a Prefeitura contratou, de forma emergencial, ao custo de R$ 19 milhões, um aterro sanitário em Gravataí para a destinação dos resíduos com capacidade para até 180 mil toneladas. Já foram recolhidas 61 mil toneladas na Capital, ressaltou.

Texto

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)

Edição

João Flores da Cunha (reg. prof. 18241)